quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A sociedade desarmada contra os criminosos

Como um benefício claro e intencional aos fora da lei, o Estatuto do Desarmamento vem contribuindo para que os crimes que poderiam ser evitados mediante a certeza de que seriam repelidos antes que se concretizassem aconteçam inevitavelmente.
A simples suposição de que a vítima pudesse estar armada e disposta a matá-lo, faria com que o meliante pensasse 10 vezes antes de se permitir cometer um delito contra a vida de algum cidadão. Hoje, com a absoluta certeza de que ninguém será obstáculo aos seus desejos criminosos, os bandidos saem à caça de suas vítimas como se fossem passarinhos indefesos e fáceis de serem predados.
A polícia se desdobra para combater criminosos armados para enfrentar um exército e ainda sai vitoriosa...por enquanto!
Graças aos desgraçados que sentem o prazer sádico de ver pessoas sendo trucidadas todos os dias nas mãos sangrentas de marginais, o crime se espalha como uma peste negra por todo o território nacional sem que ninguém tome uma providência.
Não existe mais nenhuma barreira que impeça os homicídios, latrocínios, estupros, sequestros e tráfico de drogas. Os marginais estão soltos para cometer os mais bárbaros delitos apoiados por leis fracas e magistrados desprovidos de vontade de fazer cumprir essas leis.
Quando surge alguém disposto a combater os crimes é logo trucidado e fica por isso mesmo, como se a vida humana não mais valesse nada. Até quando permitiremos esse genocídio sem limites? Que povo é esse que sente prazer em ser aniquilado?

O Editor

terça-feira, 30 de agosto de 2011

A instrumentalização das Forças Armadas


No Brasil, o PT está usando a tese de Louis Althusser para instrumentalziar o Estado em seu próprio benefício.

A partir da década de 1970 foi sendo popularizado o conceito de Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE) desenvolvido pelo filósofo marxista Louis Althusser. No livro Aparelhos ideológicos de Estado, um livro muito popular entres os marxistas, Althusser defende a tese que o Estado é uma entidade autônoma e quase absoluta, uma espécie de semi-Deus. Por causa disso o Estado controla, planeja e orienta tudo dentro da vida social. E o Estado realiza essa gigantesca tarefa por meio dos Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE). Para Althusser, o Estado usa os AIE para orientar e controlar a cultura e as consciências individuais. Para ele os principais AIE são a escola, a religião, a família, o poder político, especialmente o parlamento, e a mídia. No entato, Althusser faz uma ressalva em sua teoria. Para ele os Aparelhos Ideológicos do Estado estão a serviço apenas da burguesia e da elite econômica. As outras classes sociais, sejam quais forem, por algum princípio que o próprio Althusser não explicou, se, por acasso, tomarem o poder político não usarrão os Aparelhos Ideológicos do Estado.

É claro que a burguesia faz uso dos Aparelhos Ideológicos do Estado. Desde a antiguidade greco-romana que o Estado faz uso de estruturas não estatais para colocar em prática suas políticas e sua forma de organização social. Por causa disso, desde o mundo antigo existe uma luta antagônica entre o Estado e a sociedade civil. Todavia, há duas possibilidades de se compreender a tese de Althusser. Primeira, ele é um filósofo muito ingênuo, pois acredita que apenas o Estado burguez faz uso dos Aparelhos Ideológicos do Estado. Segunda, na condição de filósofo marxista e, logo, preocupado com a tomada do poder pela esquerda, ele está dando conselhos de como a esquerda deve controlar o Estado e, quase que ao mesmo tempo, a sociedade.

No Brasil parece que a segunda possibilidade está sendo posta em prática, desde que o PT chagou ao poder. O PT é um partido que está tentando aparelhar o Estado, ou seja, tornar amplos setores do Estado como parte integrante, íntima, do próprio partido. Com isso, não haverá mais diferença entre o PT e o Estado. Será o PT-Estado ou o Estado-PT. O PT abandonou o velho jargão que dizia que apenas o Estado burguês faz uso dos Aparelhos Ideológicos do Estado e, por sua vez, está aparelhando o Estado a seu gosto. O PT está transformando o Estado na sua própria imagem e semelhança.

O mais recente capítulo da tentativa de instrumentalização do Estado por parte do PT diz respeito às Forças Armadas. E esse capítulo teve seu ponto mais forte com a nomeação e posse de Celso Amorim como ministro da defesa. Celso Amorim é um velho marxista, que sempre acreditou e lutou pelas teses de dominação de classe pregadas pelo marxismo.

É preciso recordar o velho sonho, nutrido pela elite esquerdista nacional, de transformar o Brasil numa espécie de grande Cuba. O Brasil seria, em tese, a grande nação marxista da América Latina e talvez do mundo. Essa elite pensa da seguinte forma: o marxismo trouxe fome, morte e destruição para diversos países no mundo, mas no Brasil será tudo diferente. O Brasil será finalmente o paraíso marxista, onde haverá uma saudável ditadura do proletariado e a democracia, um valor burguês decadente, será esquecida e enterrada.

Uma das estruturas sociais que podem atrapalhar os planos da esquerda nacional e internacional para o Brasil são as Forças Armadas. Apesar de todos os problemas que as Forças Armadas enfrentam (baixos salários, falta de equipamentos, deficiência na formação dos oficiais, etc), elas ainda são um fator de proteção nacional e um empecilho ao projeto de dominação total do Estado por parte do PT e da esquerda.

A ida de Celso Amorim, um estrategista da esquerda e um marxista radical, ao comando das Forças Armadas visa, entre outras coisas, minar essa resistência. Na verdade o PT está colocando em prática o plano de infiltração e controle das altas esferas do Estado. E, com isso, instrumentalizar o Estado em seu próprio benefício, criando o tão sonhado “Estado-PT”.

