quarta-feira, 27 de março de 2013

Graça Foster pode aproveitar processos sigilosos na CVM para mexer na diretoria financeira da Petrobrás



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Por Jorge Serrão – 
serrao@alertatotal.net
Exclusivo - Almir Gulherme Barbassa, diretor financeiro da Petrobrás e considerado por muitos o “verdadeiro gestor da empresa”, corre o risco de ser implodido pela presidente da companhia, Maria das Graças Foster, caso avance um Inquérito Administrativo em andamento na Comissão de Valores Mobiliários – órgão cujo slogan é proteger quem investe no futuro do Brasil no mercado acionário.

Graça Foster já recebeu de assessores um dossiê sobre o caso e já avalia a hora de substituir Barbassa. O que Graça fizer tem o apoio da sua melhor amiga, a Presidenta Dilma Rousseff, que não engolia o super-poder de Barbassa quando presidia o Conselho de Administração da Petrobrás na Era Lula. O caso Barbassa, que pode gerar tensão entre Dilma e Lula, será sacramentado na próxima Assembléia Geral da Petrobrás, em abril.

Responsável pela rolagem diária das dívidas da Petrobrás junto a grandes bancos internacionais, para fazer caixa, Barbassa só não foi ainda detonado porque tem padrinhos fortes: o ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente da Petrobrás e amigo de Lula, José Sérgio Gabrieli, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que também preside o Conselho de Administração da Petrobrás.

A CVM investiga, em sigilo, denúncias de investidores sobre os motivos que estariam por trás da decisão da Petrobrás em não recomprar ações após a “maior capitalização do mundo”, em setembro de 2010, que injetou R$ 120 bilhões no caixa da estatal de economia, com emissão de 4 bilhões de ações, para prometidos investimentos no pré-sal. A CVM também fica obrigada a apurar a suspeita de que a Petrobrás aplicou em ativos proibidos, via fundo exclusivo em vez de fazer a recompra prevista de ações.  

Nesse mesmo rolo, que parece uma bomba difícil de ser desarmada, a CVM também investiga, dentro do mais alto sigilo, qual a relação de Almir Barbassa e do membro do Conselho Fiscal da estatal, Nelson Rocha Augusto, com as bilionárias aplicações mensais em vários fundos multimercado. Os alvos são os Fundos BB Milênio 6 (do Banco do Brasil) e o Santander Vênus e Marte, além de outros sequer identificado por investidores. A CVM nega acesso aos processos PAS CVM RJ 15/06 e RJ 2010/9547. Os processos têm relação direta com outros dois: CVM RJ 2011-5450 e CVM RJ 2012-3836.

No caso do Fundo Vênus, surge outro problema político, pois mexe com o Santander. Ele foi criado na época em que o banco era presidido por Fábio Coletti Barbosa, que, por mera coincidência, fazia parte do Conselho de Administração da Petrobrás, como “representante dos acionistas minoritários. Fábio Barbosa também era o perito financeiro, e conselheiro da BR Distribuidora e da PFICO (Petrobrás International Finance Co).

Curiosamente, era Almir Barbassa quem presidia as duas subsidiárias da empresa. Investidores recordam que o Santander e o Itaú eram os bancos credenciados para fazer a recompra de ações pós-capitalização. Também por coincidência, o ex-presidente da Petrobrás na gestão Lula, José Sérgio Gabrielli, foi parar no Conselho de Administração da Itausa – a holding que controla o Itaú-Unibanco.

O negócio fica ainda mais complicado se forem investigados, profundamente, os fundos convergentes com o BB Milênio. Investidores sugerem que a CVM faça um estudo aprofundado sobre o Banco do Brasil BBDTVM e suas subsidiárias BBDTVM EUA e BBDTVM Londres. Todas são presididas por Nelson Rocha Augusto – que atua no Conselho Fiscal da Petrobrás há mais de 10 anos. Augusto é considerado homem de confiança do ex-ministro Antônio Palocci Filho – que hoje anda bastante sumido do noticiário...

