Regra é desenvolver produtos a partir da combinação de componentes e da colaboração entre aficionados. Workshops ajudam a difundir técnicas
James Della Valle
Arduino: placa permite a criação de uma infinidade de dispostitivos eletrônicos (Divulgação)
Entre as décadas de 80 e 90, as revistas dedicadas a popularizar conhecimentos sobre eletrônica eram numorosas nas bancas. Muitas das publicações eram acompanhadas de componentes e placas de circuitos, que incentivavam a montagem dos projetos descritos nas revistas. Com o tempo, as publicações minguaram, e o conceito de faça-você-mesmo perdeu força. A situação mudou, contudo. Aliado à internet, o conceito de "hardware aberto" (open hardware, na versão original em inglês) — que incentiva a criação de dispositivos eletrônicos a partir da combinação de alguns componentes básicos e através da colaboração entre amadores e até especialistas — vem alimentando comunidades de apaixonados. A prática deve ganhar força com a chegada ao Brasil de um movimento dirigido aos "gênios de garagem" e conhecido como Makers.
Serviço
Oficina Makers
www.f451.com.br
www.f451.com.br
Datas - 24 de agosto e 21 de setembro
Local - Av. Nova Independência, 1.061, em São Paulo (SP)
Valor - 750 reais
Local - Av. Nova Independência, 1.061, em São Paulo (SP)
Valor - 750 reais
"O Makers propõe o compartilhamento gratuito de ideias, ferramentas e soluções tecnológicas dentro e fora da internet com o objetivo de promover o hardware aberto", afirma Alon Sochazweski, CEO da empresa brasileira de mídia e serviços digitais F451. A companhia é responsável por realizar em São Paulo, neste sábado e também no dia 21 de setembro, oficinas que explicam a plataforma Arduino – na verdade, uma placa com circuitos que controlam dispositivos criados pelos aficionados. O sistema foi desenvolvido em 2005 por estudantes do Instituto de Design de Ivrea, na Itália. "Ao oferecer isso ao público brasileiro, queremos proporcionar acesso às ferramentas que vão ajudar as pessoas a criar seus próprios produtos."
Pode parecer brincadeira. Mas pode ser assunto sério. Em alguns casos, o contato com plataformas como essa podem servir como primeiro passo na formação de futuros inventores. "Você faz um projeto e constrói um produto. A partir daí, publica suas descobertas e desenhos na internet para que outras pessoas os reproduzam e façam melhorias no trabalho", diz o paulista Luciano Ramalho, que há 30 anos trabalha como professor de programação em diversas instituições. O próprio Ramalho chegou a participar da fundação de um grupo de entusiastas no assunto, o Garoa Hacker Club. Continue a ler a matéria
Opinião de quem usa
“Descobri o Arduino quando dei aulas de instrumentação industrial. Em seguida, em diversos cursos de Engenharia. Ele funciona bem em atividades complementares, como guerra de robôs entre os alunos."
Mauro Assis, 48 anos, engenheiro agrícola
“Conheci o universo do hardware aberto em 2011, em um evento na faculdade. Isso despertou minha vontade de colocar todos os meus antigos projetos em prática. É gênial!”
Fellipe Couto, de 29 anos, analista de sistemas
Um kit básico de Arduino chega a custar 170 reais no mercado nacional, e conta com a placa controladora, leds de cores variadas, sensor de temperatura, cabo USB e outros itens diversos – o suficiente para iniciar um projeto básico. Outros componentes podem ser adquiridos à parte, de acordo com a necessidade e disponibilidade financeira do usuário.
Os frutos do hardware aberto podem surpreender, principalmente pela quantidade de projetos já realizados e publicados na rede. "Existem limitações em virtude de algumas características pontuais, como a baixa velocidade dos processadores. Não é possível fazer de tudo, mas é impossível contar tudo o que pode ser feito", diz Ramalho. Isso inclui celulares caseiros, alarmes, veículos de controle remoto, sistemas de vigilância e monitoramento remoto para residências. Entre os produtos mais elaborados, estão as impressoras 3D abertas, que possibilitam a criação de itens em três dimensões a partir de insumos como plástico e cola.
Projetos criados com Arduino e open hardware
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Impressora 3D
A RepRap é a primeira impressora 3D desenvolvida a partir do conceito de hardware aberto a ganhar notoriedade. Seu protótipo surgiu em 2006 e, desde então, o modelo vem sendo aprimorado por entusiastas. Atualmente, diversas empresas utilizam os dados divulgados por outros desenvolvedores para criar seus próprios produtos e vendê-los no mercado.
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