Publicado em 25.08.2013, às 15h29
Suspeita é que o sequestro tenha relação com uma denúncia de esquema de furto feita pela vítima
Fotos: Divulgação / Facebook
Do NE10Com informações da repórter Roberta Soares / Jornal do Commercio
Uma estudante de direito acusa dois agentes da Polícia Civil de Pernambuco de a terem sequestrado e torturado brutalmente na manhã da última quinta-feira (22), dentro de um carro não identificado, no Centro do Recife. Vatsyani Marques Ferrão, 43 anos, relatou todo o caso em sua página pessoal no Facebook. A universitária também postou as fotos das agressões, que vão desde hematomas nos braços até marcas de socos no rosto. A mãe de Vatsyani, Zelane Marques, 65, também teria sido agredida pelos dois homens. A suspeita é que o sequestro tenha relação com uma denúncia de esquema de furto feita por Vatsyani e por sua mãe recentemente.
Segundo relata a estudante no Facebook, o crime teria acontecido no bairro da Boa Vista, às 10h40. Vatsyani afirma que sua mãe desceu ao térreo do prédio em que mora para colocar objetos dentro do carro da universitária para seguir viagem juntas, em carros separados. Ao entrar no veículo, a estudante conta que viu pelo retrovisor a mãe sendo agredida pelos dois suspeitos. "Eu fiquei desesperada, deixei o carro no meio da rua e sai gritando por socorro. Quando fui ao encontro desses dois elementos para salvar minha mãe pois os mesmos queria colocar ela no carro quando eu cheguei eles começaram a me bater e puxar meus cabelos", relata em sua página pessoal.
Os dois homens teriam arrastado Vatsyani para o carro não identificado e as agressões continuaram pelo caminho. Segundo conta na rede social, a tortura só parou quando uma viatura da CTTU percebeu o tumulto dentro do veículo, no cruzamento da Avenida Conde da Boa Vista com a Rua José de Alencar. "Eles me viram gritando e pedindo ajuda quando os dois elementos falou eu sou da polícia e ela está drogada com cocaína foi ai que percebi que eles eram policiais a paisano quando eles perceberam que a viatura da CTTU seguia o carro eles me falaram sua sorte é essa por que senão você ia morrer agora".
A estudante foi levada para a delegacia do Idoso, na Rua da Glória, também no Centro da capital pernambucana, e levada até a sala do delegado, que não se encontrava no momento. Vatsyani diz que continuou a ser agredida no local, com vários chutes na cabeça e agressões verbais. No relato, ressalta ainda que uma comissária da Polícia Civil afirmou que iria filmar a ocorrência para alegar que a estudante estaria se debatendo.
Quando o delegado chegou, a estudante conta que ele a mandou ir embora e que trouxe o celular da vítima - dentro do carro dos policiais - a pedido da mesma, que só assim pode fazer as ligações necessárias. Segundo o advogado da vítima, André Henrique Fonseca, o delegado é Eronildo Farias, titular da Delegacia do Idoso - informação confirmada pelo chefe da Polícia Civil, Osvaldo Moraes.
Fonseca afirmou ter registrado o suposto sequestro na Delegacia de Santo Amaro, após realização de exame de corpo de delito. A família deve levar ainda nesta segunda-feira (26) o caso ao conhecimento da Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS). “Quando eu cheguei à delegacia fiquei horrorizado com o estado da minha cliente. O que está no Facebook é pouco. Ela estava completamente desfigurada e transtornada. Indaguei quais as razões daquilo tudo e o delegado apenas me disse que ela era acusada de desacato à autoridade e responderia a um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência)”, declarou em entrevista ao Jornal do Commercio.
Questionado sobre o motivo das agressões, o advogado acredita na linha da denúncia feita pela estudante. Já sobre a possibilidade da tortura ter sido resultado da participação da estudante no protesto ocorrido na última quarta (21), no Centro da Cidade, já que muitos estudantes vêm afirmando nas redes sociais serem vítimas de perseguições, torturas e sequestros, Fonseca nem confirmou nem negou. Não quis sequer informar se a cliente havia participado dos atos.
POSICIONAMENTO - A SDS informou que a Corregedoria da Polícia já teria instaurado uma sindicância. O chefe da Polícia Civil, Osvaldo Moraes, garantiu que tudo será investigado e que a corporação não compactua com este tipo de atitude.
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