Após desonerar folha de pagamento e anunciar incentivos à inovação, governo espera garantir crescimento de pelo menos 3,5% em 2013
01 de março de 2013 | 21h 13
João Villaverde, Tânia Monteiro e Fernando Nakagawa, de O Estado de S. Paulo
LONDRES e BRASÍLIA - O fraco desempenho da economia em 2012, oficializado nesta sexta-feira, já era esperado pelo governo federal, que não pretende anunciar novos pacotes para incentivar a atividade. Em resumo, tudo o que poderia ser feito para a economia brasileira superar a crise mundial e crescer a um ritmo forte já foi colocado em prática. Novas medidas emergenciais ou pacotes com uma série de estímulos estão descartados. O governo quer um 2013 "suave".
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Como definiu um graduado economista do governo, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) "infelizmente vieram dentro das expectativas". Mas o desempenho do último trimestre - o segundo melhor do governo Dilma Rousseff - deixou o governo aliviado, porque os investimentos voltaram a subir, após um ano e meio de queda. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, defendeu pessoalmente essa visão junto a Dilma, em reunião na quinta-feira.
Falando a investidores em Londres, a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, reforçou a mensagem de que, para o governo, o arcabouço de regras macroeconômicas está completo. "Tudo o que precisava ser feito, foi feito. Os juros caíram e o câmbio se estabilizou."
A economia está, aos poucos, incorporando as novas condições criadas pelo governo nos últimos dois anos, entendem os técnicos. Com taxas de juros mais baixas em todas as linhas, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem aumentado o volume de empréstimos.
Folha de pagamento. Além disso, diversos setores já receberam o benefício da desoneração da folha de pagamento. Outros dois grandes empregadores - construção civil e varejo - serão incluídos a partir de abril, conforme medida provisória já aprovada pelo Congresso.
Nos bastidores, o governo fala na redução de novos estímulos à economia, após a sucessão de pacotes dos últimos anos. O governo entrou em pânico no início de dezembro, quando o PIB do terceiro trimestre foi divulgado, com um desempenho ainda mais frustrante do que o estimado inclusive pelo mercado. Naquele mês, o governo tirou da gaveta uma série de pacotes.
Desta vez, novas medidas estão descartadas. O governo trabalha com a mesma agenda desde o início do ano, que está dividida em três áreas de atuação, todas já conhecidas: um pacote de estímulo à inovação industrial, que deve ser anunciado neste mês pela presidente Dilma. Como antecipou o Estado, o governo abrirá crédito subsidiado de até R$ 30 bilhões para inovação, além da criar uma empresa pública para auxiliar o diálogo entre universidades e empresários com necessidade de pesquisa.
Outra medida que já está no radar há pelo menos dois meses e deve agora sair do papel é a desoneração da cesta básica, que deve ser finalizada nas próximas semanas, e a simplificação do PIS/Cofins, que deve dar um estímulo ao setor produtivo. Como o PIB de 2012 não causou alarde, o governo mantêm o mesmo ritmo de estudo dessas medidas.
O primeiro trimestre está sendo animador, disse um interlocutor da presidente no Palácio do Planalto. "No momento, a curva de crescimento é ascendente. Se o cenário internacional não piorar, vamos garantir um PIB de, no mínimo, 3,5% neste ano."
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