quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Policial afirma que pai de Pesseghini relatou ameaças de filho à mãe




Segundo amigo de sargento, antes do crime o pai do garoto recebeu um telefonema e ficou preocupado; psiquiatra se reúne com delegado do caso na sexta para traçar perfil de jovem
29 de agosto de 2013 | 19h 03

Luciano Bottini Filho - O Estado de S. Paulo


Um amigo íntimo do pai de Marcelo Pesseghini, o adolescente de 13 anos suspeito de matar os pais, a avó, a tia-avó e depois se suicidar, contou a polícia que o garoto teria ameaçado a mãe de morte porque ela poderia tirar sua espingarda de brinquedo. O depoimento foi prestado por um policial da Rota que trabalhava com o pai do estudante, o sargento da PM Luiz Marcelo Pesseghini, casado com a cabo Andréia Bovo Pesseghini.

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Reprodução
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De acordo com o PM, Marcelo tinha uma espingarda de pressão e gostava de atirar em animais, como cães e passarinhos. Vizinhos teriam reclamado para a mãe do estudante, que chamou o garoto para conversar. A testemunha disse à polícia que Andréia avisou que ele deveria parar de acertar em bichos e explicou que só poderia usar a arma contra um alvo em casa. O filho, segundo o policial, ficou contrariado. "Eu só quero acertar em animais", teria dito Marcelo. Quando a mãe alertou que o deixaria sem a espingarda, ele ameaçou de matá-la, ainda conforme o PM. O colega do sargento Pesseghini descreveu o menino como um excelente atirador.

A testemunha, com qual o sargento Pesseghini fazia confidências, disse que o caso lhe foi relatado semanas antes do crime. O pai de Marcelo teria recebido um telefonema e ficado preocupado. Na ocasião, ele teria dito ao amigo que sua mulher foi ameaçada de morte pelo filho.

O depoimento do amigo do sargento é mais um dos relatos que a polícia reúne para tentar compreender o comportamento de Marcelo. Nesta sexta-feira, o psiquiatra forense Guido Palomba deverá se reunir com o delegado do caso, Itagiba Franco, para analisar o inquérito e traçar um perfil da personalidade do garoto. Já houve relatos de que Marcelo mudou de comportamento meses antes do crime e que passou a fazer brincadeiras com armas de fogo em casa, como simular que atiraria em alguém.

Os promotores Vinicius França e André Bogado, da 2ª Vara do Júri da Capital, estiveram nessa quinta no Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa. Segundo elas, a posição do Ministério Público é de cautela. De acordo com Bogado, dois tios de Marcelo, irmãos da cabo Andreia, estiveram na Promotoria e afirmaram que não acreditam que o garoto fosse o culpado. Eles teriam pedido novas investigações.

A polícia já ouviu 48 pessoas. Ainda estão previstas mais duas testemunhas, uma delas uma policial que trabalhava com Andreia. Na quarta-feira, dois colegas de Marcelo depuseram novamente e confirmaram algumas informações que haviam sido ditas por outros alunos da escola do adolescente. As duas testemunhas teriam omitido informações, segundo um email interceptado pela polícia. No novo depoimento, elas voltaram atrás e disseram que Marcelo contou a elas que matou a família, quando chegou à escola na data do crime. Segundo o inquérito, Marcelo tinha um grupo de amigos que jogavam o videogame Assassin´s Creed, chamado de Os Mercenários.

O crime aconteceu entre a noite do dia 5 e a madrugada do dia 6, na residência da família, na Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. Para o fechamento do inquérito, a polícia depende da finalização dos laudos do Instituto de Criminalística (IC) e Instituto Médico Legal (IML).

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