terça-feira, 20 de agosto de 2013

Dólar tem dia de queda, com BC intervindo no mercado





20 de agosto de 2013 | 9h48
Economia&Negócios
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Foto: Morgue File
Após a forte valorização vista nesta segunda-feira, 19, dia em que o dólar chegou a bater R$ 2,426 na cotação máxima, a moeda norte-americana abriu o pregão desta terça-feira em queda e seguiu a tendência ao longo da manhã. Às 13h42, operava em baixa de 0,75%, cotada a R$ 2,396.
O Banco Central anunciou leilões nesta manhã, na tentativa de diminuir a cotação do dólar. O BC divulgou um leilão de swap cambial (venda de dólar no mercado futuro) com oferta de até 20 mil contratos, o equivalente a até US$ 1 bilhão, com vencimento para 2/1/2014.
Além disso, o Tesouro Nacional faz leilão extraordinário de recompra de até 2 milhões de LTN e até 2 milhões de NTN-F, ambos títulos prefixados. Com a recompra desses papéis, o Tesouro repassa liquidez ao mercado a fim de aliviar a pressão sobre as taxas futuras de juros.
A ação paralela do BC e do Tesouro já foi anunciada previamente e pretende amenizar o nervosismo que ameaça dominar os negócios domésticos nesta terça-feira, devido ao clima tenso no exterior nesta véspera de divulgação da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve, realizada em julho. A expectativa entre os agentes financeiros é de que o documento do Fed apresente na quarta-feira, 21, novas pistas sobre o momento do início da redução dos estímulos à economia dos Estados Unidos.
O ajuste do dólar ante o real ontem ocorreu devido ao resultado negativo da balança comercial e à desconfiança em relação à economia brasileira, segundo os agentes de câmbio ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. O reflexo do dólar mais valorizado é sentido diretamente pelos juros futuros, que vêm contando ainda com a pressão sobre as taxas dos Treasuries para avançarem.
O estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, disse hoje que essas atuações programadas do BC e Tesouro tendem a amenizar o movimento do câmbio e dos juros futuros nesta terça-feira. Contudo, as intervenções podem ser insuficientes para reverter a tendência mundial de valorização do dólar, afirmou o estrategista.
Para Rostagno, o alerta, ontem, do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, sobre o risco da aposta na queda do real, pode pesar hoje sobre a parte curta da curva a termo de juros. “As declarações de Tombini foram bastante claras de que o BC não pretende acelerar o movimento de alta dos juros. Com isso, deve haver um ajuste para baixo da parte curta de juros futuros”, previu mais cedo hoje. Já a parte longa pode voltar a ser pressionada, se o dólar subir, disse o estrategista, citando que neste caso o ajuste poderia ser mais moderado porque os juros dos treasuries norte-americanos estão em queda nesta manhã. “A parte longa da curva de juros poderia continuar agregando prêmios, desde que o movimento do câmbio seja de valorização”, avaliou.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, fez um alerta ontem à noite sobre os riscos dos investidores concentrarem suas apostas na alta do dólar, uma vez que a cotação pode virar, impondo perdas a quem agiu de forma “unidirecional”. O chefe do Comitê de Política Monetária (Copom) também identificou que “os movimentos recentemente observados nas taxas de juros de mercado incorporam prêmios excessivos”. As taxas de juros no mercado futuro, que tentam antecipar o comportamento do BC, estariam altas demais.
(Com Luciana Antonello Xavier e Silvana Rocha, da Agência Estado)
Texto atualizado às 13h44

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