terça-feira, 29 de julho de 2014

A GUERRILHA DO ARAGUAIA EM CAPÍTULOS

       A Guerrilha do Araguaia



           



           A história que não foi contada  


                 








A grande farsa dos "heróis 

revolucionários e 

defensores da democracia"








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Apresentação


A presente publicação não tem a pretensão de ser a mais imparcial ou a mais verdadeira de todas as histórias a respeito da Guerrilha do Araguaia. O propósito que me levou a transcrever passagens ou capítulos inteiros de livros já publicados por esquerdistas e militares que participaram ativamente das operações na área da guerrilha, é o de mostrar, entre entrevistas de ativistas de esquerda e relatos pessoais de agentes de segurança, como aconteceram as ações de desmantelamento da Guerrilha do Araguaia. Demonstrarei, também, como atuaram os elementos daquela que seria - caso não fosse extirpada - a segunda FARC, em território brasileiro. 

Tive, como objetivo, colocar em confronto narrativas de Jacob Gorender (um dos fundadores do PCBR - Partido Comunista Brasileiro Revolucionário), em seu livro "Combate nas Trevas" e, portanto, uma pessoa isenta de qualquer suspeita com as declarações, escritos e entrevistas mentirosas de esquerdistas que foram derrotados em suas intenções e ações para instalarem aqui uma ditadura comunista, cópia fiel ou pior do que a tirania cubana dos Castro de 1959. 

Os fatos narrados nessa "História da Guerrilha do Araguaia", foram extraídos de livros, como já disse antes, de soldados heroicos que sacrificaram suas vidas em prol de um Brasil melhor. Um Brasil livre do sangrento regime moscovita de Stalin ou do sanguinário método de escravidão implantado por Mao Tsé Tung, na China, que transformou um país - já maltratado por inúmeras invasões estrangeiras - numa imensa prisão medieval. Uma masmorra continental onde dezenas de milhões de seres humanos foram torturados das piores formas possíveis e ou dizimados por execuções sumárias nas mãos dos seguidores desse líder comunista perverso. 

Quando os detentores da "verdade absoluta" sobre as atuações dos signatários do comunismo no Brasil, narram suas aventuras sanguinárias, o fazem enaltecendo os criminosos e seus crimes. Suas narrativas soam como se fossem uma ode à "democracia" hipotética e mentirosa que jamais foi cogitada de ser implantada aqui como eles propagavam aos quatro ventos. Pelo contrário, sua intenção clara era a de transformar um paraíso em liberdades num valhacouto de medíocres ditadores que semeariam a desgraça entre o nosso povo. 

Foi esse o motivo que me levou a realizar essa pequena obra que, acredito, seja de algum valor para aqueles que acreditam na democracia e nos direitos individuais e coletivos de um povo.

O Editor.

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Considerações iniciais


Apesar das distorções propositais dos interessados em reescrever a história para se beneficiarem com o resultado, não poderia deixar de contar como realmente aconteceram os episódios trágicos e desnecessários que enlutaram dezenas de famílias, que não pediram para que isso acontecesse. A incúria e a perfídia dos protagonistas vermelhos que encetaram as ações subversivas nas selvas do Araguaia, com o propósito de transformar aquela região num cenário de barbárie e conflagração, resultou numa carnificina previsível. Dessa forma, as Forças Armadas brasileiras investidas do poder e do dever de defesa da Pátria não puderam evitar o embate contra as tropas de terroristas. Essa gente (os dirigentes) foi treinada por altos especialistas internacionais em guerra de guerrilha, na China comunista, na Albânia e em Cuba, e veio disposta às últimas consequências para implantar aqui seu regime escravagista e desumano existente nesses três países comunistas e em mais outra vintena à época.

Não fosse a bravura de homens como os então Capitães Curió, Aluísio Madruga, Lício Maciel, do mártir e herói Cabo Rosa, covardemente executado sem defesa por um dos chefes da guerrilha, sendo deixado seu corpo insepulto aos animais carniceiros para que os mateiros pudessem ver a "obra prima" executada pelos marginais vermelhos, teríamos hoje uma nova FARC em nosso solo sagrado. Não fosse a bravura indômita daqueles combatentes de selva, estaríamos ainda sob o domínio dos facínoras do Araguaia. Bandidos traidores da Pátria que agora são enaltecidos como verdadeiros heróis pela falaciosa organização das esquerdas, mas que na verdade visam o lucro exorbitante com as "indenizações." Imorais e indevidas, essas indenizações foram implantadas por crápulas como os presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, que pagaram com os impostos do povo brasileiro mais de 3 bilhões e meio de reais à essa corja de bandidos.

A história que lhes apresento foi toda baseada em relatos contidos nos livros "A Verdade Sufocada", Cel Carlos Alberto Brilhante Ustra; "Guerrilha do Araguaia", Cel Lício Maciel; "Guerrilha do Araguaia, Revanchismo", Cel Aluísio Madruga, assim como entrevistas constantes de blogs e outras mídias que apresentarei em relação bibliográfica no final dessa história. Além dessas fontes, relacionei, também, informações contidas no diário do comandante em chefe da Guerrilha do Araguaia, Maurício Grabois. Este, um velho participante de outros eventos sangrentos como a Intentona de 1935 e ações urbanas de guerrilha e terrorismo comandadas por ele.
Incorporei, também, uma entrevista concedida por Carlos Marighela, o dirigente máximo da Ação Libertadora Nacional (ALN), um mês antes de ser morto pelas forças de segurança do Estado, na Alameda Casa Branca, em 4 de novembro de 1969.

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            A história que não foi contada  


                 



1ºCapítulo




A grande farsa dos "heróis revolucionários e defensores da democracia"



A Guerrilha do Araguaia









Lourinaldo Teles Bezerra


Pretendendo desmascarar os vigaristas que fizeram parte da comissão formada para classificar e indenizar os terroristas que lutaram para a implantação de uma "ditadura do proletariado" no Brasil, procedi a leitura de vários livros e depoimentos de militares, assim como de ativistas de esquerda diversos ao longo de vários meses. Descreverei os acontecimentos em capítulos que serão publicados nesse blog a partir de hoje, domingo, 3 de julho de 2011.


Os fatos são muito claros no livro histórico de Jacob Gorender, "Combate nas Trevas", um documento verdadeiro e imparcial que descreve com datas, locais, estratégias e táticas utilizadas por grupos armados, que atuaram nas cidades e no campo. Esses fatos aconteceram na época em que se consolidava o Regime Democrático Militar Brasileiro, recém implantado depois do Contra-Golpe desferido pelo povo e os militares contra os verdadeiros golpistas, ou sejam, os marxistas/trotskistas/maoistas/stalinistas que infestavam as entranhas da Pátria.

Merece uma referência aqui, a retirada do prelo desse magnífico volume por causa da repercussão negativa que ele provocou entre os maiores interessados na engabelação da opinião pública. Seria uma facada na montagem da farsa que serviu como motivo para que indenizações astronômicas fossem destinadas aos carniceiros que aterrorizaram o Brasil por mais de 8 anos. Não mais se encontram exemplares desse livro-denúncia (sem ser a intenção do autor, claro) escrito para testemunhar a epopéia comunista no Brasil desde o longínquo 1922, mas que serviu para desmascarar as verdadeiras intenções dos agentes vermelhos em suas práticas condenáveis de terrorismo e violência jamais vistas no País. Apesar de comprovadas as interferências de agentes estrangeiros em solo brasileiro, como a prisão se 14 chineses em Pernambuco, que davam treinamento aos seguidores de Francisco Julião (Ligas Camponesas existentes desde os anos 50), mesmo assim as indenizações foram pagas.

Em seu "Combate nas Trevas", Jacob Gorender titula o 8º capítulo com a seguinte frase: "Pré-Revolução e Golpe Preventivo". Só isso já serve para registrar a verdadeira configuração do movimento militar de 64, como um contra-golpe e não como um golpe contra a democracia, como querem os vigaristas da falsa história pregada para enganar o povo crédulo e pouco culto do Brasil.



UM POUCO SOBRE JACOB GORENDER

Jacob Gorender (autodidata), foi um escritor, ensaísta, professor e historiador baiano, nascido em Salvador, em 20 de janeiro de 1923, militou no PCB durante décadas até sua dissensão e saída do partidão para participar da fundação do PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário ) em 1968.  Jacob Gorender associou-se, para isso, a diversos camaradas descontentes e até expulsos do PCB do ineficiente Carlos Prestes. Na verdade, o descontentamento com a atuação dúbia e pouco dedicada de Luiz Carlos Prestes para com o PCB, é que mudou a cabeça de seus membros, levando-os ao racha e à saída para fundarem o PCBR, numa reunião acontecida num sítio fluminense na Serra da mantiqueira, em meados de abril de 1968. Eram os fundadores desse partido revolucionário quadros descontentes com as punições e intervenções arbitrárias aplicadas pelo CC do PCB. Muitos outros dissidentes formaram inúmeros outros grupos e partidos que atuaram à sua maneira na tentativa inócua de tomada do poder das mãos dos militares.

Para sua desgraça e perplexidade, a massa não aderia às suas proposições alardeadas através de panfletos que eram distribuídos em universidades, escolas secundárias, cinemas, casas de shows, estações ferroviárias e rodoviárias, etc. Sua propaganda era desmentida com o resultado trágico de seus atos violentos praticados diuturnamente onde pereciam pais de família e agentes policiais que os combatiam. O povo brasileiro daquela época, era muito religioso e repelia o comunismo como um "demônio que devorava criancinhas". De nada adiantavam as mentirosas alegações dos esquerdistas para suas atitudes violentas. O povo não se convencia de suas "boas intenções" para com os miseráveis: a libertação dos oprimidos.

Quando, na madrugada de 1 de abriol de 1964, o Gen. Div. Olimpio Mourão Filho, marchou desde Juiz de Fora, MG, com sua IV Divisão de Infantaria sobre o Rio de Janeiro, Jacob Gorender encontrava-se em Goiás fazendo o que mais gostava e se preparara tanto durante toda a sua vida: dava palestras e aulas sobre o marxismo/leninismo na Universidade Federal de Goiás, a serviço do PCB de Prestes. Ele foi ministrar essa palestra a convite do próprio governador do Estado, o militar da reserva do Exército (tenente coronel) Mauro Borges. O local seria o palácio do governo, fato que não ocorreu por causa da contra-revolução que se achava em marcha. Borges foi cassado depois de 64 por motivos óbvios.

O Gen Mourão Filho, em sua marcha contra o Rio de Janeiro, encontrou-se a meio caminho com duas outras unidades vindas de Belo Horizonte e São João del Rei, que aderiram incontinetes à sa causa.

Depois que a Contra-Revolução explodiu e espalhou-se por todo o território nacional com aprovação tácita do povo brasileiro, Jacob Gorender, já na clandestinidade, se deslocou para São Paulo onde foi acolhido em casas de simpatizantes do comunismo. Tempos depois, no final de 64, seguiu para o Rio Grande do Sul, mandado que foi pelo PCB para participar das atividades do partido naquele Estado. Posteriormente, em 1970, já de volta a São Paulo, foi preso e encarcerado no Presídio Tiradentes onde, segundo declarou, sofreu "torturas horríveis" para delatar seus companheiros, mas não o fez de acordo com suas afirmações. Lá permaneceu até o fim de 1972.

O que surpreende aos mais esclarecidos é que, dessas torturas, nada restara para que se provasse que elas existiram para todos os prisioneiros. Que existiram torturas não se pode negar, mas os órgãos de segurança sabiam muito bem a quem "apertar" para extrair confissões preciosas e desarticular possíveis planos de ataques terroristas no futuro, como o fizeram dezenas de vezes poupando da morte certa centenas de vidas inocentes.

Por mais irracional e perversa que seja a tortura, ela jamais deixará de existir como forma de se conseguir informações. O que ocorre é que outras formas científicas e muito mais eficientes de se obter informes já estão em prática em todos os serviços de contra-terrorismo das nações mais avançadas do mundo. As torturas mecânicas e choques elétricos mutilantes que existem desde tempos imemoriais, estão dando lugar a substâncias químicas que atuam no sistema nervoso central e provocam reações alheias à vontade da vítima, a qual confessa involuntariamente o que os torturadores querem saber.

Jacob Gorender era, por convicção ideológica, contra a violência revolucionária pregada por muitos de seus camaradas de PCBR e sempre se comportou como tal. Nunca empunhou uma arma para praticar qualquer violência contra quem quer que fosse. Sua arma era a filosofia e sua ideologia marxista à qual dedicou toda a sua vida. Quando o PCBR iniciou seus assaltos a bancos, ele não concordou com aquela prática. Em depoimento que deu à TV Câmara em 2009, ele cita exemplos de guerrilheiros que assaltaram bancos no Brasil e quando exilados no Chile, continuaram a praticar assaltos naquele país como marginais comuns por terem se acostumado à prática. Em sua opinião e, baseado em preceitos marxistas, "Quem se envolve com esse tipo de atividade, dita "violência revolucionária", acaba por se tornar um autêntico ladrão de bancos." Palavras de Gorender.

Em seu livro "Combate nas Trevas" e no depoimento à TV Câmara, ele relata inúmeros atentados cometidos por revolucionários de várias facções terroristas que resultaram em grande comoção popular e foi determinante para que o Regime Militar se fechasse mais ainda. Esse seu registro, acaba com a falsa tese de que o Regime Militar decretou o AI-5 por ser um regime radical de direita e ditatorial. A mentira está comprovada com todas as letras no livro desse comunista convicto, porém honesto em seus relatos históricos. Dentre esses atentados está o do Aeroporto dos Guararapes, em 25 de julho de 1966, o primeiro de uma série de 7 atentados só em Recife na mesma época, que causou a morte de duas pessoas e provocou ferimentos em mais dezessete, inclusive crianças, e onde um guarda municipal teve sua perna arrancada. Depois desse atentado à bomba, existiram dezenas de outros que levaram as forças de segurança a se especializarem para poder combatê-los. 

Cabe aqui deixar claro, que esses 7 atentados aconteceram dois anos antes da implantação do Ato Intitucional nº 5 (AI-5).

Ex-militares das três forças armadas, de tendência comunista, se juntaram aos terroristas e comandaram ataques de vários tipos a diversas instituições governamentais e privadas. Muitos deles participaram da guerrilha do Araguaia, como é o caso do seu chefe máximo André Grabois, ex-oficial do Exército, que participou da Intentona Comunista de 35. 

Muitos ex-sargentos da Marinha e Aeronáutica fizeram parte de grupos assassinos terroristas que praticaram inúmeros atentados e assaltos a bancos no Rio, Belo Horizonte, Recife, João Pessoa e em São Paulo. Matando inocentes clientes nesses estabelecimentos bancários, além de pacatos transeuntes que foram trucidados para que aqueles terroristas arrecadassem fundos para as suas atividades subversivas. Foram as famílias desses patifes e vários desses bandidos que foram indenizados por FHC e Lula por sua "bravura heroica" no combate à "ditadura". 

O organizador dos 7 atentados de Recife e da chacina do Aeroporto dos Guarapes, o Pe. Alipio, português de origem, vive hoje nababescamente, graças ao milhão e meio de reais que recebeu e uma pensão vitalícia de mais de 10 salários mínimos, recebidos do generoso e canalha, FHC.

Com o dinheiro conseguido nessas ações, eles provisionavam seus "aparelhos" (locais onde se reunião e moravam) com mantimentos e víveres alimentícios, além do aluguel dos imóveis que ocupavam.

Muitos desses grupos terroristas recebiam dinheiro vindo do exterior, principalmente de Cuba, China e Albânia. Esses dois últimos países foram os custeadores da Guerrilha do Araguaia, cujas forças dependiam exclusivamente deles para que suas atividades dessem os resultados esperados. Esse grupamento guerrilheiro se afastou de Cuba e de Fidel por não concordarem com seus métodos. Para atualizarem suas informações, eles, em meio à selva amazônica, sintonizavam seus aparelhos de rádio e ouviam a Rádio Tirana, da Albânia a qual divulgava as ações dos "heróis" que ativaram o foco guerrilheiro nas selvas amazônicas. Esse, era o único meio de comunicação com o exterior que possuiam.

Os assaltos a bancos, a unidades militares da Força Pública paulista e até hospitais militares, como foi o caso do Hospital da Aeronáutica no Cambuci, onde roubaram armas, (Dilma Rousseff fez parte) medicamentos e instrumentos cirúrgicos para suas eventuais baixas por ferimentos, se alastrou Brasil a fora.

Posteriormente e para não dependerem de treinamentos externos, decidiram fundar centros de treinamento guerrilheiros em zonas rurais e urbanas, como foi o caso do Vale do Ribeira onde compraram uma fazenda para esse fim. Outras propriedades rurais foram adquiridas nos estados do Pará, Paraná, Maranhão, Pernambuco, Minas, Goiás, Mato Grosso, e Bahia. O centro de treinamento que tinham no estado do Rio de Janeiro, fora desmantelado por forças de segurança, o que provocou a debandada para o interior do Brasil de ativistas do meio estudantil carioca e fluminense.

Os atos violentos desses terroristas provocaram comoção e revolta na população, que via pessoas trabalhando serem metralhadas pelo simples fato de serem funcionários de empresas pertencentes aos "porcos capitalistas ianques." Foi caso de um pobre funcionário da Souza Cruz, Nilson Lins, que carregava uma valise contendo grande quantidade de dinheiro a ser depositado num banco, em Olinda, Pe., e foi cruelmente trucidado a balas por um comando terrorista que "expropriou" a grana para suas atividades "heróicas".

Outros casos, como o tiroteio contra uma viatura de Rádio Patrulha, no dia 17 de dezembro de 1969, que perseguia os bandidos do PCBR que assaltaram uma agência do Banco Sotto Maior, no Rio, e provocaram a morte de um policial militar e a prisão do motorista do comando terrorista. Esse assalto provocou tremenda repercussão entre a população. O assalto teve êxito, mas na fuga o dinheiro foi recuperado e com a prisão de um membro do bando, prisões aconteceram em cascata, segundo Jacob Gorender.