O projeto de Celso Amorim não é o de reequipamento e modernização das Forças Armadas. Pelo contrário, ele deseja fazer com que elas deixem de ser forças de segurança nacional e, por isso, defensoras do povo brasileiro, e passem a ser partes do PT – serão as FA do PT – e, por causa disso, defendam os interesses do PT e não da nação. Estamos diante do maior projeto de instrumentalização das formas armadas nacionais. Parece que a tese de Louis Althusser de que os Aparelhos Ideológicos do Estado (AIE) estão a serviço apenas da burguesia, está errada. No Brasil, o PT está usando a tese de Louis Althusser para instrumentalziar o Estado em seu próprio benefício. E o mais recente capítulo dessa instrumentalziação é das Forças Armadas.


Ivanaldo Santos, filósofo e professor na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, é autor de oito livros.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

O GOVERNO PARALELO DE DIRCEU. E DILMA SABE DE TUDO

27/08/2011

às 9:01


Dá pra entender o estresse de ontem de José Dirceu. A reportagem de capa da revista VEJA revela que membros do primeiro escalão do governo, dirigentes de estatais e parlamentares - INCLUSIVE UM DA OPOSIÇÃO - se ajoelham aos pés do cassado, a quem ainda chamam de “ministro” e prestam reverências. É isto mesmo: o deputado defenestrado, o homem processado pelo STF e acusado de ser chefe de quadrilha é tratado por figurões de Brasília como um chefão — o Poderoso Chefão. Dirceu está bravo porque a reportagem é devastadora para a reputação da República e deveria ser também para ele e para aqueles que fazem a genuflexão. Vamos ver. Uma coisa é certa: a presidente Dilma sabe de tudo; tem plena consciência de que seu governo é assombrado e monitorado — às vezes com tinturas claras de conspiração — por um ficha-suja.

A reportagem de Daniel Pereira e Gustavo Ribeiro está entre as mais importantes e contundentes publicadas nos últimos anos pela imprensa brasileira. Ela desvenda o modo de funcionamento de uma parte importante do PT e os métodos a que essa gente recorre. E traz detalhes saborosos: podemos ver as imagens das “autoridades” que vão até o “gabinete” de Dirceu, montado no Naoum, um hotel de luxo de Brasília, onde se produz, nesse caso, o lixo moral da República. VEJA conseguiu penetrar no cafofo do Muammar Kadafi da institucionalidade brasileira. Eis alguns flagrantes.

Dirceu chegando ao bunker. Pimentel e os senadores Walter Pinheiro, Delcídio Amaral e Lindbergh Farias: operação derruba-Palocci

Dirceu chegando ao bunker. Pimentel e os senadores Walter Pinheiro, Delcídio Amaral e Lindbergh Farias: operação derruba-Palocci

Anotem alguns nomes, cargos e dia do encontro:
- Fernando Pimentel, Ministro da Indústria e Comércio (8/6);

- José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras (6/6);
- Walter Pinheiro, senador (PT-BA) - (7/6);
- Lindberg Farias, senador (PT-RJ) - (7/6);
- Delcídio Amaral, senador (PT-MS) - (7/6);
- Eduardo Braga, senador (PMDB-AM) - (8/6);
- Devanir Ribeiro, deputado (PT-SP) - (7/6);
- Candido Vaccarezza, líder do governo na Câmara (PT-SP) - (8/6);
- Eduardo Gomes, deputado (PSDB-TO) - (8/6);
- Eduardo Siqueira Campos, ex-senador (PSDB-TO) - (8/6)

Esses são alguns dos convivas de Dirceu, recebidos, atenção!, em apenas 3 dias — entre 6 e 8 de junho deste ano. Leiam a reportagem porque há eventos importantes nesse período. É o auge da crise que colheu Antonio Palocci. Ele caiu, é verdade, por seus próprios méritos — não conseguiu explicar de modo convincente o seu meteórico enriquecimento. Mas, agora, dá para saber que também havia a mão que balançava o berço. Uma parte da bancada de senadores do PT tentou redigir uma espécie de manifesto em defesa do ministro, mas encontrou uma forte resistência de um trio: Delcídio Amaral, Walter Pinheiro e Lindbergh Farias - os três que foram ao encontro de Dirceu no tarde no dia 7. À noite, Palocci pediu demissão.

Dirceu, então, mobilizou a turma para tentar emplacar o nome de Cândido Vaccarezza para a Casa Civil. O próprio deputado foi ao hotel no dia 8, às 11h07. Naquela manhã, às 8h58, Fernando Pimentel já havia comparecido para o beija-mão. A mobilização, no entanto, se revelou inútil. Dilma já havia decidido nomear Gleisi Hoffmann.

VEJA conversou com todos esses ilustres. Afinal de contas, qual era a sua agenda com Dirceu? Gabrielli, o presidente da Petrobras, naquele seu estilo “sou bruto mesmo, e daí?”, respondeu: “Sou amigo dele há muito tempo e não tenho de comentar isso”. Não teria não fosse a Petrobras uma empresa mista, gerida como estatal, e não exercesse ele um cargo que é, de fato, político. Não teria não fosse Zé Dirceu consultor de empresas de petróleo e gás. Dilma não tem a menor simpatia por ele, e Palocci já o havia colocado na marca do pênalti. Mais um pouco de interiores?

Sérgio Gabrielli, Eduardo Braga e Devanir Ribeiro. Atenção! Este último é lulista...

