MUNIÇÃO LETAL
Jornalistas viram policiais atirando para o alto para dispersar a multidão. Um manifestante foi atingido por dois tiros, mas passa bem
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Pela primeira vez desde o início das manifestações no Rio, policiais militares são suspeitos de trocar as balas de borracha e o gás lacrimogêneo por armas letais para dispersar manifestantes. No momento em que baderneiros confrontavam a polícia depois de um protesto de professores, que reuniu entre 7 e 10 mil pessoas no Centro da cidade na noite desta terça-feira, 15, repórteres do jornal Folha disseram ter presenciado PMs disparando tiros para o alto, por volta das 23h, perto da praça da Cinelândia. Um manifestante foi baleado e pelo menos 13 balas foram recolhidas nas ruas na madrugada de quarta-feira, 16.
Ainda não se sabe se os disparos partiram de integrantes da polícia ou dos próprios manifestantes. Imagens divulgadas em telejornal da Globo na manhã desta terça-feira, 15, flagraram o momento em que três homens à paisana aparecem atrás de uma banca de jornal e fazem disparos. A assessoria da PM não respondeu se o comando autorizou o uso das munições letais. Suspeitos ainda não foram identificados.
O manifestante baleado, Rodrigo Gonçalves Azoubel, de 18 anos, levou dois tiros, um em cada antebraço. Ele foi internado na Clínica São Vicente, na Gávea, onde passou por uma cirurgia. Os projéteis atravessaram seu antebraço, mas não foram encontrados. O rapaz passa bem, mas deve permanecer internado por mais uma semana e passar por uma segunda cirurgia.
Vandalismo
O quebra-quebra no Centro do Rio deixou um rastro de destruição e terminou com pelo menos dez PMs e seis manifestantes feridos. Segundo a OAB, 208 pessoas foram detidas e levadas em grupos pequenos para pelo menos quatro delegacias da cidade. A OAB questiona a decisão da polícia de levar os manifestantes presos para outras regiões, e a PM ainda não justificou a ação. Materiais como pedras, pedaços de madeira, máscaras e garrafas foram apreendidos.
Os tapumes instalados nas fachadas dos bancos não foram suficientes para proteger os prédios nas áreas onde houve confronto. Pelo menos três agências na Avenida Rio Branco e uma na Cinelândia foram depredadas. O prédio da EBX e o Consulado dos Estados Unidos tiveram vidraças quebradas. A fachada do Palácio Pedro Ernesto foi totalmente pichada. Orelhões, pontos de ônibus e placas de sinalização foram vandalizados.
Ação policial
A polícia já havia avisado que passaria a enquadrar manifestantes como “integrantes de organizações criminosas”, delito com pena mínima de três anos de cadeia, com base na nova lei do crime organizado aprovada no último dia 15 de setembro. Os manifestantes presos na noite de terça foram detidos e liberados enquanto aguardam inquérito. Os processos estão correndo em segredo de Justiça, muito provavelmente porque envolvem interceptações telefônicas.
Lei das Máscaras
A polêmica lei que proibia máscaras em protestos claramente não funcionou. De acordo com a polícia militar, que sequer foi consultada pela Assembleia Legislativa quando votou a lei, a medida simplesmente não é exequível.
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