Porém, o mais ousado e rentável assalto praticado naquela época foi a invasão do apartamento da amante do Ex-governador Ademar de Barros, no Rio de Janeiro, com a participação decisiva de um sobrinho da vítima, que colocou à disposição do grupo armado todas as informações precisas sobre a localização do cofre e horário mais adequado para a invasão. Essa ação foi coroada de êxito e rendeu aos assaltantes a enorme quantia, para a época, de 2.5 milhões de dólares. Dinheiro suficiente para que muitas ações de "expropriação" (termo empregado para definir a arrecadação de dinheiro mediante ação armada: assaltos) fossem canceladas e o tempo a ser desprendido nessas ações fosse gasto com outros tipos de atividades.

Apesar de suas convicções pró marxismo, o escritor comunista prestou relevante serviço ao seu País ao escrever essa jóia histórica que desvenda segredos escondidos a sete  chaves por seus camaradas de armas que fazem o possível e o impossível para que esses segredos não venham à tona, desmascarando a todos por seus crimes de traição à Pátria brasileira.

Aqui, quero deixar o meu agradecimento a Jacob Gorender, baiano sério e convicto de sua ideologia, mesmo sendo essa uma ideologia sanguinária e traiçoeira, que ceifou a vida de mais 120 milhões de pessoas em seus 72 anos de existência ativa no mundo inteiro.

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        A história que não foi contada  











           



2ºCapítulo






A grande farsa dos "heróis revolucionários e defensores da democracia"




A Guerrilha do Araguaia


2º Capítulo






Joaquim da Câmara Ferreira, (Toledo) planejador e chefe do sequestro do Embaixador Charlles Elbrick, dos EUA, encontrava-se em Paris, na casa de Aluísio Nunes Ferreira, quando Carlos marighela foi enviado ao encontro do demônio, seu guru natural, por intermédio dos heróicos e competentes agentes do DOI-CODI seção São Paulo, sob o comando do excelente Delegado Sergio Paranhos Fleury, do DOPS, na Al. Santos, São Paulo, no dia 4 de novembro de 1969.

Um mês antes à sua morte, o terrorista fundador e chefe da Aliança Libertadora Nacional (ALN) - a mais cruel de todas as quadrilhas de bandidos terroristas que atuavam no Brasil naquela época - foi entrevistado por Conrad Detrez, jornalista colaborador da revista trotskista francesa Front, no convento dos padres Dominicanos, onde muitos terroristas encontravam abrigo, os mesmos que levaram Marighella para a emboscada armada por Sergio Paranhos Fleury, delegado implacável na caça, prisão e morte dos famigerados terroristas assassinos.


Eis a íntegra da entrevista concedida por Marighella um mês antes de morrer:
Pode ser dito que a entrevista de Carlos Marighela para o Front foi seu testamento político e guerrilheiro.
As principais questões tratadas nessa entrevista foram as seguintes:

Front – Por que iniciar pela guerrilha urbana?

Marighela – Na condição de ditadura em que se encontra o país, o trabalho de propaganda e de divulgação a priori só é possível nas cidades. Movimentos de massa, sobretudo os que foram organizados pelos estudantes, intelectuais, alguns grupos de militantes sindicalistas, criaram nas principais cidades do país um clima favorável para a acolhida de uma luta mais dura (ações armadas) (...) Os revolucionários conseguiram a cumplicidade da população. A imprensa clandestina avança. As emissões piratas são recebidas favoravelmente. A cidade reúne, pois, as condições objetivas e subjetivas requeridas para que se possa desencadear com êxito a guerrilha (...) A guerrilha rural deve ser posterior à guerrilha urbana, cujo papel é eminentemente tático.

Front – Como imagina a continuação da guerrilha urbana?

Marighela – Pode-se fazer uma enormidade de coisas:seqüestrar, dinamitar, abater os chefes de polícia, em particular os que torturaram ou assassinaram nossos camaradas; depois continuar expropriando armas e dinheiro. Desejamos que oExército adquira armamento moderno e eficaz; nós o tiraremos dele. Já posso anunciar que raptaremos outras personalidades importantes e por objetivos de maior envergadura do que libertar 15 presos políticos, como aconteceu com o seqüestro do embaixador norte-americano.
Front – Algumas simpatias em particular?

Marighela – Estive na China em 53-54, o partido (PCB) que me enviou (...) Na China estudei muito a revolução. Mas, falando de inspiração, a nossa vem especialmente de Cuba e do Vietnã. A experiência cubana, para mim, foi determinante, sobretudo no que respeita a um pequeno grupo inicial de combatentes.
Front – A guerrilha rural surgirá simultaneamente em vários pontos do país?
Marighela – Atacaremos grandes latifundiários brasileiros e também americanos. Seqüestraremos e executaremos os que exploram e perseguem os camponeses. Tiraremos gado e víveres das grandes fazendas para dar aos camponeses. Desorganizaremos a economia rural, porém não defenderemos nenhuma zona, nenhum território, nada disso. Defender é terminar sendo vencido. É necessário que sempre, em todas as partes, como na guerrilha urbana, tenhamos a iniciativa. A ofensiva é a vitória.
Front – Você é contra as idéias de Regis Debray?
Marighela – Algumas idéias me foram úteis; quanto às do foco insurrecional, estou em desacordo.
Front – Sua estratégia para o Brasil se insere dentro de uma estratégia revolucionária continental?
Marighela – Sem dúvida, uma vez que temos que responder ao plano do imperialismo norte-americano com um plano global latino-americano. Nós estamos ligados à OLAS (Organização Latino-Americana de Solidariedade) (nota: organização criada em Cuba em janeiro de 1966) bem como a outras organizações revolucionárias do continente e, em particular, às que nos países vizinhos lutam com a mesma perspectiva que nós. É, enfim, um dever para com Cuba; libertá-la do cerco imperialista ou aliviar seu peso, combatendo-o externamente em todas as partes. A revolução cubana é a vanguarda da revolução latino-americana; esta vanguarda deve sobreviver.
Essa entrevista foi intermediada pelos dominicanos e realizada no Convento das Perdizes. Os mesmos dominicanos que no mês seguinte, novembro , entregariam Marighela à polícia.
A partir da morte de Marighela, o Serviço de Inteligência Cubano, através de Manuel Piñero Losada, passou a centralizar e controlar diretamente os preparativos para a retomada da luta. Uma intervenção radical na estrutura da organização foi efetuada e foi o seguinte o diagnóstico cubano sobre a derrota: O processo foi acelerado sem a menor infra-estrutura e condição política e militar. Tudo tinha sido feito de maneira equivocada, com métodos empíricos.

Nota: a entrevista acima foi colhida no

Blog da União Nacional Republicana


_________________________________________________Esse capítulo foi dedicado ao pior marginal terrorista que já existiu no Brasil, desde os idos de 35, quando da Intentona Comunista, que também foi vencida pelos brasileiros de farda que tanto orgulho deram aos patriotas do Brasil. (Editor)



Na entrevista acima, pudemos ver os propósitos desse terrorista canalha, assassino frio e calculista, que pretendia atuar dentro dos padrões dos facínoras barbudos da ilha prisão de Cuba, onde dezenas de milhares de pessoas foram torturadas e executadas sumariamente apenas porque trabalhavam durante o governo de Fulgêncio Batista. 



Para ser executado, um cidadão não precisava ter cometido nenhum crime, bastava ter sobrevivido à custa de seu trabalho durante a época do sargento Batista. Isso já era um crime passível de execução. 



O crápula Ernesto Chê Guevara, companheiro de Fidel Castro desde os primórdios da guerrilha cubana, matou mais de 100 pessoas com seu Colt cal. 45 sem nenhum julgamento, sem nenhuma sentença promulgada por algum tribunal judicial. Eles detinham milhares de pobres diabos, simulavam um julgamento baseado em "normas" por eles estabelecidas e os executavam sumariamente. 



Os casos estúpidos de assassinatos de prostitutas que ganhavam a vida vendendo o seu corpo a turistas estrangeiros foram incontáveis. Homossexuais eram trucidados como baratas em praça pública. Pais de família que trabalhavam em fazendas ou outras propriedades de estrangeiros, principalmente americanos, foram mortos a tiros de revólver sem a menor compaixão pelos tiranos assassinos de Fidel Castro, por ele próprio e seu irmão, Raul Castro, atual ditador de Cuba.



Como vimos na entrevista de Marighela, caso esse monstro tivesse assumido o comando no Brasil suas execuções seriam praticadas tais como o foram em Cuba pelos tiranos de lá: 



"Pode-se fazer uma enormidade de coisas: seqüestrar, dinamitar, abater os chefes de polícia, em particular os que torturaram ou assassinaram nossos camaradas; depois continuar expropriando armas e dinheiro. Desejamos que oExército adquira armamento moderno e eficaz; nós o tiraremos dele. Já posso anunciar que raptaremos outras personalidades importantes e por objetivos de maior envergadura do que libertar 15 presos políticos, como aconteceu com o seqüestro do embaixador norte-americano."



Quando na Bahia homenagearam esse marginal desgraçado, dando o seu nome a prédios e praças públicas, tive ânsias de vômito e vontade de empunhar uma pistola lotada e descarregar na cara do pilantra que idealizou a homenagem a esse patife. Como é possível brasileiros prestarem homenagem a um verme como esse? 





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        A história que não foi                   contada - 








          

 




A grande farsa dos "heróis revolucionários e defensores da democracia"







A Guerrilha do Araguaia






A Guerrilha Rural do PCdoB na

região do Araguaia. 

Preparação, estratégias e instalação dos primeiros comandos guerrilheiros e sua liquidação.




Com o desmantelamento da maioria dos grupos armados que atuavam nos centros urbanos, a direção do PCdoB determinou que se iniciassem as ações preparatórias para a implantação da guerrilha rural, a qual vinha sendo planejada há anos.
Com os grupos de ativistas enviados à China comunista para serem treinados na Academia Militar de Pequim, em guerra de guerrilha, retornando, estaria mais do que madura a iniciativa nos campos do Brasil.
Depois de muitas reuniões e ajustes estratégicos, a direção determinou que Maurício Grabois, veterano comunista da linha militarista do PCB (participante da Intentona Comunista quando assassinou pelas costas um oficial do Exército, seu colega de unidade) e agora na direção do PCdoB), seria o chefe das ações em área a ser escolhida para a implantação da guerra rural a ser travada.

O que me causa espanto e nojo, é o fato de um crápula como Maurício Grabois, oficial do Exército Brasileiro, assassinar pelas costas um colega de farda, quando este subia uma escada dentro de sua unidade e não ter sido condenado à morte por fuzilamento. Observe-se que isso aconteceeu 1935, durante a ditadura Vargas. Não se pode deixar de censurar os chefes militares brasileiros por sua tibieza e frouxidão em relação a essa caterva de bandidos vermelhos. Quanta leniência e tolerância descabida. Em qualquer país do mundo, por mais insignificante que seja, um cretino como esse teria sido executado por alta traição, mas nesse País de frouxos deixa-se vivo um pilantra como esse, para que, no futuro, ele fizesse o que fez no Araguaia. Imperdoável!

Propriedades rurais foram adquiridas para a preparação dos agentes guerrilheiros em muitas regiões brasileiras tais como: São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Pará, Maranhão, Pernambuco, etc.. 

Com o passar do tempo, verificou-se que não era vantajoso ter-se muitas áreas espalhadas pelo Brasil e sim concentrar as atividades em apenas uma só, estendendo-a à medida em que se fosse aprofundando as ações proselitistas e de infiltração entre as massas.

Em 1967, um primeiro grupo dirigiu-se ao sul do Pará, fronteira com os estados do Maranhão, Goiás e Mato Grosso, região do 'Bico do Papagaio'.

Esse grupo intinerante era comandado por Maurício Grabois e dele faziam parte os guerrilheiros altamente treinados pela Academia Militar da China: Osvaldo Orlando da Costa(Osvaldão),João Carlos Haas Sobrinho,André Grabois, (filho de Maurício Grabois), José Humberto Bronca e Paulo Mendes Rodrigues.
Com a chegada de outros grupos retornados da China, esse contigente compôs-se com 69 membros altamente treinados em guerrilha rural na China comunista.
Em meio a essa tropa de guerrilheiros estavam profissionais de várias áreas. Tinham enfermeiros, estudantes de medicina, professores universitários e médios, agrônomo, etc.. No trabalho de proselitismo entre as massas, alguns se fixaram na região escolhida como médicos e dentistas e enfermeiros que ajudando o povo pobre da região conseguiram conquistar a amizade daquelas pessoas desprovidas de assistência médica, hospitalar e escolar. As escolas foram invadidas por professores que davam aulas sem nenhum retorno financeiro, apenas com o intuito de 'ajudar' o povo esquecido e desprezado pelo Poder Público ausente. 

Outros elementos se fixaram como sitiantes que queríam fugir da cidade grande e compraram pequenas glebas de terra em meio à floresta. Dessa maneira e com muita paciência, foram aos poucos conquistando a confiança daquele povo sofrido que se espantava com os benefícios que os "paulistas" (era assim que os guerrilheiros eram conhecidos na região) lhes traziam.
O historiador comunista e fundador do PCBR, Partido Comunista Brasileiro Revolucionário, Jacob Gorender, em seu excelente livro "Combate nas Trevas", descreve com muita propriedade e extrema veracidade, os fatos que deram início à guerrilha no Araguaia: 

"O prolongado período de preparação seria inviável sem a escolha deliberada da área de atuação e do tipo de trabalho com a população. A área se caracterizava pelo povoamento recente, baixo nível de conflitos sociais e insignificância econômica. O aparelho repressivo do Estado - uns minguados elementos da Polícia Militar - tinha aí presença ínfima e era coisa rotineira a chegada de gente nova numa região de fronteira agrícola. Da sua parte, os futuros guerrilheiros se inseriram na população e seguiram rigorosamente a norma de evitar toda e qualquer atuação política. Assumiram atividades de lavradores e pequenos negociantes, e se restringiram a uma prática assistencial: ensino nas escolas, mutirões, pequenos serviços de enfermagem, participação nas festividades e, vez por outra, nas pendências costumeiras com grileiros."

Como podemos ver, existia uma completa estratégia de atuação baseada em ensinamentos constantes dos manuais de guerrilhas maoístas, que os treinandos estudaram à exaustão nas escolas chinesa e cubana.

No início do ano de 1972, três destacamentos de guerrilheiros estavam treinados e arregimentados para a ação de guerra de guerrilha rural no Brasil. Eram subordinados à Comissão Militar (CM) composta por Maurício Grabois, comandante geral, Ângelo Arroyo e Haas Sobrinho, comandantes de grupo, que cobriam uma área de aproximadamente 7.000 km2 em plena selva amazônica.

Nessa época, a guerrilha urbana estava praticamente liquidada pelas Forças de Segurança do Estado, sob a batuta do presidente Emílio Garrastazu Médici, que não mediu esforços para erradicar a violência terrorista dos bandos de fanáticos a serviço do comunismo internacional de URSS, China, Albânia e Cuba, das grandes cidades brasieiras.

Como o PCdo B não teve participação duradoura nos combates urbanos, éra-lhe mais fácil investir na guerrilha rural uma vez que já vinha se preparando desde os primórdios da década de 60, ainda fazendo parte do PCB, e que agora precisava por em prática os planos tão meticulosamente estudados.

As ligas camponesas de Francisco Julião, no Nordeste, subsidiadas por Cuba, país onde Julião recebeu treinamento apropriado para as suas atividades, eram as primeiras escaramuças de guerrilha rural e teve intensa participação em ações de destruição de propriedades rurais, principalmente em Pernambuco, com queimadas de canaviais e destruição de sedes dessas propriedades altamente produtivas consideradas "latifúndios escravagistas" pelos ativistas de Julião. Esses elementos contavam com a ajuda financeira e material do governador do Estado, o advogado Miguel Arraes de Alencar, que não media esforços para a implantação de um regime comunista no Brasil que, no governo de João Goulart, tinha todos os meios para que isso se realizasse, não fosse a pronta intervenção das Forças Armadas em 31 de março de 1964 pondo fim às conspirações que se mantinham em todo o território nacional.

No início dos anos 70, forças de segurança do Estado já haviam sido alertadas sobre um possível foco guerrilheiro em algum lugar do Brasil rural, só não sabia-se ainda onde seria até a captura, em Fortaleza, de um casal de ativistas guerrilheiros oriundos da região foco. Tratava-se de Pedro Albuquerque Neto e Tereza Cristina de Albuquerque, que eram conhecidos dos Órgãos de Segurança como líderes estudantis bastante ativos e que haviam desaparecido repentinamente e reaparecidos em Fortaleza. 

A informação passada pelo Superintendente da Polícia Federal do Ceará às Forças de Segurança, foram a chave para o início dos trabalhos de desmantelamento da guerrilha que se implantava na região do Araguaia. Apartir das informações preciosas fornecidas pelo casal preso, sem qualquer pressão física ou psicológica por parte dos interrogadores do Exército, fizeram com que os meios de enfrentamento fossem preparados e o treinamento de tropas especializadas se realizasse no menor espaço de tempo possível.

A deserção desse jovem casal guerrilheiro, deveu-se à exigência irracional por parte de Maurício Grabois, para que a moça que se encontrava grávida abortasse de imediato para não prejudicar sua atuação como guerrilheira. Seu esposo, não concordando com aquele ato de selvageria e desrespeito para com a pessoa humana, resolveu que fugiríam na primeira missão que recebessem e abandonaríam de vez aquela atividade que os decepcionara por completo.