Sérgio Gabrielli, Eduardo Braga e Devanir Ribeiro. Atenção! Este último é lulista...

Não está na lista de hóspedes. E a máfia
O governo paralelo de Dirceu ocupa um quarto no hotel Naoum. Seu nome não consta da lista de hóspedes. A razão é simples. Quem paga as diárias (R$ 500) é um escritório de advocacia chamado Tessele & Madalena, que também responde pelo salário de Alexandre Simas de Oliveira, um cabo da Aeronáutica que faz as vezes, assim, de ajudante de ordens do petista. Um dos sócios da empresa, Hélio Madalena, a exemplo de Oliveira, já foi assessor de Dirceu. O seu trabalho mais notável foi fazer lobby para que o Brasil desse asilo ao mafioso russo Boris Berenzovski. Essa gente sempre está em boa companhia. Foi de Madalena a idéia de instar a segurança do Hotel Naoum a acusar o repórter de VEJA de ter tentado invadir o quarto alugado pela empresa, mera manobra diversionista para tentar tirar o foco do descalabro: um deputado cassado, com os direitos políticos suspensos, acusado de chefiar uma quadrilha, montou um “governo paralelo”. A revista já está nas bancas. Leia a reportagem, fartamente ilustrada, na íntegra.

Abaixo, segue um quadro com todas as áreas de “atuação” do “consultor de empresas privadas” e “chefe de quadrilha”, segundo a Procuradoria Geral da República. Se Dilma não agir, será engolida. Poderia começar por demitir Pimentel e Gabrielli. Ou manda a presidente, ou manda José Dirceu.

dirceu-tentaculos


CARTA ABERTA À SENHORA DILMA ROUSSEFF




Não tenho pela senhora nenhuma simpatia, ao contrário, devoto aversão à sua ideologia e não condescendo com as suas ações, no passado. Aliás, abomino-as. Não sou sua eleitora e jamais desperdiçarei o meu voto com candidatos que professam doutrina tão solapadora das instituições como a do partido que lhe sustenta politicamente e como a dos demais, oportunistas, e tão nocivos quanto o seu.

Contudo, mesmo à custa do assistencialismo populista que lhe rendeu os votos de quem nem sabe o significado político de ‘eleição’, considero que, se a senhora venceu a disputa eleitoral, tem de manter-se, constitucionalmente, na presidência da nação e, constitucionalmente, governá-la.

Como pertenço ao eleitorado consciente, costumeiramente, tenho mostrado a minha indignação com a destruição das instituições mais caras da sociedade: a Família e a Educação, ambas atingidas pelo caos institucional que o seu antecessor, a senhora e seus ministros instalaram no país. Inserir nas escolas a negação dos valores históricos, éticos, morais e comportamentais, por meio de um conteúdo programático repleto de conceitos estimuladores da baixa estima do indivíduo, levando-o aos maus instintos na idade de formação, atinge também a família, pouco afeita a indignar-se e, o pior, pouco afeita a pensar.

Certamente, a Senhora e os seus correligionários têm, em mira, eternizar-se no poder, ao levar a infância a tornar-se promíscua em todas as atividades, inclusive, a sexual. Desta maneira, adquirindo a criança a marca da corrupção, será, quando adulto, o reflexo dos seus governantes e, portanto, seu eleitor vitalício.

Senhora Rousseff, se deseja imprimir ao seu governo um sinal particular, não dê as costas aos que lhe rodeiam e que lhe desejam, justamente, vê-la pelas costas. Não seja refém de nenhum partido e nem de seu padrinho político, andarilho desavergonhado que insiste em permanecer olheiro de compromissos internacionais que somente à Senhora, como presidente, e às Relações Exteriores, cabem resolver. Mas não. Lá surge o homem do nada, pois do nada é feito e nada representa para o país. Espaçoso e invejoso, fala em nome do governo que não lhe pertence mais.

Embora as deteste, só contará com as Forças Armadas para defender o seu mandato até o final. Sim, estas mesmas contra as quais a senhora vem contingenciando orçamentos, estas mesmas sobre as quais a senhora conta histórias pela metade, fazendo-se de mártir ante a massa eleitoral, estas mesmas às quais impõe um Ministro da Defesa, cujas ações diplomáticas chocam-se frontalmente com os interesses do Estado Brasileiro, defendido constitucional, cívica e ardorosamente pelos militares.

São elas, Senhora Dilma, as únicas com que pode contar, em caso de turbulência de seus assessores, em caso de sabotarem a sua decisão de governar sem a imundície das facilitações, deixada pelo lulismo devastador.

Se pretende levar a cabo a difícil tarefa de oxigenar o seu governo, contaminado pelos miasmas de oito anos de infecção; se deseja livrar-se dos que a cercam, os corretores da nação, e que já se mostram insatisfeitos com as suas frágeis demonstrações de independência em relação à torpe diretriz partidária, desejo-lhe sucesso na destruição desta praga cada vez mais avassaladora, mais larápia que política.

Da mesma maneira que se revoltou contra o governo militar que desenvolveu o país, a pretexto de instituir uma ‘democracia’, faça agora a sua parte, livrando-se de todos os que desejam derrubar a SUA democracia com o escancarado enriquecimento ilícito. Mostre que é boa revolucionária.

Para exercer o seu mandato, mais ou menos em paz, trave o seu padrinho político, ainda não consciente de que é um reles “ex-“, e reinaugure o que ele anda inaugurando por este Brasil afora, em plena campanha eleitoral antecipada. Mostre a ele e aos demais que, por ser feminista, pode pôr os homens para correr, até mesmo o histrião de Garanhuns.

