Rubens rastejou ao ver luz e sinal de bombeiros, afirma Noema no hospital.
Ele relatou que colunas do meio eram finas e não resistiram, diz filho.
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O eletricista Rubens Antonio de Oliveira, de 44 anos, está agradecendo a Deus por ter sobrevivido ao desabamento da obra de um prédio na região de São Mateus, Zona Leste de São Paulo, nesta terça-feira (27). Segundo a família, que o visitou nesta quarta-feira no hospital Santa Marcelina, ele ficou sob os escombros e teve um pé quebrado, além de escoriações.
“Ele ficou soterrado a uns dois metros de cima da laje. Um bombeiro colocou uma lanterna em uma fenda e gritou se ele estava conseguindo ver. Ele rastejou até a luz e os bombeiros começaram a puxá-lo para cima”, diz a mulher, Noemia Matos.
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“Ele pensou que ia morrer e agradeceu muito a Deus por não ter deixado ele morrer”, diz ela. “Eu fico triste pelos outros, que não tiveram a mesma sorte. Mas Deus vai consolar cada um deles”, acredita Noemia.
O marido ficou preso sob um andaime quando a obra desabou. Segundo ela, Rubens passará por uma cirurgia nesta quinta-feira (29) para colocar pinos na perna.
“Eu soube pela TV”, diz ela. Os filhos do eletricista, Rafael, de 20 anos, e Flávia, de 16, lembram que o pai dormia a maior parte dos dias na obra, devido à dificuldade de retornar para a casa da família, na Brasilândia (zona norte de São Paulo).
“As colunas do meio do prédio eram muito finas”, diz Rafael, conforme relato do pai. “conforme cedeu a estrutura do meio, desabou tudo, por isso caiu daquela forma”, afirma o filho do eletricista.
“As colunas do meio do prédio eram muito finas”, diz Rafael, conforme relato do pai. “conforme cedeu a estrutura do meio, desabou tudo, por isso caiu daquela forma”, afirma o filho do eletricista.
Depoimentos apontam falta de estrutura
Quatro funcionários da Salvatta Engenharia, empresa contratada pela rede Torra Torra para avaliar a situação da construção do prédio de dois andares que desabou disseram em depoimentos à Polícia Civil que souberam no sábado (24) que a laje da obra precisaria ser escorada com madeiras e vigas porque não aguentaria o peso de equipamentos sobre ela. Também informaram que as obras foram paralisadas até que houvesse o reforço da estrutura do prédio.
A decisão teria sido tomada após reunião no sábado entre uma arquiteta da Torra Torra, um engenheiro e um representante da Salvatta, além de outro engenheiro contratado pelo dono do imóvel, Mostafá Abdallah Mustafá.
Quatro funcionários da Salvatta Engenharia, empresa contratada pela rede Torra Torra para avaliar a situação da construção do prédio de dois andares que desabou disseram em depoimentos à Polícia Civil que souberam no sábado (24) que a laje da obra precisaria ser escorada com madeiras e vigas porque não aguentaria o peso de equipamentos sobre ela. Também informaram que as obras foram paralisadas até que houvesse o reforço da estrutura do prédio.
A decisão teria sido tomada após reunião no sábado entre uma arquiteta da Torra Torra, um engenheiro e um representante da Salvatta, além de outro engenheiro contratado pelo dono do imóvel, Mostafá Abdallah Mustafá.
As testemunhas disseram, ainda, que o dono do imóvel estaria preocupado com o problema e teria solicitado um orçamento de outra empresa para realizar o trabalho de reforçar a laje. Cerca de 500 tijolos de barro foram retirados do pavimento para não comprometer a estrutura, ainda de acordo com as informações à polícia.
As causas e eventuais responsabilidades pelo desabamento que deixou mortes e feridos estão sendo investigadas pela equipe do delegado Luiz Carlos Uzelin, titular do 49º Distrito Policial. Segundo ele, a investigação quer ouvir primeiro os sobreviventes para só depois falar com os responsáveis diretos pela obra.
“Também quero saber por que a Prefeitura não informou à Polícia Civil sobre o fato de a obra ter continuado a funcionar mesmo tendo sido embargada pela administração pública”, disse o delegado. “Eu poderia ter feito um inquérito para apurar o crime de desobediência”.
As causas e eventuais responsabilidades pelo desabamento que deixou mortes e feridos estão sendo investigadas pela equipe do delegado Luiz Carlos Uzelin, titular do 49º Distrito Policial. Segundo ele, a investigação quer ouvir primeiro os sobreviventes para só depois falar com os responsáveis diretos pela obra.
“Também quero saber por que a Prefeitura não informou à Polícia Civil sobre o fato de a obra ter continuado a funcionar mesmo tendo sido embargada pela administração pública”, disse o delegado. “Eu poderia ter feito um inquérito para apurar o crime de desobediência”.
Ministério Público questiona Prefeitura
O Ministério Público de São Paulo investiga a Prefeitura de São Paulo por suspeita de omissão no caso do desabamento, que deixou oito mortos, 26 feridos e dois desaparecidos na Zona Leste da capital paulista.
De acordo com a Promotoria de Habitação e Urbanismo, a administração municipal deveria ter impedido a continuidade das obras, já que o local havia sido embargado pelo próprio órgão.
O Ministério Público de São Paulo investiga a Prefeitura de São Paulo por suspeita de omissão no caso do desabamento, que deixou oito mortos, 26 feridos e dois desaparecidos na Zona Leste da capital paulista.
De acordo com a Promotoria de Habitação e Urbanismo, a administração municipal deveria ter impedido a continuidade das obras, já que o local havia sido embargado pelo próprio órgão.
A Prefeitura divulgou nota para afirmar que não cometeu omissão e que vai apurar o motivo de o embargo da obra que desabou não ter sido comunicada às autoridades policiais. A administração informou que o "emparedamento ou bloqueio físico de obras por pendência documental não é habitualmente realizado pela administração". Ainda segundo a Prefeitura, o Código de Obras e Edificação do município não prevê o emparedamento da obra embargada, apenas em casos que envolvem licença de funcionamento.
A Prefeitura também negou ter responsabilidade no impedimento da continuidade da construção. "Os agentes vistores não atuam como fiscais de execução de obras ou de segurança", informou a administração.
A Prefeitura também negou ter responsabilidade no impedimento da continuidade da construção. "Os agentes vistores não atuam como fiscais de execução de obras ou de segurança", informou a administração.
Em entrevista nesta quarta-feira ao G1, o promotor José Carlos de Freitas afirmou que “em tese, a Prefeitura cometeu omissão, caracterizada por negligência, por não ter feito atos para o cumprimento do embargo da obra”. Segundo o representante do MP, a Prefeitura deveria ter fiscalizado o local para saber se o embargo estava sendo cumprido ou ter colocado blocos de concreto em volta para impedir a continuidade das obras.
Ainda de acordo com o promotor, outra possibilidade seria da administração ter informado à Polícia Civil sobre o embargo e o seu possível descumprimento. Dessa forma, o delegado responsável poderia instaurar um boletim de ocorrência contra os responsáveis da obra por descumprimento.
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