Foram assegurados, por parte das autoridades militares aos dois jovens, que nada lhes aconteceria se eles cooperassem com os órgãos de repressão às atividades subversivas dos seus antigos companheiros de luta armada. Eles concordaram e passaram a dar as informações precisas para a montagem da contraofensiva por parte das FFAA à guerrilha rural já descoberta e ainda não combatida, ao mesmo tempo em que a jovem gestante era assistida em sua condição de futura mãe.

Como relatei anteriormente, já existia a desconfiança por parte dos Órgãos de Segurança, de que havia um foco de guerrilha sendo implantado em algum lugar da região norte de Goiás e sul do Pará, só não sabia-se ainda sua localização exata.

O Cel. Aluísio Madruga, em seu livro: "Guerrilha do Araguaia, Revanchismo", descreve o prelúdio da preparação inicial das forças que iríam combater o foco guerrilheiro do Araguaia ainda por ser descoberto, como segue:

"Como os dados que geraram as suspeitas não evoluiram e por existir grandes probabilidades de serem verdadeiros, o Exército brasileiro aproveitou o período de adestramento dos soldados recrutas incorporados em janeiro de 1970, para realizar os exercícios finais do grupamento 'A' naquela região. Realizado em novembro do mesmo ano, o exercício tomou o nome de Operação Carajáse, por empregar efetivos das três forças singulares e várias unidades sediadas na Amazônia, constituiu-se em um excelente treinamento de conjunto, vivenciado dentro de um quadro de contra guerrilha em ambiente de selva. Todavia, mais que atingir um adestramento, aquela manobra teve o objetivo de caracterizar a presença das Forças Armadas na região e de exercer a ação de dissuasão, além de contar com a possiblidade de vir a confirmar os dados até então existentes sobre o trabalho que o PC do B estaría realizando na área.



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      A história que não foi contada  



                                                                   

                                                                     


4ºCapítulo









A grande farsa dos "heróis" da esquer

defensores da democracia"




A Guerrilha do Araguaia



Preparação dos comandos de inteligência e das tropas especiais para o combate e desmantelamento da
Guerrilha do Araguaia.





Quando assumiu a Presidência do Brasil, o Gen Emílio Garrastazu Médici, prometeu trazer a normalidade política ao País. Devido a persistência dos comunistas em armas isso não foi possível em seu governo, marcado por um desenvolvimento jamais visto anteriormente na América Latina.

As ações de combate aos ativistas de esquerda continuaríam ainda por algum tempo, tanto no setor urbano quanto na zona rural do País, onde se instalava a guerrilha rural no sul do estado do Parã, mais exatamente na região conhecida como 'Bico do Papagaio', compreendida entre os estados de Goiás, Maranhão e Pará.

Fazía-se necessário o treinamento de tropas de elite do Exército para o combate aos guerrilheiros internados há muito tempo na selva que ladeava o Araguaia. A região, cenário dos combates era e ainda é uma área bravia, com floresta constituída de árvores centenárias que impediam a penetração da luz solar, dificultando assim a sobrevivência de quem, sem um preparo adequado, quisesse atuar naquele sítio completamente selvagem. O deslocamento através da mata fechada só era possível sob orientação de guias altamente familiarizados com a região inóspita e agressiva. Sem o concurso destes, a missão seria impraticável sob o ponto de vista militar.

A seguir, citarei passagens do livro "Guerrilha do Araguaia Revanchismo", do Cel Aluísio
de Moura Madruga, especialista em Inteligência militar e que atuou em campo na
região conflagrada do Sudeste do Pará.

"Foi planejada e executada uma operação de inteligência envolvendo o Sudeste do Pará, e que teve início com a chegada dos primeiros agentes em Marabá a 25 de março, e em Xambioá nos primeiros dias do mês de abril de 1972." Assim descreve o Cel Madruga.

"Ao Sul a operação utilizou-se de agentes especializados em inteligência oriundos de Brasília, portanto em trajes civis, realizando levantamentos na direção Sul-Norte sendo que uma de suas missões era contatar com os agentes oriundo de Belém do Pará, que também em trajes civis, segundo o previsto, e que fariam levantamentos na direção Norte-sul."

"Em várias oportunidades, os elementos do Sul estiveram em vias de capturarem alguns componentes da guerrilha, deixando de fazê-lo, face ao levantamento ainda incipiente sobre o grau de subversão existente na área, a deficiência dos próprios meios de que dispunham na ocasião, com destaque para o de comunicações que funcionavam com dificuldade na selva e, ainda, para evitar a quebra do sigilo da operação."

Infelizmente, devido à falta de atenção no desempenho de suas funções em missão de caráter reservado como essa, elementos que se deslocavam no sentido Norte-Sul cometeram o erro fatal de aprisionar um indivíduo suspeito de ter se deslocado de São Paulo para se introduzir no grupo guerrilheiro, causando assim o fim da Operação de Inteligência, uma vez que não mais podía-se manter o sigilo e tornar vulneráveis as vidas dos agentes na área.

Um episódio que retrata com máxima fidelidade o caráter abominável dos comunistas, aconteceu numa blitz verificada em Marabá. Um ônibus que vinha de Anápolis, Goiás, foi parado para ser feita a triagem dos passageiros quando adiantou-se uma senhora de idade avançada, muito educada, que se dirigiu aos policiais dizendo que esteve em companhia de uma jovem que tinha demonstrado algo muito suspeito em conversas que tinha tido e onde estava com ela. Apontou a moça, descrevendo-lhe a aparência e como estava trajada fazendo com que os agentes policiais desviassem sua atenção dela enquanto iam em busca da denunciada.

Quem fez essa denúncia foi nada mais, nada menos do que Elza Monerat, uma veterana líder comunista oriunda do movimento dos anos 20 e que teve participação ativa na fundação do PCB e agora do PCdoB, indo de São Paulo conduzindo essa garota de nome Rioco Kaiano que iria fazer parte dos guerrilheiros do Araguaia, mas ao perceber que poderia ser identificada pela polícia entregou de "bandeja" a pobre moça, se esquivando assim da blitz, por ser uma atenciosa senhorinha que havia ajudado na captura de mais uma ativista vermelha.

Episódios como esse não são poucos dentro do cenário estabelecido pelos revolucionários que por serem fanatizados praticavam todos os tipos de atrocidades e atos de covardia para fazerem prevalecer seus objetivos.

Corria o mês de abril de 72 quando, após mudarem a tática e a maneira de agir os agentes infiltrados na região lograram êxito numa importante captura. Tratava-se de um elemento que vinha andando por uma vereda quando deu de cara com o grupo comandado pelo capitão Lício que o fez parar para ser vistoriado. Foi encontrado com o viajante em uma mochila, entre outras coisas, um frasco contendo alguns objetos de sobrevivência na selva e remédios para curativos. Ao verificar o conteúdo mais amiúde o capitão Lício encontrou um tesouro escondido.

Era um mapa e anotações contendo todas as informações sobre o grupo Gameleira que o mesmo comandava, ou seja, ele pertencia ao Destacamento "B" das forças armadas guerrilheiras de Mauirício Grabois. O capitão Lício acabara de prender José Genoíno sem disparar um só tiro. Com essa captura o grupo pôde descobrir e destruir 9 depósitos de mantimentos, remédios, material cirúrgico, etc, demonstrando assim o que pretendia o PCdoB com a guerrilha que estava implantando naquela parte do Brasil.

Ainda nessa fase inicial das operações as forças legais sofreram suas primeiras baixas no dia 8 de maio de 72, quando uma equipe de inteligência vinda de Belém do Pará composta de 4 militares que estavam se recompondo da travessia do rio Gameleira e se encontravam longe de suas armas, foram emboscados pelo grupo de guerrilheiros chefiados por Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão, que atirando sem misericórdia matou a tiros o cabo do exército Odílio Cruz Rosa e ferindo um sargento.
Após esse ato, Osvaldão alardeou que não enterrou o corpo para que o Exército, se fosse capaz, fosse fazê-lo e receber as "bos vindas" dos guerrilheiros.

As Operações de Inteligência na região de Marabá foram encerradas devido a vários fatores desfavoráveis e que precisavam ser melhor estudados para que a próxima investida pudesse ser coroada de êxito. Para isso, foi procedido um retraimento da maioria das tropas, permanecendo na área alguns poucos agentes.

"Houve uma reunião de cúpula das autoridades competentes em 15 de maio, decidindo-se pela utilização de tropa do Exército de maneira ostensiva no combate aos guerrilheiros, apoiada em uma pequena estrutura de inteligência que permanecera na região. Dessa maneira, prevalecia o bom senso no sentido de evitar-se mortes desnecessárias."

"Como resultado das decisões tomadas na reunião do dia 15, deslocou-se para a área um destacamento operacional, constituído de 3 pelotões de selva, uma equipe de operações especiais e componentes da FAB, que por sua vez, deslocou-se para a área, possivelmente com dois helicópteros, estabelecendo sua Base de Combate em Xambioá - Go e dois pequenos aviões de observaçÃo L-19 (avião monomotor bastante frágil) que ficaram estabelecidos em Marabá, perfazendo um total de aproximadamente 150 homens. Além desses, em seguida também foram passados à disposição do comandante do destacamento operacional mais 5 Pelotares sendo que desses, três foram para Xambioá e dois ficaram acampados em Araguatins - Go, cada Pelotar com um efetivo de 50 homens, o que elevou o efetivo do destacamento para mais ou menos 400 homens." Assim descreveu o Cel Madruga.

Essa nova tropa desembarcada na área de conflito recebeu constante treinamento anti-guerrilha que recebiam treinamentos regulares semestralmente sobre Gerra Irregular, complementadas por instruções teóricas ministradas constantemente aos seus quadros.

Baseados em dados obtidos com prisões de membros da guerrilha e em relatos fornecidos pela população local, além de farta documentação apreendida em poder dos presos, confirmou-se que o PCdoB pretendia implantar uma guerra de guerrilhas que se iniciaria naquela região e posteriormente se espalharia por outros locais e finalmente se estenderia pelos centros urbanos, como pregavam os ensinamentos maoístas adquiridos nos treinamentos feitos na China por membros da direção do movimento.

As forças guerrilheiras constituíam-se de 3 destacamentos que se subdividiam em três grupos cada.


A preparação dos grupos de inteligência


A maior preocupação do Comando Geral de Operações era no sentido de que os agentes de inteligência não pudessem despertar a curiosidade nos nativos e com isso por a perder todo o treinamento que seria ministrado aos componentes escolhidos a dedo para a missão que não seria fácil de ser executada.

A operação de inteligência deveria levantar hábitos, número de indivíduos da guerrilha, seus pontos de apoio, relacionamento deles com a população local, modus operandi e área de atuação. Para isso era necessária a infiltração perfeita dos agentes, de modo a que fossem confundidos com os moradores da região. Para isso foi montado todo um cenário onde os elementos que fariam parte da missão pudessem treinar à exaustão e se adaptar ao meio onde atuariam.

Uma chácara de um dos componentes da missão foi escolhida para servir de ambiente para o treinamento (esse assunto será abordado no próximo capítulo).

A análise preparatória trouxe os aspectos principais a serem considerados no treinamento, principalmente no tocante ao psicológico dos agentes que deveriam viver integralmente dentro dos costumes dos nativos e respeitar seus valores sociais que, por serem simples, diferiam em muito dos costumes de cada elemento a ser treinado.

Para que todos tivessem em mente os tópicos mais importantes dessa preparação psicológica foram enumerados os pontos principais a serem observados tais como:

Os agentes deveriam passar por um período de adaptação em alguma fazenda da região para conhecer a fundo os hábitos e costumes dos trabalhadores rurais assim como adquirir calos nas mãos para configurar a situação de quem está acostumado com os trabalhos duros característicos de quem lida com as atividades do campo.

Nunca se dar ao luxo de se destacar como um conhecedor das cidades grandes ou falar demais sobre certos assuntos e despertar a curiosidade e desconfiança dos interlocutores.

Fazer amizade com as crianças, dando atenção aos meninos e não se aproximando das meninas para não produzir alguma desconfiança.

Nunca olhar encarando as mulheres, principalmente as casadas e com isso evitar cenas de ciúmes por parte de seus maridos.

Fumar sempre os cigarros habituais da região como os de palha ou quando industrializados usarem os mais baratos.

Ter sempre pouca quantidade de dinheiro nos bolsos.

Conversar apenas o mínimo necessário e sempre sobre as atividades profissionais que desempenham.

Respeitar ao máximo as pessoas mais velhas, lhes dando sempre toda a atenção.

Ter sempre em mente que o mateiro é um ser desconfiado por índole, fazer o mínimo possível de perguntas e nunca forçar respostas para não perder sua confiança.

Lembrar que, sendo amigos das crianças, conquistaria a confiança das mesmas e a amizade de seus pais.

Ter em mente a importância de ser amável, ouvir com atenção qualquer conversa e se mostrar muito religioso, com grande fé em Deus. Gostar do meio familiar e demonstrar grande respeito pelos pais, aspectos de muita relevância para o homem do interior.

Nunca proferir palavras chulas ou gírias em presença de velhos, mulheres e crianças.

Não comer fora da hora respeitando sempre os costumes dos moradores.

Ao tomar uma pinga oferecer sempre aos presentes e sempre derramar um pouco no chão para "o santo," hábito do local.

Ao retornar da mata trazer sempre paus de lenha como de costume da região.

A ocupação da área pelos agentes deveria ser gradativa e se necessário demorar até alguns meses para não provocar desconfiança.

Como pode-se ver, a preocupação com esses aspectos foi muito grande para que não houvesse oportunidade de erros e não colocar em perigo a missão, como aconteceu com a anterior.

Apesar de a missão anterior não ter dado o resultado esperado, ficou marcada na mente dos guerrilheiro e esses se achavam atentos a qualquer movimentação que ocorresse. Desta vez, seria necessário o fator surpresa para que tudo fosse feito de maneira a não resultar em fracasso. Para isso, a longa preparação e treinamento da tropa de comando foi executado com muito esmero e nos mínimos detalhes.

Foram verificados os pelotões ou pelotares que mais e destacaram na missão anterior, solicitando aos seus comandantes que indicassem os subordinados que mais se sobressaíram nestas atividades e que preenchessem as seguintes exigências: elevado grau de discrição; dotados de bom senso; coragem física e moral comprovadas; espírito de iniciativa; tipo físico, linguajar da região e disciplina consciente.

Os assinalados foram abordados individualmente. Uma vez feita a indicação inicial, pequenos grupos foram entrevistados em Brasília. Nessa nova triagem muitos foram dispensados e foram escolhidos 30 elementos, entre os quais todos os chefes de grupos e que conheciam a missão a fundo.

Numa segunda fase, foi estudada a afinidade entre eles. Em seguida foram montadas as duplas que atuariam na operação, uma vez que seria um grande risco utilizar o homem isoladamente por muito tempo, exceto em casos pré-determinados, isto é, como bodegueiros, compradores de cereais,etc.

Essas informações foram colhidas e resumidas do livro do Cel Aluísio Madruga.


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   A história que não foi  contada  


                         








A grande farsa dos "heróis revolucionários e 

defensores da democracia"




A Guerrilha do Araguaia







O profissionalismo com que foi executado o treinamento para a campanha no Araguaia, assemelha-se às missões de infiltração executadas por tropas de inteligência inglesas e americanas na Segunda Guerra Mundial, guardadas as proporções e o caráter das operações naquele teatro de guerra.

Se houvesse interesse, por parte de algum produtor cinematográfico, para colocar na tela dos cinemas esse primor de adestramento garanto que o sucesso seria total. Mas, eles preferem reproduzir a caricatura de certos "heróis" que primaram por assassinar inocentes, como é o caso de Carlos Lamarca, ou endeusar uma personagem patética e falsa como Luiz Inácio Lula da Silva com o filme "O Filho do Brasil", que se tornou o maior fracasso de bilheteria da história do cinema brasileiro. 
Um filme, tendo como assunto a guerrilha do Araguaia, desde que não sofresse a influência malévola dos interessados em denegrir as Forças Armadas, seria um sucesso tão grande quanto "Força de Elite I e II", ou maior. 

Mas, retornemos à trilha do Araguaia.

Os agentes que atuariam na região alvo, foram devidamente instruídos quanto às características da área de operações. "Os habitantes e suas peculiaridades; quanto aos guerrilheiros e suas características, modo de atuação, necessidades etc."

Para que fossem memorizadas as fisionomias dos guerrilheiros, que possivelmente estariam na área, álbuns de fotografias foram exaustivamente manuseados e visualizados.

A "história" de cada voluntário foi montada individualmente. Cada indivíduo montou seu "histórico" pessoal com todos os dados a ele inerentes, tais como filiação, origem, nome de seus irmãos, parentes próximos, profissão, e "causos" referentes à sua vida de modo a parecer típico daquela região ou de outra de onde por ventura tenha vindo.

O texto a seguir e em resumo, foi extraído do livro "Guerrilha do Araguaia - Revanchismo" escrito pelo Cel Aluísio Madruga, no capítulo que trata da preparação das forças que atuariam na região da guerrilha.

Nota: alguns detalhes, tais como os organogramas constantes do livro em análise, não foram publicados. Recomendo fortemente que adquiram esse grande livro, para que tomem conhecimento com mais profundidade da incrível organização que precedeu a campanha contra a guerrilha.

Relata o Cel Madruga:

"Após a análise e as retificações necessárias, foi feita uma massificação das mesmas. Várias vezes por dia eram feitas sabatinas sobre o assunto.

Quanto às profissões levantadas, estas foram compatíveis com as atividades comuns à região. Assim, alguns seriam posseiros, outros bodegueiros nas corrutelas ou compradores de cereais já que era comum na região a compra principalmente de arroz e feijão. Os compradores percorriam as clareiras adquirindo esses produtos dos posseiros e os transportando em lombo de burros, visando vendê-los em outros locais.

Este grupo foi ainda treinado em suas "profissões". Foi então conseguida a chácara de um membro da operação e nela os "posseiros" passaram a trabalhar, de modo a ficarem com as mãos cheias de calos, queimados do sol, aclimatados com o machado, enxada, foice e facão, além de lidar com galinhas, porcos, vacas leiteiras etc.