Como vê, Senhora Rousseff, mais vale um adversário, abertamente declarado, do que seus‘amigos’, nada satisfeitos com a limpeza da casa que, aparentemente, a senhora deseja fazer. Olho neles e solte o dinheiro das Forças, porque, na hora que lhe nocautearem, será a elas que irá recorrer, para garantir a tranquilidade do Estado e, em consequência, garantir o cumprimento de suas próprias funções presidenciais. Pense nisso.

Apesar da antipatia que lhe dedico, boa sorte!




Aileda de Mattos Oliveira*

(15/8/2011)


(*Prof.ª Dr.ª em Língua Portuguesa , membro da Academia Brasileira de Defesa. A opinião expressa é particular da autora.)


O BRASIL EM 'BOAS MÃOS'




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Ex-ajudante de Papai Noel e ex-guerrilheiro comandam o Ministério da

Defesa
O ex-chanceler Celso Amorim e o ex-guerrilheiro José Genoino, o primeiro
como ministro da Defesa e o segundo como assessor especial, são exemplos de
coragem e patriotismo que servem de estímulo à tropa. Certamente os
militares devem estar muito satisfeitos, orgulhosos com a missão que têm de
defender o país. O Brasil está muito bem em termo de defesa, assim como
está no combate à corrupção (os corruptos estão com tanto medo da repressão
contra eles, que o verbo corromper só se conjuga no passado...).

Quando Evo Morales, também conhecido como “Evo Petrobale” ou “Evo Cocale”,

com seus bem nutridos soldados de 1,90m de altura, invadiram as instalações
da Petrobras na Bolívia e tomaram no grito a propriedade brasileira, Celso
Amorim, então ministro das Relações Exteriores, disse a Lula que Morales
estava no direito dele. Parece que Lula gostou do que ouviu e nada fez em
defesa da estatal brasileira. Como “prêmio” à “coragem” de “Cocale”, Lula
perdoou dívida de 52 milhões de dólares da Bolívia para com o Brasil e
ainda aceitou que o invasor aumentasse o preço do gás que vende para nós.

Celso Amorim também auxiliou Lula a ajudar o bispo mulherengo Fernando

Lugo a cumprir promessa de campanha pela Presidência do Paraguai. O bispo
Lugo, que não levava a sério as limitações do sacerdócio e “faturou” umas
devotas, engravidando várias delas, elegeu-se presidente do Paraguai
prometendo obrigar o Brasil a pagar o “preço justo” da energia que o país
dele nos “vende”, em decorrência da sociedade que tem na Hidrelétrica de
Itaipu. Lula aceitou a imposição do companheiro guarani e o Brasil passou a
pagar 300% a mais pela energia “comprada” do Paraguai.

O Paraguai é sócio do Brasil na Hidrelétrica de Itaipu. Como aquele país

consome apenas 5% da energia a que tem direito na sociedade, vendia o
restante ao Brasil pelo preço de custo. Fernando Lugo fez campanha e foi
eleito, acusando o nosso país de ser explorador. Ele teria razão, se não
fosse um pequeno detalhe: o Paraguai não gastou um único centavo com a
construção da mega hidrelétrica. Tudo foi suportado pelo contribuinte
brasileiro.

Para se ter uma ideia da dimensão de Itaipu, que continua sendo a maior

hidrelétrica do mundo, mais de 40 mil operários participaram da obra. Foram
13 anos de construção, sendo gasto 15 vezes mais concreto do que no
Eurotúnel que liga a Inglaterra à França. Aliás, 15 mil operários levaram
sete anos escavando a construção do Eurotúnel, porém o volume de escavação
na construção de Itaipu é 8,5 vezes maior do que o do empreendimento
europeu. Itaipu é tão grande que hoje, 26 anos depois de sua construção, o
Paraguai só consegue consumir 5% dos 50% da energia que lhe cabe na
sociedade.

Nessa sociedade, o país vizinho só entrou com a cara. É como se um

empresário convidasse um mendigo para construir um shopping no lugar onde
este dormia. O mendigo teria 50% de direito na sociedade, sendo que sua
quota financeira no empreendimento seria paga com o faturamento do shopping
quando entrasse em funcionamento. Mutatis mutandis (feitos os ajustes
necessários), foi isso o que aconteceu no referido empreendimento. O
Paraguai não teria a menor condição de arcar financeiramente, pois o
investimento representava várias vezes o seu PIB (Produto Interno Bruto).
Então o Brasil assumiu o ônus financeiro, sendo que a parte do Paraguai
ficou para ser paga com excedente da energia que lhe cabe na sociedade, e
não consegue consumir.

Pelo acordo, o Brasil comprava o excedente da energia a preço de custo,

sendo que a quitação da dívida do Paraguai ocorrerá no ano de 2023. A
compra pelo preço de custo era justa, pois o investimento fora realizado
apenas pelo contribuinte brasileiro. Não é razoável o Paraguai, que nada
investiu, querer ter lucro em cima do investimento brasileiro. É muito o
que aquele país já ganhou, porquanto desde a construção, no início da
década de setenta, ele vem se beneficiando, pois milhares de empregos
diretos e indiretos contemplaram tanto brasileiros como paraguaios, e a
estes só coube o bônus; alem disso, em 2023, com a quitação da dívida na
sociedade, o Paraguai será dono de 50% de um empreendimento de muitos
bilhões de dólares, várias vezes superior ao seu PIB.

