quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A USURPAÇÃO : Aliado de Lula deixa claro: o PT tomou o lugar do povo






Gosto de palavras. Gosto de seu sentido. Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo, é uma espécie de porta-voz informal de Lula. Também pertence ao núcleo duro do PT. Representa, ele sim, o PT lulista, que se quer autêntico, aquele de origem sindical. Muito bem. Ele concedeu uma entrevista a Fernando Rodrigues, da Folha/Uol. Segundo disse, Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, cometeu um erro ao se lançar candidato agora. Acredita que deveria ter esperado 2018, quando, então, poderia ter o apoio do PT. Dá a entender que isso lhe foi oferecido. Disse ainda outra coisa espetacular. Já chego lá.
Sobre o PT apoiar Campos em 2018, dizer o quê? Vejam o que o petismo fez com Ciro Gomes. De voz nacional, virou, quando muito, e olhem lá, um quase-líder regional. Lula obrigou o rapaz a transferir seu domicílio eleitoral para a cidade de São Paulo para ser o candidato do PT à Prefeitura em 2008. Ciro pagou o mico. O PT lhe deu um pé no traseiro. Imaginar que o partido possa abrir mão do poder em favor de um aliado, especialmente se acha que pode vencer, é uma piada.
Ao especular a respeito, Marinho se trai de maneira espetacular e diz esta pérola, verdadeiramente antológica:
“Nós temos convicção de que em algum momento o PT terá que botar um partido aliado para governar o Brasil. Se nós queremos um projeto de longo prazo, nós temos que partilhar isso com os aliados.”
Leiam de novo. Não é que ele ache que, em algum momento, o PT poderá não estar muito bem, não ter o favorito, sendo obrigado a escolher um aliado; não é que ele ache que possa, eventualmente, surgir um nome mais capaz ou mais viável no terreno governista… Nada disso. Generoso, Marinho diz que “o PT terá debotar um partido aliado para governar o Brasil”.
Entendi. Quem “bota” é o partido — o outro nem mesmo se elegeria por seus méritos. Para Marinho, a verdadeira eleição para presidente não é aquela que tem o povo como colégio eleitoral, mas a que se faz no próprio partido.
O PT tomou o lugar da sociedade.
Por Reinaldo Azevedo

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