Junto com eles passaram a conviver alguns instrutores que os orientavam. Para os "bodegueiros", foram compradas ou alugadas pequenas "biroscas" na cidade de Ceilândia, cidade satélite de Brasília, sendo que no contrato de compra o antigo dono obrigava-se a orientar o novo proprietário na arte daquele tipo de comércio.

Para a montagem das histórias de cobertura dos dirigentes, foi decidido que órgãos federais que lá atuavam seriam utilizados. Assim, por intermédio do Ministério da Agricultura, foram nomeados agentes para atuarem oficialmente junto ao INCRA.

O mesmo ocorreu com a SUCAM, sendo que os mata-mosquitos foram oficialmente treinados em Formosa/GO.

A preocupação com os mínimos detalhes foi grande. Os homens estavam se preparando para adentrarem a área. Porém quais as vestimentas e os demais objetos de uso pessoal que seriam conduzidos? Roupas para os posseiros foram compradas, sem terem uniformidade com o padrão. Calças e camisas velhas e surradas, com alguns remendos também foram providenciadas.

E em que e como conduzir o material de uso pessoal? Este foi conduzido em caixas de papelão envelhecidas e até furadas, ou em sacos encardidos e puídos. Nada de uniformidade.

Como o uso de "chinelos de dedo" era comum em algumas corrutelas, aqueles que para lá se dirigiam, tiveram que usá-los antecipadamente, até ficarem nos mesmos as marcas dos dedos.

Cada um, na hora de iniciar o deslocamento para a área, levou certa importância em dinheiro, e um revólver velho ou espingarda.

Tanto a arma quanto a maior parte do dinheiro deveriam ser escondidos (enterrados) em local que ficasse a alguns quilômetros aquém daqueles em que
atravessariam o Rio Araguaia para a área de operações. Posteriormente, quando estivesse normal, retornariam ao ponto para recuperar a arma e o dinheiro.

Ninguém levaria identidade, o que era normal na selva. Não foi descurado, também, o preparo de uma equipe de retaguarda para apoiar as famílias dos integrantes da Operação. Pagamentos, problemas de doenças, dar notícias às famílias e outros. Enfim, essa equipe de retaguarda foi montada com a finalidade de dar tranquilidade a todos. E isso ocorreu."

A descrição das ações preparativas e do treinamento específico para o início das operações na área de combate, foi aqui esplanada com precisão pelo Cel Aluísio Madruga, com a autoridade de quem participou das ações finais que desmantelaram por completo com a guerrilha montada pelo PC do B. 

Seus chefes, comandados por um velho conhecido do Exército por ter sido um dos cabeças na Intentona Comunista de 35, Mauricio Grabois, tinham a real convicção de que poderiam enfrentar as forças de segurança devido à uma ação de assalto a um posto da Polícia Militar do Pará de onde levaram todo o armamento e alguns uniformes e deixaram amarrados todos os componentes do efetivo policial do posto. Essa ação da guerrilha será devidamente tratada no 6º capítulo onde os combates na selva serão abordados em sua inteireza.

O Cel Madruga descreve agora a Operação Sucuri:



A "Operação Sucuri"




"Na Operação Sucuri ficou estabelecido que a mesma teria um Comandante e um Coordenador-Geral que permaneceriam sediados em Brasília, sendo designados ainda um adjunto do Coordenador-Geral e dois Subcoordenadores:



- Coordenador-Geral  

Recebeu a missão de acompanhar a evolução da operação e fazer a ligação dos Subcoordenadores com o Comandante da Operação.

Ficou sediado em Brasília de onde, periodicamente, deslocava-se para a região conflitada. Um adjunto do Coordenador ficou sediado em Araguaína/GO.


- Subcoordenadores

Coordenavam seus subordinados dentro dos objetivos a serem alcançados pela Operação e, periodicamente, transmitiam os informes colhidos para o Coordenador-Geral quando possível, ou para seu adjunto que se incumbia de de transmiti-los. Um subcoordenador ficou sediado em Marabá e outro em Xambioá. 

A rede a ser estabelecida foi dividida em duas sub-redes independentes (Xambioá e Transamazônica), cada uma orientada pelo respectivo Subcoordenador, mantendo-se portanto estanques as equipes de trabalho, tipo celular a mais recomendada para este tipo de operação.

A "rede de informação Xambioá" ficou assim constituída:

- O Subcoordenador da área ocupou o escritório do INCRA de São Geraldo, com seus auxiliares. Todos com EC de funcionários do Órgão;

- 2 (dois) botecos foram instalados, sendo um em Araguanã/GO e outro em Santa Cruz/PA às margens do Rio Araguaia;

- 4 (quatro) glebas de terra foram adquiridas para a instalação de "posseiros" nas localidades conhecidas como Couro Dantas, Gameleira, Pau Preto/Mutum e Abpobora.

- 2 (duas) equipes da Campanha de Erradicação da Malária (CEM) foram criadas sendo que:

- a equipe "A" - operou ma região Santa Cruz/Gameleira;

- a equipe "B" - operou na área Caiano/Pau Preto.


Por outro lado, a "rede de informação Transamazônica" ficou constituída da seguinte maneira:


- O Subcoordenador, sob a EC de engenheiro da SUCAM manteve-se no eixo Araguaína - Estreito e seu auxiliar instalou um subdistrito da SUCAM/CEM na localidade de Bacaba.

- A rede instalou 3 "botecos" nas localidades de Palestina, Brejo Grande e São Domingos respectivamente.

- 4 (quatro) "posseiros" foram implantados nos lugarejos conhecidos como Consolação e Metade.

- Um elemento móvel, ex-militante da organização terrorista Var - Palmares que em troca de sua liberdade passou a colaborar com as forças legais, levado para a área, agia como "gateiro" (elemento que anda pela selva caçando animais, principalmente, os de pele como a onça para fins de comércio) em toda a região da guerrilha, com prioridade para as localidades de Brejo Grande e Couro Dantas.

- 3 (três) equipes da CEM foram formadas, sendo que a equipe "A" atuou na região de São Domingos - Metade; a equipe "B" atuou no eixo Brejo Grande - Consolação e a equipe "C" atuou na área compreendida entre a Transamazônica e os rios Araguaia - Tocantins;

- Um informante volante recrutado na área, agia em toda a extensão da região de operações.

Posteriormente, paralela à rede de informações acima citada, foi montada uma rede de mateiros, que atuavam de forma bastante compartimentada.

Como foi dito anteriormente para que suspeitas não fossem levantadas pelos moradores da área por ocasião da entrada das diferentes equipes na região, foram tomadas todas as providências possíveis para que os homens estivessem bem caracterizados e mesmo sentindo-se como se realmente fossem do local.

Todos vestiam roupas compatíveis com a profissão que fora adotada.

Somente portavam identidade, e assim mesmo com nomes falsos, o Coordenador-Geral, seu Adjunto, os Subcoordenadores e seus auxiliares diretos.

Os elementos do INCRA e da SUCAM portavam a documentação dos diferentes órgãos.

A ocupação dos diversos pontos sem chamar a atenção era fator decisivo, razão pela qual a área foi ocupada gradativamente, a fim de evitar-se, tanto quanto possível um fluxo intenso e simultâneo  dos diversos elementos empregados.

O deslocamento das equipes foi realizado pelos próprios meios e nenhum contato desnecessário entre os elementos destacados foi mantido, a não ser os constantes do fluxo de informações.

As bodegas funcionariam como pontos de controle e coleta de dados na área, sendo por este motivo, as primeiras a serem instaladas. Os donos de "bodegas", preferencialmente, compraram bodegas já instaladas, a fim de evitar que a abertura simultânea das mesmas levantasse suspeitas, acarretando prejuízos para a Operação.

Em seguida, de acordo com a ordem estabelecida,os demais componentes da Operação ocuparam seus postos.

Todos os integrantes da Operação tinham em mente que atuariam contra um grupo clandestino, que possuía sua sua própria rede de informantes e que, dada a nossa missão de inteligência e consequente dispersão, a clandestinidade e a EC, seriam importantes e essenciais.

Consequentemente, nossa Rede de Informações foi montada de modo que os informes, em fluxo contínuo, fluíssem para determinados pontos e destes para os Subcoordenadores, que os processavam e os remetiam ao Adjunto do Coordenador-Geral. A este caberia dar continuidade ao fluxo, remetendo os informes ou informações ao Coordenador-Geral e informando aos Subcoordenadores sobre os assuntos de uma área que tinham interesse na outra.

As ordens, orientações e informações importantes seguiam em sentido inverso.

Fora da Rede de Informação, no início, todos os contatos foram evitados, sendo que, com o passar do tempo, alguns posseiros e botequeiros transformaram-se, também, em compradores de cereais e de outros produtos regionais, o que veio a facilitar os deslocamentos dos mesmos e contatos dentro da rede."

Dessa maneira, e com a organização característica de uma força armada da qualidade do nosso Exército, os voluntários puderam se estabelecer em seus postos de atuação e deram início à Operação Sucuri cônscios de seus afazeres dentro da missão que lhes foram confiada.

A partir do instante em que começaram a atuar no seu território pré determinado, cada homem estava por sua conta e risco e souberam, com maestria, desempenhar suas funções dando subsídio para que os combatentes pudessem iniciar sua tarefa de desalojar e exterminar os bandidos que pretendiam implantar um foco guerrilheiro permanente no coração geográfico do Brasil, como já o faziam as FARC na vizinha Colômbia.

Continua o Cel Madruga:

"Depois de os componentes da Operação terem ocupado seus locais e se ambientado, os informes começaram a fluir, permitindo aos Subcoordenadores, após os analisarem e os integrarem com outros dados já conhecidos, fazerem gradativamente, o mapeamento das zonas de homizios dos guerrilheiros, a identificação da rede de apoio, intinerários, locais que frequentavam e outros.

Assim, com pequenos ajustes, a operação manteve-se por cerca de seis meses.

A partir de então, esta passou a levantar alguma suspeita. Como a autoridade competente concluiu que as informações obtidas já permitiam uma atuação de combate, foi desencadeada a operação de contra-guerrilha com o emprego de tropa descaracterizada.

Então, em uma determinada noite, a tropa sigilosamente abordou a área conflagrada em diferentes locais e equipes orientadas pelos integrantes da Operação Sucuri, após transporem o rio Araguaia, em poucas horas, retiraram da região a totalidade dos componentes da rede de apoio dos guerrilheiros. Concomitantemente , outras equipes também orientadas por integrantes da mesma Operação embrenharam-se na selva em busca do contato com os guerrilheiros. Logo em seguida, tendo as equipes de combate se familiarizado com a região, os componentes da Sucuri não mais as acompanharam.

Há que destacar que a retirada dos componentes da rede de apoio da região, aí incluídos esposa e filhos, teve os seguintes objetivos: negar aos guerrilheiros informações, alimentos (principalmente o sal e óleo) e o querosene, além além de tentar até mesmo proteger estas pessoas, já que muitas, sob suspeita de estarem apoiando as forças legais estavam sendo ameaçadas. Aqui é importante deixar claro que estas pessoas residiam em palhoças de chão batido  e quase sempre sem portas e janelas. De uma maneira geral não possuíam certidão de nascimento nem de casamento, sendo lógico que com seus filhos não era diferente. 

Todo este contingente que deve ter chegado, aproximadamente, a umas 300 (trezentas) pessoas foram conduzidas para um local anteriormente definido,onde permaneceram agrupadas por famílias em barracas, enquanto que algumas senhoras do grupo ficaram responsáveis por prepararem a alimentação que era coletiva. Receberam certidão de nascimento, de casamento e de nascimento de seus filhos. Muitas também tiveram suas terras tituladas.

O emprego da tropa descaracterizada atendeu a várias razões, sendo as mais importantes não permitir aos guerrilheiros a imediata identificação dos chefes que se tornariam alvos mais compensadores e, também, por existirem componentes de órgãos distintos, sendo que o efetivo da mesma não ultrapassou a casa dos 250 homens, incluídos todos os componentes do Paoio Administrativo, ocorrendo durante esta última fase 3 substituições, perfazendo portanto um total de 750 militares empregados.

Estes fatos pegaram os guerrilheiros de surpresa, tendo em vista que de um momento para outro lhes foram negadas as informações necessárias e parte da alimentação, com destaque para o sal. Agora as forças legais atuavam de maneira diferente o que os levou a se deslocarem mais ainda para o Oeste e sempre que possível fustigar ou emboscar as equipes das forças legais.

Nas fases anteriores todas as oportunidades lhes foram dadas. Aqueles que receberam que voz de prisão e sentindo que estavam em desvantagem se entregaram foram presos e bem tratados. O mesmo ocorreu com os que por questões pessoais, fora da situação de combate, também se entregaram. E nem por isto receberam tratamento não condizente com os previstos neste tipo de guerra irregular. Presos aqueles que tinham prisão preventiva decretada ou já  eram condenados foram encaminhados para a Justiça, enquanto que os demais foram simplesmente soltos.

Quanto aos que ainda permaneciam na na selva, tinham conhecimento destes fatos, porque panfletos com fotos dos guerrilheiros presos sendo bem tratados  e com bilhetes de próprio punho, concitando seus companheiros a se entregarem foram colocados em vários pontos da área de guerrilha.

E nesta nova e última fase de combate à guerrilha, as mesmas oportunidades lhes foram oferecidas. Porém, enganados inicialmente por parte do Comitê central do PC do B que lhes informavam da da importância de resistirem nas posições em busca em busca  dos objetivos do Partido, e depois abandonados, os "guerrilheiros" se negavam a ser presos. Assim é que no primeiro contato entre guerrilheiros e uma das equipes das forças legais, ao receber voz de prisão um guerrilheiro se rendeu e quando o chefe da equipe se aproximou do mesmo, este se aproveitando da falta de visibilidade da selva, sacou dois revólveres que mantinha escondidos, atingindo ao mesmo tempo dois oficiais, sendo um na boca e o outro no braço. E desde então , vez por outra as forças legais eram atacadas por meio de emboscadas, ou quando surpreendia os guerrilheiros e lhes dava voz de prisão estes reagiam contra-atacando. Já existia o exemplo do cabo que o grupo do "Osvaldão" matou e que, além de não enterrar, anunciou que os militares mortos não mereciam nenhum tipo de consideração ou benevolência e, também, o exemplo do oficial que levou o tiro na boca, dentre outros. Nas tentativas seguintes de realizações de prisões , invariavelmente, a reação era sempre a mesma, ou seja, respondiam à bala. Então o que fazer? Depor as armas, fugir? Ou reagir à altura?

E neste dilema restava às equipes sempre a última opção que era a de partir para o combate aberto, até porque foi para isto que seus integrantes foram preparados. E se a baixa era do inimigo, para aqueles aqueles que não conheceram a região naquela época e também não participaram daqueles combates é extremamente fácil dizer, hoje, o que fariam no exato momento do evento e após o mesmo. No entanto aqueles que lá estavam cumprindo com o seu dever perante a Nação, durante os combates, fizeram o que podiam fazer de melhor que foi salvar as suas próprias vidas, concluindo que não tinham porque se arriscar mais uma vez , correndo o risco de caírem numa emboscada, por terem que conduzir em algumas ocasiões, por mais de 50 ou 70 km, através da selva, o corpo de alguém que momentos antes tentara matá-lo. Esta conclusão foi consequência da própria situação do,local dos combates: selva fechada, cheia de perigos e emboscadas!...

Por outro lado, todos aqueles "mateiros" que tiveram suas terras tituladas na ocasião passaram a ser considerados inimigos da guerrilha e, portanto, perseguidos por ela. Alguns, pressionados para abandonarem as terras que tinham acabado de receber procuraram as forças legais no sentido de receberem apoio. Informados de que não existia a possibilidade de receberem esse tipo de proteção foram orientados para se organizarem e se protegerem o que passaram a fazer ao criarem os Grupos de Auto-Defesa (GAD). Assim,  em algumas oportunidades, ao se sentirem perseguidos por componentes da guerrilha se juntaram e fizeram justiça pelas as próprias mãos, com o objetivo de se firmarem como líderes em uma região violenta. Tentavam também, a seu modo, provar para as forças legais que iriam defender os bens recebidos até as últimas consequências."  


Deve estar claro que ninguém, dentro do Exército, tinha como missão exterminar brasileiros que tiveram suas mentes trabalhadas por profissionais do marxismo e que permaneciam enganados dentro de uma ideologia que se baseava no fanatismo para desencadear sua ofensiva, cujo objetivo era a derrubada do Regime Militar e consequente tomada do poder para a implantação do comunismo marxista/maoista/albanês.

Podemos constatar também que, dentro de uma estratégia preestabelecida, as forças legais retiraram do inimigo o seu suporte logístico e de informações, ocasionando um prejuízo importante para o enfraquecimento de suas atividades na região conflagrada.

O apoio dado aos retirantes da área de conflito, proporcionou-lhes inúmeros benefícios que os ajudaram no futuro de suas famílias. Pessoas que ainda não tinham documentos pessoais os receberam gratuitamente para si e para os seus familiares. Além disso, muitos receberam a titularidade de suas propriedades e com isso se viram livres dos grileiros que infestavam a região.

Vimos, também, a incapacidade dos guerrilheiros, em sua maioria, em aceitar a rendição incondicional reagindo sorrateiramente e ferindo ou matando aqueles que lhes davam a oportunidade de se reintegrarem à sociedade através do benefício - caso não fossem procurados ou condenados pela Justiça - do perdão oficial, como muitos foram beneficiados.

Com essas reações planejadas, provocaram a contra-partida dos legalistas numa atitude de auto-defesa para a preservação de suas próprias vidas e as de seus comandados.