Por ter cedido ao capricho do presidente Paraguaio, Lula onerou o

contribuinte brasileiro em 300% do valor da energia adquirida da quota do
Paraguai, cujo investimento foi brasileiro. O presente de Lula foi
aprovado pelo Congresso Nacional em maio desde ano. A “justificativa” para
a aprovação é que o aumento do valor da energia, que representará algumas
centenas de milhões de dólares a jorrar nos cofres paraguaios todos os
anos, não será repassado ao consumidor, pois os recursos sairão do Tesouro
Nacional. A pergunta que se faz é quem banca o Tesouro Nacional? É o Lula
com suas palestras? É o Celso Amorim com suas aulas? Ou...

É o espoliado contribuinte brasileiro que trabalha mais de cinco meses por

ano somente para pagar impostos e terá mais uma conta a ser suportada em
razão dos caprichos megalomaníacos de uma pessoa, que nunca deu duro para
estudar (há estudantes no interior da Amazônia que saem de suas casas 11
horas da noite para estudar no outro dia. Lula não precisaria fazer tal
sacrifício, mas ele preferiu não estudar...), bem como se aposentou muito
cedo, não sabendo como é duro trabalhar para pagar impostos.

A propósito, em apenas oito anos de mandato, Lula endividou o Brasil em um

trilhão de reais (dívida pública interna), o que representa mais de
seiscentos bilhões de dólares. Em 20 anos de governo, os militares
endividaram o país em 100 bilhões de dólares, ou seja, em apenas oito anos,
Lula endividou o Brasil seis vezes mais do que os militares endividaram em
20 anos de governo, sendo que os milicos fizeram várias obras gigantescas
como, por exemplo, a Hidrelétrica de Itaipu; enquanto Lula apenas prometeu,
mas não fez nenhuma obra de porte grande. A infraestrutura do país continua
a mesma do século passado. E mais. Ao contrário dos governos Sarney,
Collor, Itamar e FHC que passaram por situações de instabilidade econômica,
sendo necessário investir em vários planos econômicos, Lula não precisou
investir em nenhum plano, pois apenas continuou com o Real.

Pois é, além de Lula ter saído passeando pelo mundo, torrando o dinheiro

suado do imposto do contribuinte no luxuoso Aerolula, ele fazia muita
“caridade”, perdoando dívidas de países devedores do Brasil. A paixão dele
era por ditadores; por exemplo, ele perdoou dívida do Gabão, governado por
um ditador, acusado de possuir bilhões de dólares em paraísos fiscais. Se
não bastassem a roubalheira com a corrupção interna, os gastos astronômicos
com cabide de empregos e exageradas mordomias, o grande “estadista”
distribuía benesses mundo a fora. Tudo, claro, custeado pelo contribuinte
brasileiro.

Lula, o Papai Noel de ditadores, saiu, mas a conta ficou. A dívida interna

está quase chegando a dois trilhões de reais. A externa, que disseram ter
sido paga em 2005 (e muita gente acreditou...), está quase chegando a 300
bilhões de dólares. Os efeitos disso repercutem diretamente no emprego das
montanhas de recursos arrecadados com os impostos. Só nos cinco primeiros
meses do ano, foram arrecadados meio trilhão de reais. Grande parte desse
gigantesco recurso deve ter sido utilizada para pagar juros da dívida,
principalmente a interna, outra robusta parte deve ter vazado pelo ralo da
corrupção, uma parte menor, mas de bom tamanho, deve ter sido utilizada
para fazer publicidade, a fim de ocultar a verdadeira realidade, sobrando
muito pouco como retorno à sociedade. É por isso que o Brasil está com a
infraestrutura do século passado, e a educação, saúde, segurança e outros
serviços públicos são prestados em condições piores as de países do
Terceiro Mundo.

A propósito, no livro “Viagens com o Presidente”, editora Record, 2ª

edição, p.93, está registrado para que gerações futuras saibam, já que a
atual parece não querer saber, o critério utilizado pelo ex-presidente Lula
para “conquistar o mundo”. O registro consigna a grande importância do
atual ministro da Defesa, Celso Amorim, no magnífico trabalho desenvolvido
pelo ex-presidente, que hoje ensina o que fez nas suas palestras. Vejamos o
registro:

“Nas viagens internacionais, (Lula) tem outra mania. Logo no início do

trajeto de volta ao Brasil, chama o ministro Celso Amorim e um oficial da
Aeronáutica à sua cabine e, com a ajuda de um grande mapa-múndi, trata de
ficar imaginando quais poderiam ser as próximas nações a serem visitadas. A
rotina, então, é questionar Amorim sobre as características dos países
apontados por ele no mapa, e ao militar pergunta a respeito de questões
técnicas das rotas imaginadas, como escalas e trajetórias viáveis à
aeronave.”

Como se vê, Celso Amorimo, ex-ajudante do Papai Noel de ditadores, foi

muito importante no governo passado e agora o será no Governo Dilma, ainda
mais contando com o assessoramento do ex-guerrilheiro José Genoino. Para
quem não sabe, Genoino participou da chamada Guerrilha do Araguaia, ou
melhor, ele quase participou, pois antes mesmo que fosse dado o primeiro
tiro, o nosso herói desistiu da luta. Não só desistiu, como ajudou a seus
companheiros a desistir.

Havia cerca de 90 guerrilheiros na Selva Amazônica. Os militares não

tinham certeza da existência deles, então enviaram cerca de dez homens do
serviço de inteligência para a região. Quando os guerrilheiros souberam que
os milicos estavam na área, eles fizeram igual àqueles “corajosos”
trezentos e poucos bandidos, armados de fuzis, que fugiram do morro igual a
galinhas assustadas com medo da raposa, quando dois pequenos tanques com
duas dúzias de policiais subiram o morro. Os “valentes” guerrilheiros
fizeram o mesmo, tomaram doril e sumiram na densa selva, deixando para trás
o acampamento e um faminto cachorro vira lata.