Investidores vão mais fundo na questão dos fundos. Recomendam à CVM que apure a rentabilidade no ano de 2007 de todos os fundos associados ao BB Milênio 6. A intenção é descobrir se a Petrobrás e o fundo de pensão de seus empregados, a Petros, aplicaram em ativos proibidos via fundos exclusivos multimercado. Investidores suspeitam que haja conflito de interesses nas operações internacionais da Petrobrás e suas subsidiárias. Daí vem a insistente ira contra Almir Barbassa – que comandava pessoalmente todos os negócios, até surgir a informação de que agora é Graça Foster quem manda na área internacional da Petrobrás. Será mesmo?

Um outro caso grave pode virar processo na CVM ou se transformar em pesada ação em tribunais internacionais, principalmente no de Nova York. Trata-se da revelação de que lobistas (se passando por membros do alto escalão do governo Lula-Dilma e por supostos assessores da direção da Petrobrás) tentaram auferir vantagens indevidas na formação de parcerias para explorar o pré-sal. Segundo empresários do setor de óleo & gás, também pequenos acionistas da Petrobrás, lhes foram oferecidas participações em empreendimentos, com uma condição considerada incomum e mafiosa: “cinco por cento deve ter a participação do Senhor X”.

Os investidores internacionais não falam abertamente. Mas afirmam ter uma ideia bem concreta de quem seria o tal “Senhor X” em nome do qual lobistas condicionavam a participação nos futuros empreendimentos, para que tudo fosse viabilizado. Investidores confidenciam que o grupo do “Senhor X” também sugeria que a joint venture para o promissor negócio no pré-sal também deveria contar com a participação de uma petrolífera europeia que já é parceira da Petrobrás em vários campos de exploração fora do pré-sal. Sabe-se que pelo menos dois altos dirigentes do PT têm íntimas relações com tal empresa, na qual a família do “Senhor X” também teria uma participação acionária dispersa, inferior a 4%, para não chamar a atenção do mercado.

Os investidores já deixam claro que o “Senhor X” não é Eike Batista – que também tem empresa petrolífera e que gosta de usar a letra X em seus negócios. O “Senhor X” é um personagem com influência direta no governo brasileiro, ditando regras na Petrobrás desde a gestão de José Sérgio Gabrielli. Por isso, os investidores preparam ações judiciais para que seja feita uma auditoria independente em todos os contratos da estatal – principalmente naqueles ligados ao pré-sal. Além das suspeitas de superfaturamento, prejudicando o caixa da companhia e seus resultados, uma investigação sobre empresas parceiras pode revelar como funciona o grupo do “Senhor X”.

Um investidor ouvido pelo Alerta Total garante que se trata de um esquema de “delinquência generalizada” mexendo com um volume muito maior de dinheiro que o famoso escândalo do Mensalão que condenou a cúpula petista. Por isso, investidores sugerem que um dos alvos da auditoria internacional, feita a pedido da Justiça de Nova York, seja a PFICo (Petrobras International Finance Co) que é uma das grandes caixas-pretas no sistema Petrobrás.

Antes que um escândalo maior estoure e saia do controle, começa uma operação “amansa investidor” na Petrobrás. A empresa acena com a possibilidade de ceder espaço, de verdade, para os acionistas minoritários elegerem seu legítimo representante para o Conselho de Administração, na próxima Assembléia Geral Ordinária, em abril. Acena-se para os donos de ações ordinárias a indicação de Mauro Rodrigues da Cunha, presidente da Associação de Investidores do Mercado de Capitais (Amec). Mas quem tem ações preferenciais terá de continuar a ser representado pelo empresário Jorge Gerdau Johannpeter – dono do grupo siderúrgico Gerdau – por imposição do acionista majoritário, o governo federal.

Os problemas na Petrobrás podem sobrar para Lula. Os acionistas querem responsabilizá-lo pela propaganda enganosa sobre “a Arábia Saudita em que o Brasil se transformaria, em breve, com a exploração de petróleo e gás de alta qualidade na camada pré-sal”. 

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