Para quem nunca fez parte de uma fileira militar é difícil entender a mentalidade da caserna. O sentimento de solidadriedade e de irmandade entre brasileiros fardados fizeram muitos militares sofrer ao verem garotos com menos de 30 anos sendo dizimados através de suas armas, por eles não entenderem que estavam errados e ludibriados por elementos que não lhes tinham o menor respeito como seres humanos que eram. Para esses "líderes", os jovens, muitos secundaristas, não passavam de peças numa aventura bélica que pretendiam ganhar enfrentando mar bravio numa canoa furada.

Jacob Gorender, em seu "Combate nas Trevas", se refere assim à Guerrilha do Araguaia, mesmo cometendo suas digressões por ser um marxista:

(Os grifos em azul são meus.)

Para a esquerda armada, a guerrilha urbana devia ser preparatória da guerrilha rural. Nenhuma das organizações empenhadas  na guerrilha urbana chegou à guerrilha rural. Algumas dezenas de pequenas bases foram esboçadas em regiões agrícolas com famílias camponesas e, eventualmente, combatentes treinados. A compra de sítios e fazendas pelas organizações clandestinas incentivou as transações de terras naqueles anos. Com pequeníssima fração, está claro. Quando não sofreram o desmantelamento por intervenção do inimigo , essas bases da projetada guerrilha rural se desativaram por si mesmas.

Unicamente o PC do B conseguiu preparar e efetuar verdadeiras operações de guerrilha rural. Se considerarmos a fase de preparação de seis anos, cabe cabe concluir que se tratou de notável façanha. A própria guerrilha esteve ativa cerca de dois anos, o que representou façanha ainda mais notável.(!!???)

Alguns fatores favoreceram esse resultado. Antes de tudo, o PC do B se afastou por completo da luta armada nas cidades. Resolveu seus problemas logísticos sem precisar recorrer a ações expropriatórias(assaltos, sequestros, roubos de carros e invasões de propriedadese ficou poupado dos efeitos desgastantes , que elas provocaram nas outras organizações. 

Nas cidades - consideradas cenários de segunda ordem - o PC do B se dedicou ao proselitismo discreto e a propaganda sem estardalhaço, o que não atraiu a atenção dos órgãos da repressão policial. Em consequência, sofreu poucas prisões  de militantes até 1972 (uma delas, no final de 1969, a de Diógenes de Arrda, dignificado pelo comportamento diante dos torturadores da OBAN. 

O PC do B pôde, em suma, concentrar recursos humanos e materiais na estruturação da sua base guerrilheira , no que revelou extraordinária capacidade organizativa. A partir de 1967, fixou-se à margem esquerda do rio Araguaia, sul do Pará, um grupo de militantes com treinamento na China: Osvaldo Orlando da Costa (Osvaldão), João Carlos Haas Sobrinho, André Grabois, José Humberto Bronca e Paulo Mende Rodrigues. Paulatinamente, sobretudo a partir de 1970, chegaram outros militantes e o total atingiu 69, dispersos ao longo de um arco estendido de Xambioá até Marabá.
A introdução destas dezenas de militantes, sua adaptação e treinamento de combate no próprio local - tudo isto exigiu sagacidade e soluções criativas. Os relatos de José Genoíno Neto - sobrevivente , porque aprisionado no rimeiro dia do ataque inimigo - permitiram a reconstituição da fase anterior às campanhas guerrilheiras. 

O prolongado período de preparação seria inviável sem a escolha deliberada da área de atuação e do tipo de trabalho com a população. A área se caracterizava pelo povoamento recente, baixo nível de conflitos sociais e insignificância econômica. O aparelho repressivo do do Estado - uns minguados elementos da Polícia Militar - tinha ali presença ínfima e era rotineira a chegada de gente nova numa região de fronteira agrícola.a sua parte, os futuros guerrilheiros se inseriram na população e seguiram rigorosamente a norma de evitar toda e qualquer atuação política. Assumiram atividades de lavradores e pequenos negociantes e se restringiram a uma prática assistencial: ensino nas escolas,mutirões, pequenos serviços de  enfermagem, participação nas festividades e, vez por outra, nas pendâncias costumeiras com grileiros.

Ao começar o ano de 1972, três destacamentos de guerrilheiros estavam treinados e arregimentados para a luta. Subordinavam-se à Comissão Militar - composta por Maurício Grabois, Ângelo Arroyo e Haas Sobrinho - e davam conta de uma área de cerca de 7.000 km2, coberta de floresta tropical. Sob o aspecto numérico,previa-se até o final do anoa incorporação de mais uns poucos elementos, o que o que completaria o efetivo julgado ideal para o desencadeamento da guerra popular.Do ponto de vista da direçao do PC do B, não importava o fato de que, naquele momento, a guerrilha já se achasse em extinção. Afinal, o decisivo era mesmo o campo, não a cidade. Demais disso, João Amazonas e seus companheiros tinham certo que o Governo Médici era cada vez mais "instável" (grifo meu), "desprovido de base social" (grifo meu)  e politicamente desmascarado diante das massas. Como não partir para a guerra popular, seguindo os ensinamentos do camarada Mao Tse-tung?

Assim, o começo da luta por iniciativa do Exército, a 12 de abril de 1972, antecipou de pouco tempo o que estava planejado pela Comissão Militar no Araguaia. Como a experiência demonstra acerca desse tipo de preparação clandestina. cedo ou tarde a base teria sua existência exposta por elementos desertoresou obrigados a se retirar devido à inadaptação, necessidade de tratamento de saúde ou algum outro motivo.Atribui-se a delação a uma militante de nome Regina, que viajou do Araguaia a São Paulo a fim de receber assistência médica. Quando um desertor, preso em Fortaleza , forneceu aos órgãos policiais, estes já tinham conhecimento da trama no sul do Pará.


Demonstrando boa vigilância, a base guerrilheira, até então encoberta, recebeu em posição de combate o ataque das tropas inimigas. Estas é que não estavam treinadas e equipadas para a luta na selva. O Exército ainda não aprendera a lição do Vale do Ribeira. Utilizou unidades de conscritos, sem sem preparação especializada de contraguerrilha na floresta. Fracassaram na tentativa de tentar penetrá-la, ao passo que os guerrilheiros se moviam nela com facilidade, infligiam baixas ao adversário e conservavam o grosso do seu contingente.

Sob o comando do Gen Antônio Bnadeira (um dos nomes da lista de torturadores), a frustrada investida do Exército se encerrou em julho.A região ficou submetida à ocupação militar/policial e u regime de "brutalidade aterrorizante" (grifo meu) se abateu sobre a população. Os agentes do Governo a não só descobrir colaboradores dos guerrilheros como deixar bem marcada a punição para quem lhes manifestasse simpatia.Uma segunda campanha do Exército, com efetivo estimado em cinco mil soldados, não alcançou melhor resultado em setembro-outubro de 1972. A tropa saiu da região e os guerrilheiros puderam deixar o abrigo da selva e incursionar pelos povoados.

Só então, quando nada restava para continuar encoberto, é que o grupamento guerrilheiro se lançou a um trabalho político junto à população local. Com este objetivo, proclamou-se a criação da União pela Liberdade e pelos Direitos do Povo (ULDP), cujo programa de 27 pontos resumiu reivindicações dos trabalhadores e camadas médias da região. Se o programa revelou visão concreta e argúcia tática, o efeito prático resultou insignificante. O trabalho político já começava vinculado à mais alta forma de luta revolucionária - a luta armada direta contra o Estado, representado pelo Exército. Convidava-se a população a apoiar esta luta e mesmo tomar parte nela, sem sem ter passado pela mediação de formas de luta inferiores e adquirido, no processo, a necessidade de pegar em armas.

O trabalho político quase nada alcançou do ponto de vista do recrutamento de novos combatentes saídos da própria massa, enquanto já era impossível receber reforços enviados de fora pelo PC do B. Conforme o Relatório de Ângelo Arroyo -que conseguiu escapar da área conflagrada no começo de 1974 - o grupamento guerrilheiro diminuiu para 56 combatentes, quando se defrontou com a terceira campanha do Exército.

A Comissão Militar juntou os três destacamentos, movida pela idéia de que a concentração do efetivo permitiria ações de maior envergadura. As duas vitórias de 1972 firmaram o comando na decisão de permanecer na esma área de floresta, onde supunha que os guerrilheiros conservariam condições de defesa inexpugnável.Pode-se imaginar se não teria sido preferível a alternativa da movimentação através de outras áreas, apesar da desvantagem do seu desconhecimento concreto. Da minha parte, penso que o resultado não seria diferente. Qualquer que fosse a decisão militar, padeceria do mesmo defeito essencial da carência de apoio político nas massas em nome das quais os combatentes do Araguaia se batiam com tanto destemor.

Com efeito, os guerrilheiros não conseguiram a adesão da população existente na área escolhida para sua atuação. Por maior que tenha sido o esforço nesse sentido,  em nada resultou as tentativas de massificar a luta em prol de seus ideais marxistas.

Confiaram demasiadamente em sua estratégia equivocada, permanecendo num terreno já completamente dominado pelas forças legais e insistindo no erro, possivelmente depois das duas tentativas pouco técnicas feitas pelo Exército, e que deram a falsa impressão de que as forças legais seriam incapazes de os enfrentar em seu território.

Percebe-se, nesse relato de Jacob Gorender, que os ativistas maoístas do PC do B não estavam preparados para uma longa e penosa luta, pois estavam completamente isolados pelos seus tutores que, do conforto de seus apartamentos em São Paulo, nunca souberam com exatidão o que se passava com os seus camaradas na selva do Araguaia.

As defeccões e baixas havidas nas fileiras guerrilheiras não poderiam ser repostas, visto que o Exército já sufocava, com seus paraquedistas e outros guerreiros altamente treinados em guerra de selva, as rotas de fuga que por ventura os guerrilheiros pudessem ter. O fato é que esses nada previram nesse sentido e foram neutralizados todos aqueles que teimaram em continuar com a luta inglória a que se propuseram.

Jacob Gorender continua com suas considerações a respeito das atitudes errôneas dos guerrilheiros, mas pontualmente distorcendo a verdade:

Duas derrotas deixaram evidente que a tática do Exército precisava mudar. Os generais afinal aprenderam a lição. Enquanto infiltravam agentes de inteligência na zona conflagrada, treinaram no Sul, em absoluto segredo, profissionais especializados em contraguerrilha na selva. A Brigada Pára-quedista, comandada pelo Gen Hugo Abreu, forneceu a maioria desses profissionais. Ao mesmo tempo, criou-se a Ação Cìvico-Social (ACISO), departamento incumbido de atividades assistenciais, tendo em vista combinar o terror repressivo generalizado ao efeitos suasórios dos serviços de médicos e dentistas junto a uma população inteiramente desassistida.

Faço aqui um parêntese para destacar a falsa alegação do escritor marxista, onde ele se refere à suposta atuação das forças de segurança: 

"tendo em vista combinar o terror repressivo generalizado ao efeitos suasórios..." 

Ora, isso se mostra completamente antagônico ao seu relato anterior onde disse que: 

"Se o programa revelou visão concreta e argúcia tática, o efeito prático resultou insignificante. (...) O trabalho político quase nada alcançou do ponto de vista do recrutamento de novos combatentes saídos da própria massa..."  

Essas contradições pontuam todos os relatos dos "historiadores" esquerdistas. Com que objetivo o Exército precisava aterrorizar o povo já sofrido da região do Araguaia, se esse mesmo povo rejeitava a guerrilha e seus componentes? Em que resultaria uma pressão desnecessária como essa? Seria contraproducente do ponto de vista da conquista da opinião pública para a repressão aos comunistas em conflito. Isso não passa de desculpas para a derrota acachapante e humilhante sofrida pelos guerrilheiros do PC do B.

Numa campanha bélica, qualquer exército no mundo procura, em primeiro lugar, tentar conquistar a simpatia da população atingida pelo conflito a fim de lhe proporcionar meios mais fáceis de desempenhar as atividades militares. Pensar que as forças legais não atuaram dessa maneira, é não conhecer a filosofia dos militares brasileiros que conheci quando servi ao Exército em 1968. Se faz necessário salientar que a luta era entre irmãos e não contra invasores estrangeiros. Qual seria o resultado prático de se hostilizar a população contra o Exército? Essas alegações carecem de lógica.


Continuando com Jacob Gorender:

A terceira campanha começou em outubro de 1973, de propósito na estação chuvosa, o que aumento as dificuldades para os guerrilheiros.* Ao invés de conscritos bisonhos, agora vinham pára-quedistas em pequenos grupos, protegidos e coordenados, portando fuzis FAL e metralhadoras leves. Já o armamento dos guerrilheiros era bem inferior e não melhorou no curso da luta.Poucas metralhadoras, armas individuais de longo alcance de tipo antiquado e em número insuficiente, munição cada vez mais escassa.

Cercados, colocados na defensiva, sem qualquer possibilidade de reposição de baixas (ao contrário do inimigo), os guerrilheiros iam sendo dizimados. Nos últimos dias de dezembro de 1973, os pára-quedistas penetraram no reduto da Comissão militar. Maurício Grabois e Haas Sobrinho morreram em combate. Já haviam tombado Dinalva Teixeira (Dina), José Francisco Chaves, operário comunista desde 1935, André Grabois, fiho de Maurício. Reduzido a menos da metade, o grupamento guerrilheiro estava condenado à extinção. Em abril de 1974, o tiro de um "jagunço" derrubou o gigante negro Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão amigo da gente do Araguaia, o mais temido dos lutadores, já sem forças sequer para se defender.(?)


Nesse trecho, em que ele narra a derrocada dos insurgentes do Araguaia, já não se vê tantas glórias nas atitudes dos "heróis" maoístas. Eles tiveram chance de se entregar sem nenhum risco de vida, desde que não resistissem à prisão, como os que atiraram em oficiais que foram ao seu encontro após se declararem rendidos. Porém, não o fizeram e escolheram a luta e por isso tombaram crivados de balas por sua obstinada loucura.

Osvaldão, no episódio relatado anteriormente sobre o cabo Rosa, não titubeou antes de atirar no militar que estava dentro d'água tomando um banho e completamente desarmado. Por que o guia (e não um jagunço) teria compaixão do "mais temido dos lutadores"?

Maurício Grabois, sequer mandou alguém recolher os restos mortais de seus camaradas, inclusive o de André Grabois, seu filho, que ele levou para a selva para morrer por seus "ideais" marxistas. Hoje, porém, os revanchistas e caçadores de cadáveres cobram das FFAA a localização dos corpos de seus saudosos guerrilheiros como se fosse obrigação dos homens do EB carregar cadáveres em decomposição através de um mar verde quase intransponível e sob o risco de emboscadas por parte dos bandidos.

Numa guerra regular, existe o corpo médico que atua na retaguarda e proporciona o socorro aos feridos removendo-os do campo de batalha para hospitais de campanha ou mesmo para aqueles situados em cidades próximas em condições de oferecer ajuda aos necessitados.

Numa guerra de guerrilha, ou guerra irregular, esses meios inexistem por sua característica própria. Num terreno difícil como o de selva, o socorro médico teria de ser feito pelos próprios combatentes, correndo o imenso risco de um contra-ataque por parte dos guerrilheiros através de emboscadas ou mesmo armadilhas preparadas contra seus perseguidores.

Veremos, nos relatos dos combates nos capítulos a seguir, como foi difícil e arriscado, o socorro ao Maj Lício Maciel, quando este foi alvejado traiçoeiramente por uma guerrilheira que se supunha já fora de combate.

Querer que as forças legais recuperassem corpos de guerrilheiros abandonados por seus pares é exigir demais de quem os combatia com imensos sacrifícios. Exigir que os participantes desses combates apontem hoje e com precisão os locais onde tombaram, há mais de 40 anos, os guerrilheiros, é querer zombar da inteligência de qualquer gênio.

Por isso, quando vejo, nos meios de comunicação, comunistas raivosos e outros idiotas querendo que o Exército encontre os restos mortais de marginais que tombaram no Araguaia, penso comigo mesmo: eles são uns gozadores.




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     A história que não foi contada  


                  

                          


6º capítulo





A grande farsa dos "heróis revolucionários e 

defensores da democracia"



A Guerrilha do Araguaia



Neste capítulo, as narrativas serão do Cel Lício Maciel, extraídas do seu livro , "Guerrilha do Araguaia": Os PrimórdiosAs OperaçõesA Descoberta da Grande Área.
A prisão de José Genoíno Neto ou "Geraldo". 





Lourinaldo Teles Bezerra


" Seu nome é sacrifício. Por ofício desprezam a morte e o sofrimento físico.
Seus pecados mesmo são generosos, facilmente esplêndidos.
A beleza de suas ações é tão grande que os poetas não se cansam de celebrar.
Quando eles passam juntos, fazendo barulho, os corações  mais cansados sentem estremecer alguma coisa dentro de si. A gente conhece-os por militares."





Considerações sobre a época dos combates






Na época em que aconteceram os primeiros enfrentamentos entre as forças legais e os guerrilheiros do PC do B, na selva do sul do Pará no ano de 1973, após demoradas propostas de rendição que duraram meses, feitas pelo Exército Brasileiro aos comunistas armados e comandados por Maurício Grabois, o Brasil havia entrado no período áureo de seu desenvolvimento.

Sob o Governo do Presidente Emilio Garrastazu Médici, que não media esforços no sentido de melhorar o País, tirando-o de uma posição incômoda perante o restante do mundo daquela época e o posicionando no verdadeiro lugar a ele reservado, o nosso Brasil emergia como um milagre econômico.

Referindo-se ao Brasil de Médici, o escritor marxista e fundador do PCBR, Partido Comunista Brasileiro revolucionário, Jacob Gorender, que se encontrava preso no Presídio Tiradentes e já citado nesse documentário, descreve sua participação como ministrador de palestras sobre a História do Brasil dentro da prisão onde se encontrava: 

" Durante ano e meio, sempre às noites de segunda-feira, fiz palestras sobre a História do Brasil. O entra-e-sai variava o público. A platéia poderia ter dez ou 25 ouvintes, conforme os momentos de quedas na esquerda. Poucos presos ouviram o curso da primeira à última palestra, quando abordei o Governo Médici e escandalizei alguns sociólogos presentes ao afirmar que a economia brasileira não sofria de estagnação estrutural e atravessava uma fase de auge expansionista."