Genoino foi pego no meio do caminho, interrogado pelos milicos, ele disse

que se chamava “Geraldo” e que era um caboclo da região. Os militares
pediram para ver a mão dele e observaram que era igual a do Lula (a mão do
caboclo é grossa, devido ao trabalho duro). “Geraldo” foi conduzido para o
acampamento abandonado. Lá chegando foi “dedurado” pelo vira lata que foi
para cima dele abanando o rabo e fazendo ruídos característicos de cães que
pedem desesperadamente comida. Com a certeza de que “Geraldo” não era
Geraldo, os militares disseram que se ele não colaborasse, seus
“documentos” seriam extraídos com o próprio facão (ele portava um facão na
cintura, quando foi pego) e serviriam de fonte de proteína para o animal
faminto.

Apavorado com o “argumento” dos militares, Genoino abriu o verbo. Informou

o nome falso que cada guerrilheiro usava, posição que ocupava na guerrilha
etc. Além disso, tirou foto e fez declaração a seus companheiros para que
se entregassem. O material foi confeccionado em panfletos e jogado de
helicópteros no meio da selva. A estratégia funcionou, a maioria se
entregou e quem não seguiu o conselho de Genoino virou presunto.
Portanto, Genoino tem todos os requisitos para o importante cargo que
exerce, inclusive foi condecorado em maio deste ano com a “Medalha da
Vitória”. Ele faz jus à condecoração, pois é um vitorioso, ponha vitorioso
nisso...

Com efeito, a experiência e o elevado espírito nacionalista do ex-chanceler Celso Amorim e mais a coragem do ex-guerrilheiro José Genoino,os brasileiros podem ficar tranquilos: a defesa do país está em boas mãos;boas, não, ótimas...
Manoel Pastana

Procurador da República e Escritor
www.manoelpastana.com.br


domingo, 28 de agosto de 2011

O bandidão e sua quadrilha


Há muitas histórias em torno das atividades do ex-ministro José Dirceu. Veja revela a verdade sobre uma delas: mesmo com os direitos políticos cassados, sob ameaça de ir para a cadeia por corrupção, o chefe da quadrilha do mensalão continua o todo-poderoso comandante do PT. Dirceu é um homem de negócios, mas continua a ser o homem do partido.

O “ministro”, como ainda é tratado em tom solene pelos correligionários, mantém um “gabinete” num hotel de Brasília, onde despacha com senadores, deputados, o presidente da maior estatal do país e até ministro de estado — reuniões que acontecem em horário de expediente, como se ali fosse uma repartição pública. E agora com um ingrediente ainda mais complicador: ele usa o poder e toda a influência que ainda detém no PT para conspirar contra o governo Dilma — e a presidente sabe disso.

O que leva personagens importantes e respeitáveis, como os que aparecem nas imagens que ilustram esta reportagem, a deixar seu local de trabalho para se reunir em um quarto de hotel com o homem acusado de chefiar uma quadrilha responsável pelo maior esquema de corrupção da história do Brasil? Alguns deles apresentam seus motivos: amizade, articulações políticas, análise econômica, às vezes até o simples acaso. Há quem nem sequer se lembre do encontro.

Outros preferem não explicar. Depois de viver na clandestinidade durante parte do regime militar, o ex-ministro José Dirceu se tornou habitué dos holofotes com a redemocratização do país. Foi fundador e presidente do PT, elegeu-se três vezes deputado federal e comandou a estratégia que resultou na eleição de Lula para a Presidência da República. Como recompensa, foi alçado ao posto de ministro-chefe da Casa Civil.

Foi um período de ouro para ele. Dirceu comandava as articulações no Congresso, negociava indicações de ministros para tribunais superiores, decidia o preenchimento de cargos e influenciava os mais apetitosos nacos da administração federal, como estatais, bancos públicos e fundos de pensão. Dirceu se jactava da condição de “primeiro-ministro” e alimentava o próprio mito de homem poderoso. Sua glória durou até que ele fosse abatido pelo escândalo do mensalão, em 2005, quando se descobriu que chefiava também um bando de vigaristas que assaltava os cofres públicos.

Desde então, tudo em que Dirceu se envolve é sempre enevoado por suspeitas. Oficialmente, ele ganha a vida como um bem-sucedido consultor de empresas instalado em São Paulo. Mas é em Brasília, na mais absoluta clandestinidade outra vez, que ele continua a exercer o seu principal talento.

A 3 quilômetros do Palácio do Planalto, Dirceu mostra que suas garras estão afiadas. Ainda é chamado de “ministro”, mantém um concorrido gabinete num quarto de hotel, tem carro à disposição, motorista, secretário e, mais impressionante, sua agenda está sempre recheada de audiências com próceres da República — ministros, senadores e deputados.

As autoridades é que vão a José Dirceu. Essa inversão de papéis poderia se explicar por uma natural demonstração de respeito pelos tempos em que ele era governo. Não é. É uma efetiva demonstração de que o chefão ainda é poderoso. Dirceu tenta recuperar o prestígio político que tinha no governo Lula, usando como arma muitos aliados que ainda lhe beijam o rosto. Convoca-os como soldados, quando necessário, numa tentativa de pressionar a presidente Dilma a atender a suas demandas. Ou torná-la refém por meio da pressão dos partidos. Esse trabalho de guerrilha — e, em alguns momentos, de evidente conspiração — chegou ao paroxismo durante a crise que resultou na queda de Antonio Palocci da Casa Civil.

