quinta-feira, 15 de agosto de 2013

‘Financial Times’ defende aproximação de Brasil com UE


Para a publicação, o Mercosul fracassou na tentativa de ser uma resposta da América do Sul à integração europeia

15 de agosto de 2013 | 9h 33

Fernando Nakagawa, correspondente da Agência Estado
LONDRES - O jornal britânico Financial Times defende em editorial, nesta quinta-feira, 15, a aproximação entre Brasília e Bruxelas para um eventual novo acordo comercial entre o Brasil e a União Europeia. Para a publicação, o Mercosul fracassou na tentativa de ser uma resposta da América do Sul à integração europeia e, diante de medidas protecionistas, alguns classificam o grupo apenas como um fórum "anti-gringo".
"Em 1991, quando o Brasil se juntou a três de seus vizinhos para fundar o Mercosul, o pacto foi saudado como uma resposta da América do Sul para a integração europeia. É uma marca do fracasso que, 20 anos após o bloco começar a negociar com a UE, Brasília está agora tentando fazer o seu próprio acordo com Bruxelas", diz o editorial.
Para o FT, o Mercosul tem sido "vítima de circunstâncias". Quando o bloco foi criado, diz o texto, as instituições da região "ainda estavam na infância" e a crise econômica na Argentina acabou por deflagrar um "ciclo vicioso de protecionismo e retaliação". "Sem surpresa, esta aliança rebelde assinou alguns acordos com estranhos", diz o editorial, sem citar os parceiros comerciais.
Outra crítica ao bloco é em relação ao aspecto político. "No ano passado, o Paraguai foi expulso aparentemente em reação à queda abrupta do presidente do país. O objetivo real, no entanto, pode ter sido contornar a oposição paraguaia à entrada da socialista Venezuela. Para muitos, o grupo tornou-se um pouco mais do que um fórum anti-gringo", diz o texto.
O FT reconhece, porém, que a sinalização de que Brasília estaria disposta a conversar com Bruxelas sugere que o "quadro está mudando". "Em parte, isso ocorre porque os exportadores do Brasil - como em outros países que alcançaram o status de renda média - deixarão de se qualificar para o acesso automático ao mercado europeu em condições privilegiadas. Ao mesmo tempo, economias ocidentais estão procurando alternativas ao comércio internacional estagnado", diz. Diante do quadro, se não reagir, diz o FT, "o Brasil corre o risco de ser deixado para trás".

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