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FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
Depois de um enfrentamento morno, sem críticas contundentes no Senado, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) se prepara para ir nesta quarta-feira (4) responder aos questionamentos dos deputados federais sobre as denúncias de fraude em licitação de trens e pagamento de propina por empresas com contratos com o governo de São Paulo.
Para questionar diretamente o ministro, José Aníbal (PSDB), secretário de Energia do governo paulista, promete retomar o mandato de deputado para participar da audiência. "Confio que o clima de respeito que houve no Senado será também colocado na Câmara. Não creio que os deputados quererão a desqualificação de uma casa tão importante. Espero o mesmo nível, a mesma contundência, a mesma arguição profunda, com respeito, sem palavras injuriosas", disse o ministro, anunciando que está processando os que o chamaram de "sonso" e "vigarista".
Para o ministro, o depoimento que precisa ser técnico não pode se transformar "em algo que é próprio de disputas eleitorais". A oposição na Câmara, em especial os tucanos, promete ser mais aguerrida que os colegas do Senado. "Vamos fazer os questionamentos que achamos serem oportunos, isso não implica ser mais ou menos duro que os senadores. A educação é regra", afirma o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP).
Nesta terça, Cardozo respondeu às perguntas de senadores sobre o caso Siemens. Sem polêmicas, os tucanos insinuaram que as ilegalidades envolvendo a empresa alemã podem ter acontecido em outros Estados, apesar de as investigações de cartel estarem concentradas apenas em São Paulo e Distrito Federal. Os tucanos, que aviam criticado a postura do ministro à frente do caso, cobraram nesta terça investigações em outras praças onde a Siemens tem contratos.
Sérgio Lima-28.nov.2013/Folhapress | ||
Ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) durante entrevista sobre denúncias de corrupção no caso Siemens |
Cardozo, por sua vez, se limitou a pedir que denúncias sejam encaminhadas a ele para que repasse o pedido de investigação à Polícia Federal. Afirmou ainda que o acordo firmado entre Siemens e Cade se limita ao DF e a SP porque a empresa trouxe informações sobre esses contratos. "Se ela praticou cartel em outros Estados e não comunicou, perde o acordo", afirmou o ministro.
A irritação dos tucanos com o caso começou com o vazamento de documentos com nomes de políticos do PSDB e do DEM que foram parar nas mãos da Polícia Federal, entregues pelo próprio ministro.
Parte da papelada aponta a "existência de um forte esquema de corrupção no Estado de São Paulo durante os governos [Mário] Covas, [Geraldo] Alckmin e [José] Serra, e que tinha como objetivo principal o abastecimento do caixa 2 do PSDB e do DEM".
Ainda sob análise da PF, a documentação indica que o secretário do governo Alckmin Edson Aparecido (Casa Civil) recebeu propina do lobista Arthur Teixeira, acusado de intermediar o pagamento de comissões de empresas que atuam no mercado de trens. São citados na denúncia como pessoas próximas do lobista secretários de Alckmin, entre eles José Aníbal, e também o senador Aloysio Nunes.
Questionado se conhecia o lobista, Cardozo afirmou que, se por acaso encontrou com ele, não se lembra. "Às vezes a gente é apresentado a gente do bem ou do mal. Não sei se é o caso. Não foi algo seguramente que me marcou. Do Arthur, sinceramente, não me lembro, faz mais de uma década", disse.
O ministro afirmou que já determinou que a PF apure o vazamento da documentação, apesar de reconhecer que é muito difícil identificar de onde saiu a papelada que passou por diferentes mãos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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