Naquela ocasião, início de junho, Dirceu despachou diretamente de seu bunker instalado na área vip de um hotel cinco-estrelas de Brasília, num andar onde o acesso é restrito a hóspedes e pessoas autorizadas. Foram 45 horas de reuniões que sacramentaram a derrocada de Antonio Palocci e durante as quais foi articulada uma frustrada tentativa do grupo do ex-ministro de ocupar os espaços que se abririam com a demissão. Articulação minuciosamente monitorada pelo Palácio do Planalto, que já havia captado sinais de uma conspiração de Dirceu e do seu grupo para influir nos acontecimentos que ocorriam naquela semana — acontecimentos que, descobre-se agora, contavam com a participação de figuras do próprio governo.

Em 8 de junho, numa quarta-feira, Dirceu recebeu no hotel a visita do ministro do Desenvolvimento, o petista Fernando Pimentel. Conversaram por 28 minutos. Sobre o quê? Pimentel diz não se lembrar da pauta nem de quem partiu a iniciativa do encontro. Admite, no entanto, falar com frequência com o ex-ministro sobre o contexto brasileiro. É uma estranha aproximação, mas que encontra explicação na lógica que une e separa certos políticos de acordo com o interesse do momento. Próximo a Dilma desde quando era estudante, Pimentel defendeu, durante a campanha, a ideia de que a então candidata do PT se afastasse ao máximo de Dirceu. Pimentel e Dirceu estavam em campos opostos. Naquela ocasião, o atual ministro do Desenvolvimento nutria o sonho de se tornar o futuro chefe da Casa Civil.

Perdeu a chance depois de Veja revelar que funcionários contratados por ele para trabalhar na campanha montaram um grupo de inteligência cujas tarefas envolviam, entre outras coisas, espionar e fabricar dossiês contra os adversários, principalmente o concorrente do PSDB à Presidência, José Serra. No novo governo, Pimentel foi preterido na Casa Civil em favor de Palocci. O mesmo Palocci que, no primeiro mandato de Lula, disputava com Dirceu o status de homem forte do governo e de candidato natural à Presidência da República. Um cacique petista tenta explicar a união recente de Pimentel com José Dirceu: “No PT, é comum adversários num determinado instante se aliarem mais à frente para atingir um objetivo comum. Isso ocorre quando há uma conjução de interesses.” Será que Pimentel queria se vingar de Palocci, a quem considerava um rival dentro do governo?

Dois dias antes, na segunda-feira, Dirceu esteve com José Sergio Gabrielli, presidente da Petrobras. Gabrielli enfrenta um processo de fritura desde o fim do governo Lula. A presidente Dilma não cultiva nenhuma simpatia por ele. Palocci pretendia tirar Gabrielli do comando da estatal. Gabrielli precisava — e precisa — do apoio, sobretudo do PT, para se manter no cargo. Dirceu é consultor de empresas do setor de petróleo e gás. Precisa manter-se bem informado no ramo para fazer dinheiro. É o famoso encontro da fome com a vontade de comer — ou conjunção de interesses.

O presidente da Petrobras, que trabalha no Rio de Janeiro, chegou à suíte ocupada pelo ex-ministro da Casa Civil, no 16º andar do hotel, ciceroneado por um ajudante de ordens. Permaneceu lá exatos trinta minutos. Ao sair, o presidente da Petrobras, que chegou ao quarto de mãos vazias, carregava alguns papeis consigo. Perguntado sobre a visita, Gabrielli limitou-se a desconversar: “Sou amigo dele há muito tempo, e não enho que comentar isso com ninguém”. Naquela noite de segunda-feira, a demissão de Palocci já estava definida. O ministro não havia conseguido explicar a incrível fortuna que acumulou em alguns meses prestando serviços de consultoria — a mesma atividade de Dirceu.

Na terça-feira, horas antes da demissão de Palocci, Dirceu recebeu para uma conversa de 54 minutos três senadores do PT: Delcídio Amaral, Walter Pinheiro e Lindbergh Farias. Esse último conta que foi ele quem pediu a audiência. Qual assunto? Falaram do furacão que assomava à porta da Casa Civil. “O ministro Dirceu nunca falou um ‘ai’ contra o Palocci. Pelo contrário, sempre tentou resolver a crise com a ajuda da nossa bancada”, garante Farias. De fato, a bancada foi decisiva — mas para sepultar de vez a tentativa de Palocci de salvar a própria pele. Logo após o encontro com Dirceu, os três senadores foram a uma reunião da bancada do PT e recusaram-se a assinar uma nota em defesa do então ministro-chefe da Casa Civil. Alegaram que a proposta não havia sido combinada com o Planalto.

Existiam outros motivos para a falta de entusiasmo: o trio também estava insatisfeito com Palocci. Delcídio reclamava do fato de não conseguir emplacar aliados em representações de órgãos federais em Mato Grosso do Sul, seu estado natal e berço político. “Num momento tenso como aquele, fui conversar com alguém que está sempre bem informado sobre os acontecimentos”, explicou Delcídio sobre o encontro com o poderoso chefão. Pinheiro estava contrariado com a demissão de um petista do comando da Polícia Rodoviária Federal na Bahia. “O encontro foi para fornecer material para que ele publicasse um artigo sobre o projeto de lei que trata da produção audiovisual no país”, disse ele. Lindbergh Farias, por seu turno, ainda digeria as tentativas fracassadas de ser recebido por Palocci. No fim da tarde de terça-feira, o ministro-chefe da Casa Civil entregou sua carta de demissão. E teve início a disputa pela sua sucessão.