O choque provocado pelas palavras de Jacob Gorender nos sociólogos presentes à sua palestra, se deve ao fato de que existia na Europa, à época, uma campanha difamatória contra o Governo brasileiro, promovida por elementos da esquerda ativa, tais como Miguel Arraes (PSB), Leonel Brizola (PTB), D. Helder Câmara (Teologia da Libertação), Apolônio de Carvalho  (PCBR partido de Jacob Gorender), Ladislas Dowbor da VPR, Jean Marc Von Der Weid, da AP, JoséMaria Crispim (PC), Almino Afonso e outros. 

Esses elementos faziam parte da cúpula da FBI - Frente Brasileira de Informações, uma organização fundada para difundir mentiras sobre todos os tipos de assuntos que se referissem ao Governo Brasileiro. 

Essas informações fraudadas ganhavam maior importância quando eram pregadas por um clérigo do peso de D. Helder Câmara, conhecido há já bastante tempo nos países europeus onde participava de congressos e palestras de cunho religiosos ou sociais do "clero progressista" da América Latina.

O centro dessa campanha difamatória tinha como sede Paris, onde no dia 15 de janeiro de 1970, no Centro de Convenções Mouber Mutualité, pertencente aos sindicatos comunistas de Paris, a "Reunião de Solidariedade com o Povo Brasileiro", tendo ao fundo um grande mural com a fotografia de Carlos Marighela, foi prestigiada por personalidades da esquerda mundial.

Mas, o Brasil, sob a batuta do Presidente Médici, galgou imensos degraus na subida ao progresso e desenvolvimento social do nosso povo, assim como no setor industrial, energético, transporte, portuário, aeroportuário, científico, exportação, pesquisas agropecuárias (EMBRAPA), petróleo, etc. 

Apesar da intensa campanha difamatória empreendida no exterior por maus brasileiros, essa não conseguiu o sucesso esperado, visto que os negociantes, diplomatas e mesmo os turistas que para aqui vinham, podiam atestar o contrário do que se pregavam lá fora e desmentir tais informações consolidando o prestígio que o Brasil conquistava com o passar do tempo.

Outro fator que ajudou na derrocada da campanha negativa da FBI foram os desentendimentos ocorridos entre membros dessa organização, que fizeram com que ela se enfraquecesse e fosse definhando por absoluta falta de coerência em suas afirmações falsas na medida em que seus membros se distanciavam dos objetivos iniciais propostos.

Na Argélia, de onde provinham grande parte dos recursos necessários para a campanha de difamação do Brasil, Miguel Arraes se desentendia com outro brasileiro ali refugiado, Silvio Lins, na partilha dos dólares oriundos das comissões provenientes dos negócios a que estavam afeitos por concessão do governo argelino com a Central Elétrica de Annaba e suas linhas de transmissão, que renderiam a eles cerca de US$ 3 milhões de dólares em comissões e que deveriam ir para o fundo do Movimento Popular de Libertação, fundado por Silvio e Arraes, o que provocou imensa discórdia entre os dois. 

Arraes não concordava que fosse destinado tanto dinheiro para a revolução e queria uma parte dessa grana o que provocou a briga entre os dois comunistas de Pernambuco. A ganância e a corrupção que dela se originou, dentro do governo argelino, fez com que Boumedienne, - presidente da Argélia, e que recepcionou Arraes, na sua chegada ao país africano, com honras de estadista - expulsasse Miguel Arraes com desonra do país que o acolhera.



O livro "Médici", do Gen Div Agnaldo Del Nero Augusto, é um depoimento precioso sobre esse período marcante da História Moderna do Brasil. Nele, iremos encontrar quase todas as realizações (quase todas, porque foram tantas que seria praticamente impossível relacioná-las totalmente num só livro de apenas 262 páginas) desse Governo, que foi elogiado até por ex-ativistas comunistas como o famoso escritor acima citado e pelo próprio Luiz Inácio Lula da Silva, que deu uma entrevista a Ronaldo Costa Couto em 03/04/1997 e declarou o seguinte "... o regime militar impulsionou a economia do Brasil de forma extraordinária. (...) Se houvesse eleições, o Médici ganhava."
Foi nesse período de grande revolução desenvolvimentista que os combates na selva do Araguaia tiveram seu início.Seria desnecessário dizer-se que isto seria inacreditável, caso os comunistas quisessem o bem do Brasil e de seu povo. Com os brasileiros querendo a melhoria de vida num País que carecia de tudo, inclusive de bens de primeira necessidade, deflagrar uma guerra de guerrilha seria impensável. Mas, a sanguinária ânsia de poder dos comunistas era cega aos acontecimentos da época. O Ten Cel Ref Lício Augusto Ribeiro Maciel, autor da prisão de José Genoíno e um guerreiro exemplar na luta contra os guerrilheiros do Araguaia, em seu livro: 'Guerrilha do Araguaia - Relato de um combatente', descreve em minúcias e com precisão sua participação na campanha. Com professoral estilo, o Cel Lício explica cientificamente como é ambientar-se na selva amazônica e suas dificuldades extremas quando da perseguição e enfrentamento dos guerrilheiros num ambiente hostil como uma selva tropical.Não seria possível obter-se resultados positivos na guerra de guerrilha se as tropas empregadas na campanha não possuíssem o treinamento especializado em selva. Seria jogá-las às piranhas.Começa agora o penúltimo capítulo dessa magnífica epopéia acontecida numa das regiões mais inóspitas do Brasil.O Cel Lício Maciel dá sua contribuição relevante à História com seus relatos cheios de brilhantismo didático como segue.
Primórdios                                                                                             
 A imprensa tem sistematicamente publicado versões fantasiosas e mentirosas de alguns combates e incidentes da guerrilha do Araguaia. São versões "por ouvir dizer", escritas maliciosamente por quem não tem a mínima idéia do que seja um combate, muito menos na selva.Sem exceção, são todos eles,jornalistas d esquerda, comunistas e inocentes úteis.Os anticomunistas e realistas desapareceram, silenciaram.Se os poucos militares combatentes ainda vivos, participantes, se omitirem, ficará valendo a versão dos derrotados. Deixo aqui o meu convite, verdadeiro apelo, aos reais combatentes para que deixem o seu depoimento, suas versões dessa fase difícil, dessa verdadeira guerra.Os primeiros mortos na luta do Araguaia foram quatro militares e um morador que tinha servido de guia para a minha primeira patrulha que entrou na selva; só depois começaram as baixas dos guerrilheiros. Isto é uma demonstração irrefutável de que os militares agiam com comedimento, com cuidado para que não haver enganos nem excessos.Foram dadas inúmeras e demoradas oportunidades para que eles se entregassem: o local foi descoberto em 1072 e só foi neutralizado em 1974. Com a descoberta das áreas dos três grupos, seria muito fácil, por exemplo, empregar a Divisão de Pára-quedistas para neutralizá-los em curto prazo. Mas isto não foi feito; foi adotada uma solução humana, demorada e, inclusive, mais arriscada para os militares. Muitas outras soluções instantâneas poderiam ter sido adotadas.Após terminada a operação Sucuri, em setembro de de 1973,inúmeras vezes foram lançados panfletos e transmitidas mensagens por megafone por meio de aeronave a baixa altura, concitando a que se entregassem, com garantia de julgamento justo, tratamento humano e imparcial. Não surtiu efeito; eles se decidiram pelo confronto e assim aconteceu.No início de 1974, ainda convalescendo, cumpri várias dessas missões, embora a pressão atmosférica na cabeça (face e ouvido), ainda me exigisse um grande esforço. Voávamos em grandes círculos e exatamente sobre a área dos acampamentos dos guerrilheiro, lançando os panfletos, numa demonstração clara de que sabíamos exatamente onde eles estavam.Dizem eles, mesmo assim, inconformados com a derrota, que esta demora de eliminação do foco, foi por incompetência do EB. A despeito da anistia e de mais de trinta anos já terem se passado, mantêm o mesmo ódio inicial contra o Exército particularmente e, agora, ainda buscam indenizações.Quando os militares chegavam na área eles se escondiam em refúgios muito bem planejados e preparados, verdadeiras "tocas de onça", à beira de um córrego de águas cristalinas, como muito conforto, ficavam dormindo. Só saiam quando não havia mais perigo e se vingavam da população que teve contato com os militares. Assim, era realmente muito difícil achá-los naquele verdadeiro palheiro;  a tática  deveria ser outra, claro.Hoje tentam tornar crível uma série de mentiras, que sugerem aos moradores da área, com interesses pecuniários, que repetem. Mas contra fatos não há argumento.O PC do B tem por problema a foice e o martelo, além do próprio nome revelador.Todos os componentes do grupo militar da guerrilha, encabeçada por Zé Carlos ( André Grabois ), foram formados em terrorismo nos países comunistas. E, mesmo assim, querem convencer que lutavam contra a ditadura. Já estavam em treinamento muito antes de 64, logicamente para tomar o poder, fosse qual fosse o regime. Em 1952, Marighela estava na Academia Militar de Pequim, aprendendo as mais vis torpezas a serem impostas a seus conterrâneos. Em 1935, já tinham tentado comunizar o País, assassinando traiçoeiramente inúmeros militares enquanto dormiam e um grande número de civis contrários ao movimento. No início de 1964, André Grabois, do PC do B, foi fazer curso de terrorismo em Cuba, juntamente com outros militantes que comporiam o grupo militar da guerrilha. Era essa democracia de Cuba que gostariam de impor aos brasileiros?Meu grupo de combate sempre operou com cerca de 10 militares. Suas ações foram sempre revestidas de muita eficiência. Considerando cerca de uma dúzia de ações, com as substituições a cada ação, há no mínimo 70 militares participantes em condições de escrever suas "memórias", sem incluir os que tenham falecido. como eu era o mais velho dentre todos, considerando 20% de falecimentos, poderá haver cerca de 50 futuros escritores  , "testemunhas oculares da história"... E, tenho absoluta certeza, nenhum se passou para o outro lado! Nenhum virou bajulador de comuna.Embora eu tenha passado mais de trinta anos afastado de qualquer alusão ao assunto guerrilha, as lembranças são inevitáveis. No me caso, essas lembranças eram muito espaçadas no tempo.No entanto, o revanchismo fez com que eu me convencesse de que estava na hora de começar a falar diante de tanta mentira, foi impossível ficar calado.
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O motivo pelo qual incluí as considerações do Cel Lício Maciel, a respeito de suas impressões e dos fatos históricos que relatam as atitudes do comunistas através dos tempos é para corroborar narrativas anteriores, onde me referi ou foram referidas por outro autor nesse relato. É preciso que fiquem bem claras as intenções desses elementos na condução da guerrilha no centro-oeste brasileiro e como elas foram concebidas e executadas naquele teatro de guerra.Nunca houve a intenção clara de libertar o Brasil das "garras da ditadura cruenta" que fora implantada pelos militares. Na verdade, o intuito deles, digo mais uma vez, era a implantação de um regime ditatorial comunista à imagem dos existentes na Europa, América Central e Ásia, sem falar dos pobres países africanos que já começavam a sofrer com as incursões dos marxistas em Angola e Moçambique, destruindo tudo o que fora construído pelos colonizadores ao longo dos tempos deixando a terra arrasada para seus nativos. Em nenhum lugar por onde os comunistas passaram existem ou existiu liberdade e nem progresso, apenas destruição e tragédias. Os exemplos são muitos, desde a Europa até os confins da Ásia dominada por chineses comandados por Mao Tsé Tung e depois por seus sucessores.A história do comunismo é lavada com tanto sangue que a cor da bandeira representativa dessa gangrena é o emblemático vermelho. Stalin, em seus anos de ditadura sangrenta, tinha imenso desprezo pela vida humana e mandou executar após julgamentos sumários ou não, mais de 28 milhões de pessoas apenas dentro da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).Em Cuba, dos irmãos sanguinários Castro, o morticínio não foi menor se considerarmos a população dos dois países, URSS e Cuba. Estima-se que os revolucionários cubanos tenham assassinado, ao longo desses 53 anos de tirania sangrenta, mais de 80.000 seres humanos por razões que vão de protestos contra a ditadura a tentativa de fuga da ilha prisão. No Brasil, por muitas décadas, esses miseráveis tentaram lançar suas garras sobre o povo brasileiro; não conseguiram, graças às heróicas Forças Armadas Brasileiras que cumpriram rigorosamente o seu papel de defensor constitucional da Pátria.
Dando prosseguimento às narrativas do Cel Lício Maciel:
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As operações 





Em 1969, começavam a ser detetadas as investidas na área rural, já que o terrorismo estava sendo derrotado nas cidades.


"Foi como atirar no fantasma de Marighela e acertar no Molipo" - comentário, na época, do Cid, bravo guerreiro de minha equipe.


Dentre as várias operações contra os terroristas (Molipo - Grupo da Ilha - Grupo Primavera), antes de descoberta da área da guerrilha do Araguaia, ao longo da rodovia Belém-Brasília, descrevo as que comandei.


Operação em que tombou o terrorista Jeová Assis Gomes, que reagiu à voz de prisão no campo de futebol da Rodobras em Guará I (ou Guaraí), lotado, durante uma partida de futebol do time local com o Araguaína (era o Fla-Flu de lá), com prisão de outro terrorista (Boanerges de Souza Massa). Época provável (não lembro bem): janeiro de 1972 (?).


Um tiroteio num campo de futebol lotado, apenas dois atingidos, o Jeová e um militar (alguns só arranhados, de raspão e por estilhaços de ricochete).


Nunca poderíamos imaginar que Jeová reagisse, sacando uma arma de fogo nu local cheio de gente; seria mais lógico ele aproveitar a confusão para fugir, como o resto do bando fez. Sacou a arma, feriu um militar e foi atingido mortalmente.


Eu levei apenas um violento safanão do Jeová, que tinha 1.90 m e uns cem quilos de peso (achei que podia imobilizá-lo com a ajuda do JPeter), enquanto outro agente imobilizava outro terrorista. Desvencilhando-se com um forte safanão, ao procurar sacar a arma, Jeová foi atingido por um dos elementos da equipe. O outro não reagiu, foi preso.


Há reportagem com foto da época (publicada dois ou três dias depois do incidente), num grande jornal (Globo, Correio Braziliense?), aparecendo o corpo de jeová no chão, em primeiro plano, com Boanerges acocorado do lado, tentando escutar o que Jeová queria falar.


O Arnos Preis foi eliminado na mesma área (ao longo da Belém-Brasília, em Paraíso, uma vila na época). Conseguiu matar, à traição, dois militares, um morreu na hora; outro, dias depois. A população ficou revoltada e ajudou na caçada. Acuado num matagal às margens da rodovia, não se entregou e foi alvejado quando corria. Foram utilizados faróis de caminhões postados convenientemente na estrada para poder vigiá-lo de modo a evitar a fuga. Foi alvejado de madrugada, quando corria, na tentativa de fuga.


Outra missão, numa fazenda na PA - 70 (que liga Imperatriz a Marabá), quase chegando à margem do Tocantins em frente à Marabá, para prender dois elementos do Molipo, cujos nomes não lembro. Quando chegamos lá, o delegado Fleury já tinha cumprido a missão  e levado os dois bandidos para São Paulo de avião. Nunca compreendi esta missão; perdemos tempo inexplicavelmente. Por que duas equipes para cumprir a uma mesma missão?


Ao todo. foram "dedurados" vinte e três componentes do "grupo da ilha", ao retornarem de Cuba, a maioria eliminada (presa ou morta) devido à traição de um deles. Os que não reagiram foram presos e estão por aí tranquilamente. Quem terá sido o tal traidor, o informante? Muitos dos sobreviventes fizeram declarações de arrepiar, principalmente o Jeová, antes de morrer, e o Boanerges, que na época usava carteira de trabalho coo Antonio Martins, enfermeiro (na realidade era médico), até hoje apareceu para desmascarar o traidor.


Após o incidente no campo de futebol de Guaraí com o Jeová, conseguimos um guia que sabia onde estavam os demais do bando e partimos em sua perseguição. Otávio Ângelo, Sérgio Capozi, Jane Vanini e um outro elemento escaparam do cerco porque eu não quis colocar em risco a vida do filho do guia, menor, que estava inocentemente com os bandidos. Como eles não se entregavam, iria haver tiroteio na certa. Estavam com o Jeová pouco antes de o encontrarmos no campo de futebol. O bando planejava explodir todos os postos de combustíveis ao longo da estrada, até Belém, levando o caos à extensa região devido à interrupção do abastecimento, que iria repercurtir em toda a região Norte, até Manaus.


A volumosa documentação da série de ações anti-Molipo não deve ter sido destruída, por não serem referentes ao Araguaia. Meu relatório de final de missão deve estar lá arquivado, com o nome do suposto traidor declarado por Jeová. Além disso os arquivos dos outros ministérios estão disponíveis, para o caso de se desejar realmente saber o nome do traidor. Os serviços de de informações eram integrados, principalmente odo Ministério das Relações Exteriores, onde está a chave do problema. 


O Boanerges apenas auxiliava o Jeová nas declarações, pois ele falava com muita dificuldade.


Coisas importantes acontecem, ou deixam de acontecer, até hoje em função desse assunto... Qual será o motivo por que os arquivos das Forças Armadas não são abertos, sem restrições nem pré-exame dos asseclas da quadrilha, pelo menos aos historiadores, como informação ou reconstituição história?E o mais importante, por que os arquivos do Ministério das Relações Exteriores não são nem cogitados?


Colocaram a culpa no Cabo Anselmo, mas ele não tinha cacife, nível de conhecimento e de influência suficientes para dedurar com tanta precisão os embarques de volta... e outros detalhes importantes que muitos sabem, da mesma forma que o Jeová sabia ou desconfiava.


