quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mulher consegue guarda de papagaio na Justiça, mas ave morre no Ibama




O animal foi apreendido em março e dona acionou Justiça para reavê-lo.
Vendedora do Recife soube da morte ao procurar Ibama nesta quinta (15).

Priscila MirandaDo G1 PE
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Vendedora ambulante Gedália Valentim ficou abalada ao saber da morte do papagaio de estimação (Foto: Priscila Miranda / G1)Vendedora ambulante Gedália Valentim ficou abalada ao
saber da morte do bicho de estimação (Foto: Priscila
Miranda / G1)
Após a Justiça Federal emPernambuco conceder a guarda de um papagaio da espécie Amazona aestiva para a vendedora ambulante Gedália Valentim Ferreira, que criava o animal há oito anos, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) informou à mulher, na manhã desta quinta-feira (15), que o bicho morreu no cativeiro da sede regional do órgão, na Zona Norte do Recife.
Em março deste ano, a vendedora havia entrado com um pedido na Justiça para reaver a guarda do papagaio. Ele foi apreendido no mesmo mês por agentes da Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente (Cipoma) após denúncias anônimas de maus-tratos. Desde então, o bicho estava na sede regional do Ibama, no bairro de Casa Forte, para receber tratamento em cativeiro.

Depois da apreensão do animal, a vendedora ambulante procurou auxílio da Defensoria Pública, que acionou o Poder Judiciário. Na última sexta (9), o magistrado da 2ª Vara Federal, Francisco Alves dos Santos Júnior, concedeu a guarda do papagaio à Gedalia Valentim Ferreira. Ao procurar o Ibama na manhã de hoje para pegar a ave, ela foi informada da morte do animal, que ocorreu há mais de um mês.
De acordo com a veterinária do Ibama Cristina Farias, a necrópsia realizada no corpo do bicho apontou para uma infecção bacteriana agravada por quadro de desnutrição crônica. O animal morreu no dia 10 de julho. "Só realizei a necrópsia no dia 24 [de julho], depois que retornei das férias. Ainda haverá um laudo laboratorial realizado na Universidade de São Paulo", afirmou.
Cativeiro da sede do Ibama serve como centro de reabilitação dos animais apreendidos (Foto: Priscila Miranda / G1)Cativeiro da sede do Ibama, onde o papagaio estava, serve
como centro de reabilitação dos animais apreendidos
(Foto: Priscila Miranda / G1)
A vendedora ficou decepcionada com a notícia da morte. "Ele era perfeito. Disseram que eu maltratava ele, mas é mentira. Ele tinha um defeito que era de nascença na pata, não prendia ele", disse. Depois da apreensão, a mulher foi ao Ibama diversas vezes com o objetivo de visitar o papagaio, que ela batizou de "Meu Lourinho". No entanto, depois de algumas visitas, Gedália foi impedida de ver o pássaro. "Eu implorava para ver, mas eles não deixavam. Só consegui vê-lo duas vezes", lembrou.
Segundo o Ibama, o papagaio apresentava uma atrofia do músculo peitoral. "Ele tinha uma mutilação pélvica, provavelmente já desde o cativeiro doméstico", acrescentou a veterinária. O Ibama afirma que prestou todos os cuidados necessários para que o animal fosse reabilitado.
"A gente sabe que o animal vinha numa dieta [alimentar] mais humana do que uma adequada à espécie dele. No cativeiro, nós adequadamos a dieta dele ao que nós oferecemos aos psitacídeos [ordem de aves que inclui o papagaio]. Aqui ele estava se alimentando bem, porém tem toda uma fase de adaptação desse animal do cativeiro doméstico para o processo de reabilitação", explicou Cristina Farias.
Criando o papagaio desde filhote, Gedália conta que nunca tirou uma foto do bicho porque, segundo ela, "daria azar". "Eu tinha um gatinho que eu tirava fotos e ele acabou morrendo", relatou a vendedora.
Confusão de informações
A decisão da devolução do papagaio foi dada pelo juiz Francisco Alves na última sexta (9). De acordo com ele, o Ibama foi notificado da decisão esta semana. "Antes de ontem [terça-feira], o Ibama foi notificado oficialmente. Talvez o setor ainda não saiba, mas a instituição foi avisada sim", afirmou o magistrado. No entanto, a Superintendência do Ibama informou hoje que ainda não recebeu a notificação.
Defensora pública Marina Lago (Foto: Priscila Miranda / G1)Defensora pública Marina Lago analisa solicitar à Justiça
medida de reparação para a dona do papagaio
(Foto: Priscila Miranda / G1)
A defensora pública Marina Lago, que acionou a Justiça para reaver o papagaio de Gedália, afirmou que vai procurar o Poder Judiciário novamente para analisar medidas de reparação. "A informação que o Ibama nos passou é que eles estavam aguardando uma perícia vinda de São Paulo para só depois informar do falecimento. Essa comunicação que aconteceu hoje, para eles, teria sido prematura, o que ao meu ver não foi, já que o papagaio faleceu no dia 10 de julho", afirmou.
Procurado pelo G1, o juiz Franciso Alves disse que vai aguardar a notificação oficial sobre o falecimento do papagaio para tomar providências. "Vou comunicar ao Ministério Público Federal e se houve algum crime, vamos tomar medidas cabíveis. Vamos apurar essa morte", explicou o magistrado. Sobre o processo de guarda do papagaio, o juiz afirmou que será extinto por falta de objeto.

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