Quando Gleisi Hoffmann já havia sido anunciada como substituta de Palocci, no mesmo dia 7 de junho, Dirceu recebeu o deputado petista Devanir Ribeiro. Foram 25 minutos de conversa. Já era sabido que, no rastro da saída de Palocci, Luiz Sérgio, um aliado de Dirceu, deixaria o ministério das Relações Institucionais.
Estava deflagrada a campanha para sucedê-lo — e Dirceu queria emplacar no cargo o deputado Cândido Vaccarezza, líder do governo na Câmara. Procurado por Veja, Devanir, que é compadre do presidente Lula, negou que tivesse ido ao hotel conversar com Dirceu. Um lapso de memória, como deixa claro a imagem nesta reportagem. “Faz muito tempo que eu não o vejo.”

Na quarta-feira, 8 de junho, pela manhã, as articulações de Dirceu continuaram a pleno vapor. Ele recebeu o próprio Vacarezza. Durante 25 minutos, trataram, segundo o líder, do congresso do PT que será realizado em setembro. “Converso com o Dirceu com regularidade. Como o caso do Palocci era palpitante, é possível que tenha sido abordado, mas não foi o tema central”, afirma o deputado — que, no início do governo Dilma, chegou a dar entrevistas como o futuro presidente da Câmara, mas acabou convencido a desistir de disputar o cargo por ter perdido apoio dentro do PT.

A agenda do chefão não se limita aos companheiros de partido. Duas horas depois do encontro com Vacarezza, foi a vez de o senador peemedebista Eduardo Braga adentrar o hotel. Segundo o parlamentar, ele e Dirceu se encontraram por obra do acaso, no lobby, uma coincidência. O senador conta que aproveitou a coincidência para auscultar os ânimos do PT sobre o projeto do novo Código Florestal: “Queria saber como o PT se posicionaria. Ninguém pode negar que a máquina partidária petista foi arquitetada e construída pelo Dirceu. Ele respira o partido”.

O PMDB também respira poder. Com o apoio de Dirceu, peemedebistas e petistas fecharam um acordo para pressionar o Planalto a indicar Vacarezza ao cargo de ministro de Relações Institucionais no lugar de Luiz Sérgio. A substituição nessa pasta foi realizada três dias depois da queda de Palocci. Informada do plano de Dirceu, a presidente Dilma desmontou-o ao nomear para o cargo a ex-senadora Ideli Salvatti. A presidente já havia sido advertida por assessores do perigo de delegar poderes a companheiros que orbitam em torno de Dirceu. Mas Dilma também conhece bem os caminhos da guerrilha política. Chamada de “minha camarada de armas” por ele quando lhe foi passado o comando da Casa Civil, em 2005, a presidente não perde de vista os passos do chefão. Como? Pedindo a algumas autoridades que visitam Dirceu em Brasília informações sobre suas ambições.

“A Dilma e o PT, principalmente o PT afinado com o Dirceu, vivem uma relação de amor e ódio. Mas hoje você não pode imaginar um rompimento entre eles”, diz um interlocutor de confiança da presidente e do ex-ministro. E amanhã? Se Dilma se consolidar como uma presidente popular e, mais perigoso, um entrave a um novo mandato de Lula, o tal rompimento entra no campo das possibilidades. “Nunca a turma do PT foi tão lulista como hoje. Imagine em 2014”, afirma um cardeal do partido. Ele é mais um, como Dirceu, insatisfeito com o fato de a legenda não ter conseguido, como previra o ex-ministro, impor-se à presidente da República.

Dilma está resistindo bem. Uma faxina menos visível é a que ela está fazendo nos bancos públicos. Aos poucos, vem substituindo camaradas ligados a Dirceu por gente de sua confiança. E o chefão não está nada contente com isso. Tanto que tem alimentado o noticiário com denúncias contra pessoas muito próximas à presidente, naquele tipo de patriotismo interessado que lhe é peculiar. Procurado por Veja, Dirceu não respondeu às perguntas que lhe foram feitas. A suíte reservada permanentemente ao “ministro” custa 500 reais a diária. Para chegar de elevador, é preciso um cartão de acesso especial. Cada quarto do andar recebe uma única cópia. Qualquer visita ao “ministro”, portanto, tem de ser conduzida ao andar. Esse trabalho de cicerone é feito por Alexandre Simas de Oliveira, um cabo da Aeronáutica, que foi assessor de Dirceu na Câmara dos Deputados até ele ter o mandato cassado.

Hoje, o cicerone é empregado do escritório de advocacia Tessele & Madalena, que tem como um dos donos outro ex-assessor de Dirceu, o advogado Hélio Madalena. O advogado já foi flagrado uma vez de caso com a máfia — a russa. Escutas feitas pela Polícia Federal mostraram que, na condição de assessor da Casa Civil, ele fazia lobby para conceder asilo político no Brasil ao magnata russo Boris Berezovski (mafioso acusado de corrupção e assassinato). E Madalena foi flagrado outra vez na semana passada. É o seu escritório que paga a fatura do “gabinete” de José Dirceu. Na última quinta-feira, depois de ser indagado sobre o caso, Madalena instou a segurança do hotel Naoum a procurar uma delegacia de polícia para acusar o repórter de Veja de ter tentado invadir o apartamento que seu escritório aluga e, gentilmente, cede como “ocupação residencial” a José Dirceu.

O jornalista esteve mesmo no hotel, investigando, tentando descobrir que atração é essa que um homem acusado de chefiar uma quadrilha de vigaristas ainda exerce sobre tantas autoridades. Tentando descobrir por que o nome dele não consta da relação de hóspedes. Tentando descobrir por que uma empresa de advocacia paga a fatura de sua misteriosa “residência” em Brasília. Enfim, tentando mostrar a verdade sobre as atividades de um personagem que age sempre na sombra. E conseguiu. Mas a máfia não perdoa.