Houve um caso de um deles que foi notável: o sujeito, ao saber que ia voltar para o Brasil, escreveu uma minúscula "cola" com todos os endereços dos contatos e a enrolou junto com o filme de sua máquina fotográfica. Ao ser preso em Salvador, o Delegado foi diretamente na máquina, desenrolou o filme e retirou a cola. Nem ao menos despistou, foi direto, sem querer saber de mais nada. Esse indivíduo foi preso, cumpriu pena e contou o ocorrido para todos os companheiros. Inúmeros outros casos flagrantes, semelhantes, aconteceram depois. Na verdade, sem sofismas, um traidor de alto gabarito dedurou os próprios companheiros. Como?


Muito fácil. Um diplomata, ou similar, comunicava, por intermédio do serviço de informações do Ministério das Relações Exteriores, todos os lances  a partir de Cuba. Um Coronel do CIE/Rio ( que ainda está vivo), era o oficial de ligação com o Itamaraty. Logicamente, o Oficial de Ligação do CIE/Rio tinha um Major de auxiliar e substituto eventual (que,igualmente, ainda está vivo). O Coronel está muito doente e não deve durar muito.


O caso do Cabo Anselmo é muito semelhante ao de Manoel Jover Teles...


Depois do lamentável e violento incidente em que prendemos o Jeová e o Boanerges, no campo de futebol em Guaraí, fomos até a pensão onde eles (no total de 6) estavam hospedados e revistamos as bagagens. Munição de revolver e bombas de fabricação caseira, empregando latas vazias de óleo Singer, cheias de pólvora negra, enroladas com arame de aço (para estilhaçar) e cordão de pólvora (estopim).


Jeová ferido gravemente e o Boanerges ileso, uma vez que não ofereceu resistência, foram transportados para a farmácia e medicados, ficando o Jeová deitado num lençol estendido no chão. O nosso elemento ferido foi mandado, na segunda viatura, para o Quartel da PM em Araguaína (tiro no tórax).


O Jeová parecia morto. Deixamos dois soldados PM de guarda e iniciamos a perseguição aos demais elementos do bando, tendo um guia local quenos conduziria `a fazenda onde sabia que eles estavam. Ao chegarmos próximo, após uma longa caminhada na mata, no planejamento da ação de ataque, o guia informou que o filho, rapaz de de 18 anos, estava com eles. Decidi aliviar a missão, pois eles iriam usar, na certa, o garoto como escudo, como era normal no procedimento deles e eu estava com vários elementos novos na equipe, que poderiam atirar, a não ser com risco de vida, defesa própria. Só intimidar. Se fraquejassem, apenas os antigos da equipe poderiam agir. Como eu já previa, eles fugiram, levando o rapaz de refém, como escudo, com uma arma na cabeça,sem chance para nós. Deixaram os "trouxas" para trás...


Frustração grande nossa; deixamos de prendê-los, lamentavelmente. Eram quatro, embora a ordem do CIE se referisse a apenas três, além de Jeová e Boanerges: Otávio Ângelo, Jane Vanini, Sérgio Capozi (o quarto elemento, não foi identificado, talvez Rui Berbert).


Retornamos a Guaraí à tardinha, quando o Jeová, para minha surpresa, pois achávamos que estava morto, pediu para falar com o chefe da equipe. O Boanerges ainda estava muito nervoso, mas auxiliou e falou, mais interpretando do que falando o que o Jeová balbuciava com dificuldade. O Jeová morreu em seguida, à noite, e o passamos juntamente com sua longa ficha criminal, ao prefeito, que mandou sepultá-lo no cemitério local. O Jeová falou sobre terem sido dedurados, revelando o nome do traidor. Escutamos pacientemente e tudo foi anotado. Não dei grande valor ao que ele disse, mas depois de analisarmos todos os fatos, nos impressionaram a exatidão e o cOnteúdo das ordens que recebemos em Brasília: eram de uma precisão fantástica. Eles iriam se reunir em Guaraí entre tais dias, nomes de todos eles fotos, fichas, etc. Trabalho digno de Scotland Yard... Fizemos um relatório pormenorizado da operação ao CIE/ADF, na volta. Em seguida, de Guaraí prosseguimos para Araguaína, preocupados com a saúde do elemento de nossa equipe ferido. Como sempre, o nosso procedimento era, como eu dizia "feito cantiga de grilo", só parávamos após cumprida a missão. Muitos queriam comer alguma coisa, mas "comiam mesmo era poeira"... 


Em Araguaína, entregamos o preso ao Cmt do Btl da PM e passamos a relatar resumidamente as operações ao Capitão Chefe da 2ª Seção, Informações, após visita ao nosso elemento ferido, fora de perigo, na Enfermaria. Nos hospedamos numa pensão e iniciamos incursões de reconhecimento pela cidade. O resto do bando poderia estar por lá. No dia seguinte,na hora do almoço, o Cap S2 PM* nos procurou, informando que tinha um casal suspeito num determinado hotel. Montamos uma paquera e suspeitei que a moça era a Jane Vanini, pois as características coincidiam com a foto: bonita,cabelos pretos, longos e lisos, olhos escuros, altura, etc.; o marido tinha viajado para Marabá. Com a participação do gerente do hotel e na presença do Cap PM, revistamos o quarto da moça, enquanto ela se explicava  ao gerente na portaria do hotel (estavam devendo várias semanas ao hotel). Encontramos no quarto ua foto de guerrilheiros cubanos (pela placa do carro que aparecia), armados de fuzis e revólveres, posando de revolucionários. Mandamos vir a moça, que ficou revoltada com a invasão e explicou que era uma foto recebida de uma amiga. Aceitamos o que ela disse e a levamos à presença do marido em marabá, mas antes passamos numa serraria onde ela informou que ele trabalhava na administração. Revistei a mala dele , tendo encontrado uma intimação judicial por abandono de família (mulher e filha). Guardei no bornal e prosseguimos para Marabá. A moça chorou o tempo todo da viagem, umas três horas. Em Marabá, convidei o marido dela, que localizamos facilmente num bar, para nos acompanhar e fomos para a delegacia policial. Depois de interrogá-lo, concluí que o casal nada tinha com os bandidos. Mostrei, então, a intimação judicial e eles abriram em choro convulsivo. Estavam desesperados. Pensaram que iriam ser presos e recambiados para São Paulo à presença do Juiz. Deixeios a sós por meia hora e libertei-os. Era pista fria, gelada.


Cerca de um ano depois, voltei a encontrar esse casal em Xambioá, num barco que ia para a Fazenda Santa Isabel, subindo o rio Araguaia. Os moradores denunciaram que estava cheio de armas, com muitos "paulistas". Nada de suspeito foi encontrado e eles foram libertados.


Muito trabalho desenvolvido no período, numa extensão enorme do nosso território.


As missões ao longo da Belém-Brasília eram descobrir indícios da "grande área" de treinamento de guerrilha, mas demos de cara com o "grupo da ilha", livrando a área de muitos atentados. Este fato nos atrasou demais nas pesquisas das áreas que tínhamos planejado: Tocantinópolis/Porto Franco,Xambioá e Marabá. Mas, como estamos vendo, foi providencial. O Molipo foi neutralizado nas cidades e no campo e o grande herói foi o "dedo-duro"...






A descoberta da grande área




Pedro Albuquerque Neto ("Jesuíno"), preso pela Polícia Federal em Fortaleza, Ce, por vagabundagem (sem documentos), declarou ter fugido de um campo de treinamento de guerrilha localizado no sudeste do Pará. A verdade, declarou ele, é que sua mulher, Tereza Cristina (Ana), engravidou e eles receberam ordem para fazer o aborto. Inconformada, ela resolveu desertar e os dois realizaram a fuga juntos para Fortaleza, onde foram presos pela Polícia. Prestaram declaração e foram recolhidos ao xadrez. Arrependidos de ter falado e principalmente por saber que seria justiçado pelos companheiros (como declarou posteriormente), tentou o suicídio, cortando os pulsos com uma lâmina de barbear. Foi salvo pela sentinela e levado para o hospital da Guarnição do Exército.


Por sorte, o depoimento do Pedro Albuquerque foi remetido diretamente ao CIE/ADF, Brasília, senão teria sido engavetado no Rio de Janeiro (trâmites legais), onde o assunto guerrilha rural era motivo de chacota. Caiu nas mãos do General Bandeira. Foi providenciado o transporte imediato do preso para Brasília, onde foi novamente interrogado, quando acrescentou outros dados (detalhes sobre o local, efetivo, armamento, nomes dos componentes e outros). Perguntado qual o efetivo em pessoal lá existente, revelou que eram muitos, da ordem de trinta, num só destacamento.


Sobre a localização da área, informou que indo de Xambioá, subindo o rio Araguaia até a picada de Pará da Lama, indo até o útimo morador, o campo de treinamento ficava além, a menos de seis horas de caminhada por uma picada.


Foi montada a operação de busca de informações, chefiada pelo Coronel Sérgio Carlos Torres, Chefe da Seção de Operações do CIE/ADF e eu no comando da equipe de busca, efetivo de dez homens da Brigada de Infantaria. Fomos de C47 da FAB até Araguaína e de caminhão da Rodobras até Xambioá. Nessa viagem, desde Brasília, O Coronel Raul Augusto Borges, Chefe da 2ª Seção/8ª RM, nos acompanhou, tendo permanecido alguns dias em Xambioá.


A grande área presumida foi bloqueada por tropa da 8ªRM nos principais pontos da Trans-Amazônica (Marabá) e Belém-Brasília, Araguaína e Imperatriz.


A partir de Xambioá, subindo o rio Araguaia até Pará da Lama, antes da primeira corredeira, um dia inteiro de marcha firme pela trilha no sentido do Xingu. Partimos ainda escuro, dia 11 de abril de 1972. Já noite, chegamos até a casa do último morador, Sr. Antônio Pereira. Fomos bem recebidos pela humilde família, comemos frango com arroz, conversávamos um pouco e fomos pouco a pouco saindo para armar a rede e dormir. 


Na madrugada seguinte foi iniciada a marcha até os "paulistas" , indo o filho mais novo do Antônio como guia, fato que não pude evitar devido à insistência do Antônio Pereira.


Cerca do meio-dia, são avistados dois homens sem camisa sentados em tocos, no pátio de uma palhoça, e uma velha, conversando, descansando para o almoço.


Os cachorros da casa começaram a latir e iniciamos a corrida para onde eles estavam. Conseguiram fugir para a mata, pois havia sido preparado um obstáculo entre a picada e as casas: eles aproveitaram um leito de rio seco, cheio de troncos que tornaram pontiagudos, a guisa de abatises, retardando a nossa aproximação. Quando chegamos na casa, os comunistas tinham fugido, deixando o almoço no fogo, quase pronto, uma panela de frango, outra de de arroz e muita farofa. Dividida pelos do nosso grupo,não deu para matar a fome, mas foi muito bom.


Foi encontrada uma grande quantidade de documentos e manuais de treinamento militar, livros de doutrinação comunista, grande quantidade de uniformes, mochilas de lona reforçadas e costuradas com linha grossa , máquina de costura frande, industrial, armamento e munição, oficina de rádio bem aparelhada, com os instrumentos básicos para transmissão e recepção (geradores de sinais da freqüência de HF e VHF, medidores, etc.), ferro de soldar, grande quantidade de instrumentos cirúrgicos de alta qualidade (tudo inox),grande estoque de remédios os mais diversos, grande quantidade de bússolas portáteis ainda nas caixas, facões e facas, grande estoque de sacas de arroz em casaca, sacas de feijão, sacas de milho debulhado, grandes plantações de macaxeira, jerimum, melancia, maracujá, melão, laranjas, limão criação de galinhas em cercados rústicos de paus, porcos e animais silvestres aprisionados em chiqueiros, etc. Procuramos a casa do gerador de energia e não encontramos.


Estava,assim, a 12/04/1972, descoberta a "grande área" de treinamento de guerrilha citada por Marighela.


Estávamos satisfeitos; afinal, após um grande esforço, tínhamos cumprido com êxito a missão recebida. O meu único desgosto foi que conseguiram fugir nas nossas barbas. Sem dúvida alguma, os pegaríamos depois.


Destruímos tudo depois de separar amostras de documentos e algumas provas numa mala. Ateamos fogo nas casas e galpões e destruímos o estoque de frutas num belo tiroteio. Aguardamos o fogo baixar e fomos para a picada. Aí demos por falta da mala com as provas que denunciassem a presença de guerrilheiros na área.



A esse respeito, o Cid declarou:


"Estávamos eufóricos, Comprovamos a existência da famosa "grande área" anunciada por Marighela que estaria sendo preparada desde 1962. A adrenalina e a euforia nos impediam de pegarmos no sono. Todos nós estávamos conscientes de que o que tínhamos descoberto era algo muito grande e muito organizado. Mas, a grande caçada mesmo, só começaria meses depois".


A equipe retornou a Xambioá, tendo sido o relatório transmitido para o CIE/ADF por fonia via São Paulo pela estação de rádio de uma serraria em São Geraldo.


No dia seguinte bem cedo, tomei café e fui para a margem do rio onde fiquei admirando a paisagem. O Araguaia é o rio mais bonito da região, talvez 

só suplantado pelo Tapajós.

O cabo Marra, da PM do Pará em São Geraldo, em frente a Xambioá, lado do Pará, vindo de canoa em companhia de um morador, Zé Caboco, apresentou-se amim informando que o morador se prontificava anos levar até a casa de Dina, que era sua vizinha. Alguns moradores locais, curiosos, se aproximaram e um deles, piloto de avião monomotor Pedro Careca, informou que poderia nos levar até o castanhal da Viúva, cujo capataz, Sr. Victor, nos indicaria o caminho.


Fui falar ao Coronel Torres na pensão e ele me recomendou não ir sozinho. Fui ao "alojamento" (um quarto grande da pensão com várias camas) e não encontrei Cid e, como não havia tempo a perder, escalei o João Pedro. Quando íamos saindo para a pista de pouso, aparece o Cid, que fica inconformado. Então, combinei com Pedro Careca levar os 4 sem bagagem (o avião cabia 3 mais a bagagem num compartimento incômodo atrás do banco traseiro).


Quando chegamos lá, dia 17/04/1972, equipe de 4 homens mais o Zé Caboco, o grupo de dina já estava preparando a fuga, reunidos numa das casas, avisados que foram pelos três elementos que fugiram anteriormente à nossa aproximação. Estávamos com muito pouca munição, apenas as das  armas e alguns cartuchos nos bolsos. Eles eram cerca de dezoito pessoas do grupamento C, o mais ao sul da área, sendo 4 mulheres, conforme informação do morador da casa onde paramos. Contada a munição disponível, decidi: "Eles são 18, menos 4 mulheres, acho que dá para enfrentá-los". O morador retrucou: "Doutor, as mulheres são piores que os homens". E contou alguns episódios que assistiu, em que as mulheres fustigavam os homens, chamando-os de frouxos e outras coisas mais. Fiquei no dilema, mas logo decidi voltar para pegar reforço. Apagamos os nossos vestígios e voltamos.


Em Xambioá, Pegamos o helicóptero de uma mineradora e voltamos no dia seguinte para a área, com bastante munição. Éramos ao todo 6 homens, carga máxima do helicóptero.


O piloto não queria baixar. Aproveitando uma tentativa que fez , baixando até o limite que considerou seguro, joguei um cunhete de munição e saltei atrás, capinando com o facão os arbustos que ele dissera que estavam atrapalhando o pouso.


O cabo Marra e tr~es soldados da PM se juntaram à nossa equipe; tinham marchado a noite toda até lá. Os fugitivos estavam muito carregados, demonstrado pelas pegadas profundas na lama.


Iniciamos a perseguição através da mata, seguindo-lhes facilmente por cima das pegadas. Não havia dúvida, iríamos pegá-los logo mais. Devia ser meio-dia, mata fechada, continuávamos nos adiantando  e chegávamos a ver os "olheiros" de longe, fugindo para aos demais do grupo que estávamos nos aproximando. 


Foi quando sentimos a aproximação de alguém vindo por uma trilha que estávamos ultrapassando. Um indivíduo de mochila às costas, chapéu de vaqueiro, revólver 38 e facão na cintura, marchando pela trilha. Estávamos escondidos no mato e ele ia passando quase marchando. "Pega esse cara aí", gritei. O nosso elemento mais próximo, o Cid, correu e o pegou, passando-lhe a algema de plástico. O cara declarou chamar-se Geraldo e que era morador antigo da região. Foi detido como suspeito , desarmado, e deixado algemado com o cabo Marra e soldados da PM enquanto reiniciávamos a perseguição. 


Pressentimos o avanço firme da nossa equipe, os fugitivos desviaram a rota e esconderam quase toda a pesada carga que transportavam, passando a progredir mais rápido, bons conhecedores que eram da área. Encontramos facilmente essa carga escondida e a destruímos à facão, quando escutamos três tiros de fuzil vindos de onde tínhamos deixado o Cabo Marra com Geraldo. O Zé Caboco me disse: "Agora ficou difícil pegá-los. Eles estão indo para a Gameleira". Com já estivesse escurecendo e chovendo torrencialmente, dificultando a perseguição, mascarando as pegadas, resolvi voltar. Iríamos encontrá-los mais adiante, mais uma vez, vaticinei com muita contrariedade. Era o segundo "fracasso", tendo que deixá-los escapar nos nossas barbas... Além disso, era muita falta de sorte, prender um suspeito em plena selva e logo em seguida soldados inexperientes matá-lo, pensei; eu estava realmente preocupado, pois aquele suspeito poderia informar muita coisa.


O Geraldo, mesmo algemado e com uma pesada mochila nas costas, tinha disparado numa desabalada carreira pela mata, tentando fugir, quando foram dados três tiros de advertência. Foi novamente preso e ficou amarrado num tronco. Com a chegada estava visivelmente apavorado. Procuramos abrigo num mocambo de palha e o Geraldo tenta explicar falando fluentemente que era morador da área e tinha tentado fugir porque estava assustado com tanta gente armada na mata.


Nada tendo sido achado de anormal em sua mochila, já estava para ser liberado. Resolvi, porém, conversar com o Geraldo, fazer pessoalmente uma nova vistoria na mochila. Alguma coisa não estava muito clara na história que contava; era muito loquaz, repetindo com sofreguidão os mesmos argumentos, demonstrando ansiedade acima do normal. Tinha treinado o álibi, naturalmente e, naquela situação, não era capaz de disfarçar. Foi a conta. Achei um tubo de alumínio, de pastilhas de remédio, contendo linhas finas de pesca e anzóis diminutos, típico material de sobrevivência. Ao perguntar alguns detalhes ao Geraldo, noteique ele estava pálido e assustado. Retirado todo o material de pesca do tubo, avistei no fundo um papel pautado de caderneta. Era a mensagem do B para o C, el linguajar miitar. Mensagem manuscrita a lápis, de Osvaldão, comandante do grupamento B da Gameleira para Antônio da Dina, comandante do grupamento C.


    "C - Aqui tudo bem. Exército atuando na área com efetivo de 1 Cia - B"


Geraldo, perante tamanha evidência, desmoronou, não teve alternativa e começou a falar, responder às perguntas que lhe eram feitas, ansioso para demonstrar que agora estava falando a verdade. Os elementos de minha equipe estavam realmente indignados. Muitas de suas informações batiam com as de Pedro Albuquerque, que ele não sabia que fora preso. No verso de um papel de um pacote de cigarro, o Cid anotava tudo com um toco de lápis surgido não se sabe de onde. O João Pedro do lado,tentando segurar a verborragia do Geraldo, agora declarado José José Genoíno, natural do Ceará e membro do grupamento B da Gameleira, cujo comandante era o Osvaldão, cujo chefão era Maurício Grabois, que se reportava a João Amazonas, e lá vai tudo o mais... Levantei-me e fui beber um pouco d'água no córrego próximo.Realmente, eu estava muito satisfeito. O preso era, sem sombra de dúvida, pelo conhecimento da organização da guerrilha e conhecimento dos nomes dos chefões, elemento importante. Era "gente fina", enquanto Pedro Abuquerque era "pica-fumo".


Cada vez mais aumentavam as nossas surpresas. Era, no entanto, a extremidade sul da "grande área".


No dia seguinte bem cedo, como combinado, o pequeno helicóptero de uma mineradora, vindo para o mesmo local onde desembarcamos, entreguei o "Geraldo" ao Major Othon Cobra no helicóptero, que retornou a Xambioá. Genoíno posteriormente, foi levado para Brasília, onde foi interrogado. Tratava-se de conhecido militante do PC do B, ativista antigo, baderneiro estudantil.


Conclusão: José Genoíno Neto foi o primeiro preso na mata, no dia 18/04/1972. A partir daí, todos os argumentos contrários foram varridos: eles estavam lá há muito tempo.


Graças aos militares, Genoíno foi colocado no bom caminho, após cumprir um curto período de prisão, sendo-lhe facultado pautar pautar por vida honesta. Infelizmente, não aproveitou tal oportunidade.


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E foi assim como se sucedeu a prisão de José Genoíno Neto: sem agressões, sem tortura, sem nenhum tipo de tratamento indigno como ele contou, muitos anos depois, no intuito de se beneficiar com as generosas quantias de uma indenização imoral e descabida, proporcionada por Fernando Henrique Cardozo e seus ardilosos ministros. Seria infantil e desnecessário a prática de tortura ou procedimento mais rude, quando de bom grado o prisioneiro abriu a boca ao se ver desmascarado pelo Cel Lício Maciel. Este militar é considerado um dos homens mais honrados da Força Terrestre, dentre aqueles que atuaram na Guerrilha do Araguaia, e não temos razão nenhuma para duvidar de sua palavra.

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Triste notícia veio depois. Dois bandidos perseguiram e assassinaram a facão o filho de Antonio Pereira, apenas  por ele ter nos acompanhado poucas horas na mata. Trucidaram o pobres rapaz, decepando sucessivamente orelhas, dedos, etc. na frente da família indefesa, até o golpe final. Destruíram uma família honesta, simples moradores afastados do mundo, no interior da mata. Tiveram que se mudar para Xambioá e a família foi se deteriorando, acabando, morrendo de desgosto. Nunca foi dada pelos bandidos uma nota de arrependimento, um pedido de desculpas à família do Antonio Pereira. Pelo contrário, encobrem o assassinato frio e perverso. Hoje distorcem a verdade dos fatos, são irrecuperáveis. Agora, na expectativa de uns trocados, os moradores, eles próprios, distorcem os fatos a gosto dos inquiridores.


Pedro Albuquerque (Jesuíno) e José Genoíno (Geraldo), dizem hoje que foram torturados.


Primeiro, Pedro Albuquerque já tinha dado o "mapa da mina", não havia motivo para torturá-lo. Confessou que tentara o suicídio por medo do justiçamento, pois conhecia bem os companheiros. Ponderei ao Gen. Bandeira que não havia necessidade de levá-lo na minha equipe, mas o General deu a ordem: Leva o cara. Fez um passeio pela mata, em quase três dias, completamente solto, livre, cumprimentado por alguns moradores, não tentou fugir. nem mesmo guarda foi estabelecida, pois não acreditávamos no perigo do "inimigo"


Quanto a Geraldo, talvez a "tortura" a que ele se refere a companhia de gente carrancuda e armada numa remota área desolada da Amazônia, como ele mesmo alegou para o fato de ter tentado a fuga.Principalmente depois de lida a rudimentar mensagem que portava, que qualquer escoteiro teria decorado. Não havia motivo, portanto, para torturá-lo. Falou apavorado, sem levar sequer um safanão. E está vivo como estamos vendo...


Quanto à mentira que dizem que nós já chegávamos atirando, quando encontramos os três, dois homens e uma velha (já esclarecido como sendo Oneide e supostamente com  marido, O Alfredo, e outro não identificado), poderíamos acertá-los facilmente com tiros de FAL, mas nem passou pela nossa cabeça tal procedimento, pois nem tínhamos certeza de serem comprovadamente os "paulistas" que procurávamos. Mesmo que tivéssemos certeza de que eram bandidos, teríamos que pegá-los vivos para interrogatório, a não ser que reagissem de arma na mão.


Esta é a verdadeira história da descoberta da "grande área de treinamento de guerrilha" de Marighela: levada por Pedro Albuquerque, uma equipe de CIE/ADF destruiu, em 12/04/1972, um ponto de apoio de grupamento C, comandado Antonio de Dina (Antonio Carlos Monteiro Teixeira) e, no prosseguimento, em 18/04/1972, prendeu na mesma área o guerrilheiro "Geraldo" (José Genoíno Neto), que descreveu toda a organização, o efetivo em pessoal e a localização no terreno de toda a guerrilha e tudo o mais.





Diz o Coronel Madruga: 

"Embora alguns atribuam a descoberta a uma possível indiscrição de Lúcia Regina de Souza Martins, guerrilheira que abandonou a área por estar doente, isto não é verdade. Na realidade o conhecimento da área deveu-se ao fato da detenção em fevereiro de 1972,pelo Departamento de Polícia Federal, de uma casal de estudantes bastante comprometido com a agitação no Movimento Estudantil, que se encontrava desaparecido e que havia retornado a Fortaleza.Tratava-se de Pedro Albuquerque Neto e Tereza Cristina ("Ana")."

Daí em diante, foi um suceder de fatos inexoráveis.


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            A história que não foi contada  


                 



7º Capítulo






A grande farsa dos "heróis revolucionários e 

defensores da democracia"




A Guerrilha do Araguaia




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Combate com o grupo militar




Num de seus livros, Elio Gaspari escreveu que o caso "Sônia" (a seguir) foi o episódio mais notável da guerrilha, distorcendo propositalmente os fatos e enaltecendo o fanatismo da terrorista ensandecida e espumando de raiva, ódio doentio.

Mais um erro grosseiro causado por muita má fé. E o mais inusitado, por se tratar de mulher e de fanatismo fora do comum, extremado. Mas o combate com o grupo militar da guerrilha foi muito mais importante, muito mais sangrento, tendo desmoralizado o movimento do PC do B: eles perderam em um único combate, quatro elementos dos mais importantes (um deles entrincheirou-se atrás de uma árvore e conseguiu fugir em desabalada carreira depois de cessado o tiroteio, pois estava sem arma na mão e ninguém atirou nele), todos com cursos na China e em Cuba. O que fugiu, soubemos depois, era o João Araguaia, desapareceu na mata. O "Velho Mário" revelou, na ocasião em que recebeu a notícia da morte dos guerrilheiros, que um deles, o Zé Carlos ("Zequinha"), era seu filho, André Grabois, fato que era desconhecido de todos.

O combate do dia 25 de dezembro de 1973, o chafurdo de Natal, também foi muito mais importante que um simples combate não terminado, em que uma guerrilheira fanática acerta dois militares.

Com o combate com o grupo militar da guerrilha, os bandidos ficaram desmoralizados e, na realidade, foi o começo do fim, passando pelo chafurdo (inegavelmente o mais importante de toda a luta) até a morte de Osvaldão.

O grupo militar, comandado por André Grabois, filho de Maurício Grabois, era o mais selecionado, o melhor, nas palavras do próprio Velho Mário em seu diário. Por este motivo, fazem pouco alarde do ocorrido, dizendo que foram emboscados, que estavam famintos, embora saibam realmente o que aconteceu, uma vez que o que conseguiu escapar deve ter relatado o fato. Uma emboscada fica demonstrado impossível no caso, pois numa perseguição namata não se sabe onde eles vão passar.

Tudo se originou no assalto ao quartel da PM de São Domingos, ao alvorecer de um determinado dia do final de setembro ou início de outubro de 1973, pegando a guarnição de surpresa.

A Operação Sucuri estava terminada e as ações na mata iam ser iniciadas no dia 3 de outubro. Aproveitando a "calmaria" na mata o grupo militar da guerrilha, comandado por André Grabois, o "Zequinha", destruiu uma ponte na Transamazônica e ao alvorecer pegaram todos ainda dormindo no quartel. Incendiaram todas as instalações, casa principal, refeit[orio, almoxarifado, corpo da guarda, casa da estação de rádio, gerador, paiol, levando todo o armamento (fuzis, revólveres). toda a munição e todo o fardamento, todo o dinheiro e material individual. agredindo com coronhadas, torturando e humilhando os militares, inclusive deixando todos de cueca. Uma ação audaciosa  e reveladora da grande confiança que possuíam até então. Para eles, reinava inteira calmaria na mata; para os militares o movimento era febril: ia ter início, finalmente, a ação contra os terroristas.

O Zé Carlos, ou Zequinha, ou André Grabois, deixou um recado com o Tenente comandante do destacamento: "Que ninguém ouse nos seguir, pois agora estamos bem armados e o pau vai quebrar...". E quebrou mesmo, mas para o lado deles, principalmente. Deixou também um comunicado à população, assinado por Zé Carlos - Comandante do Destacamento A"

O assalto ao Quartel teve grande repercussão entre a população local, mas foi contraproducente para os bandidos porque os moradores temiam as consequências naturais que adviriam. Nas cidades adjacentes, também houve muita perplexidade, receios e histórias mal contadas.

A notícia chegou a Marabá imediatamente; era o que chamávamos "telégrafo cipó", ninguém sabia como e quem a trouxe. Recebi ordem para ir até lá com minha equipe, "verificar" o que realmente houve e tomar as providências necessárias. Fomos de viatura até a ponte destruída (incendiada), atravessamos o rio à vau pois ainda era época seca, embora as chuvaradas repentinas já começassem. Chegamos a São Domingos por volta de meio-dia, sob forte calor. Pedi que os homens viessem falar comigo, para relatarem o que aconteceu, quantos eram no grupo  de terroristas e quem o chefiava. Vieram uns vinte moradores. Informado de tudo, expliquei a gravidade da situação e ressaltei que não podíamos deixar de ir atrás do bando. Pedi dois mateiros para auxiliar seguir os os bandidos na mata. As mulheres  ficaram de longe, só escutando e observando, mas se aproximaram, vendo que a conversa tinha terminado. Depois de alguns minutos, eles conversando com as mulheres, o João Pedro me trás a decisão: ninguém se apresentou para ir, com medo das mulheres ou dos bandidos (não sei qual o maior).

Vi-me obrigado, então, a ameaçar levar todos. Não tinha alternativa, a não ser que "escalasse dois voluntários" pelas aparências, com risco de opção por meros agricultores de gerimum ou macaxeira. Um bom mateiro teria que se dispor a ir e, como eu não teria garantia de sua competência na mata, deveriam ir dois. A designação tinha de ser deles próprios, lógico.

Como é que eles se negavam, quando os maiores interessados eram eles próprios, que tiveram o posto policial atacado e destruído? Sem polícia para assegurar a ordem, a área seria de ninguém. Depois de muita conversa, apresentaram-se dois mateiros dispostos a irem conosco.

Quando nos embrenhamos na mata fechada já pude vislumbrar toda a dificuldade que seria aquela missão. Apos duas horas de marcha, aproximadamente, paramos  na beira de um riacho.
Meu problema era grande, pois viemos sem a equipe de apoio e só poderíamos aguentar na mata uns dez dias no máximo, devido ao pouco sal disponível. Com a batida nítida na trilha, pois além de muito carregados eles iam quebrando muito graveto, completamente confiantes, relaxados, eu sabia que só iríamos voltar quando os encontrássemos, de qualquer maneira. Teríamos que caçar de esbarro para sobrevivência, pois não poderíamos perder tempo procurando caça. Numa segunda parada para descanso, a última do dia, na beira de uma nascente, chamei os guias e expus o problema, no que eles concordaram, informando que a região era de muita caça; marchando silenciosamente poderíamos abater muitas aves e pequenos animais com a 22.

Os bandidos, com a carga pesada que levavam devagar, parando muito.

O encontro e confronto com os guerrilheiros era inevitável. A disposição do Maj. Lício e seus homens era inquebrantável movida pela vontade de por à prova o real poder de fogo e combate dos bandidos vermelhos. A façanha deles no quartel da PM do Pará estava atravessada na garganta dos militares e isso seria cobrado com juros. Eles não poderiam ficar impunes pelo que fizeram, do contrário o esforço desprendido pelas FFAA seria inútil. Era uma questão de honra para todos os envolvidos no esforço de guerra. Os ousados guerrilheiros que se preparassem, pois ia chumbo grosso em sua retaguarda, aguardassem!

Vários dias seguindo-lhes as pegadas, a despeito das fortes pancadas de chuva que mascaravam as pegadas, obrigava-nos a diminuir a marcha, sabíamos que avançávamos seguramente a cada dia, o que mais ainda aumentava a disposição de encontra-los, fossem quais fossem as dificuldades. No final de alguns dias, já estávamos com muita fome, pois a ração de combate estava no fim e como tínhamos trazido pouco sal, o churrasco de caça, geralmente mutum insosso ou jaboti completamente sem sal, não ficava apreciável, ou melhor, já estava ficando intragável, principalmente de manhã, como primeira refeição.
Foi quando no alvorecer  de um certo dia antes do café, escutamos três tiros fortes de fuzil, tão nosso familiar e a bulha feita por porcos selvagens atingidos guinchando. Eram eles, a menos de 500 metros, na mata. O confronto só foi acontecer cerca das 15:30 horas. Nesse dia não comemos nada e a sede era tão grande, pois não atravessamos nenhum córrego. Mas, diante do vislumbre do inevitável, nos esquecemos de tudo.

Eles deram os três tiros ás 06:00 h, caçando porcos monteiros, fazendo uma grande algazarra. Enquanto progredíamos sobre eles, houve três mudanças de posição: a inicial dos tiros aos porcos, a de preparação da caça (esfola e limpeza, quando fizeram fogo para queimar os pelos) e auqe fizeram emseguida para a feitura de dois caçuás para o transporte da carne, pois ficaram muito carregados. Inicialmente, partimos para o local dos tiros, claro. Eles mudaram de posição e pegaram outro rumo, sempre conversando em voz alta; mudamos o rumo também. Eles pararam e fizeram fogo. Recomeçaram a marcha e em seguida pararam por algum problema, sempre conversando alto. Aí nós demos a volta e os atacamos pela frente, na direção emqueestavam marchando, pegando-os de surpresa.

Equipe em formação de combate em linha, eu sem poder mais rastejar devido à proximidade de um guerrilheiro, levantei-me e gritei a ordem de prisão, obtendo como resposta um tiro dado por um delesque estava de vigia mais atrás e qque não tinha sido visto. O revide foi inevitável, imediato. Mero suicídio. O tiroteio foi intenso e prolongado: quemse mexia tomava bala.

Trminado o tiroteio, silêncio na mata, estavam mortos: "Zé Carlos" (André Grabois), Alfredo (Antonio Alfredo Lima), e Zebão (João Gualberto Calatroni), todos identificados pelo único sobrevivente, o "Nunes" (Divino Ferreira de Souza), queestava muito ferido, com um projetil que lhe atravessou o corpo transversalmente, entrando no quadril de um lado e saindo na axila do outro lado, quase arrancando-lhe o braço. Mas foi ele quem deu os nomes dos mortos e a importância dogrupo, embora falando com muita dificuldade. À noite, mal podia falar. O que conseguiu fugir era  o "João Araguaia" (DemervaldaSilva Pereira).

Do nosso lado, um soldado com um ferimento na perna, julgando a princípio que tinha sido atoingida a femoral e outro soldado com distúrbio psicológico (v0mitando seguidamente e aparvalhado, parecendo estar sonâmbulo)

(inconclusa)