Deu errado – Quem analisa o cotidiano político nacional não demoro a perceber que o País faz jus à frase creditada a Charles de Gaulle, ex-presidente da França: “O Brasil não é um país sério”. Se a frase é de fato do então general francês não se sabe, mas trata-se de uma afirmação cada vez mais verdadeira.
Sempre preocupados em fazer do Congresso Nacional um balcão de negócios escusos, parlamentares acompanharam silenciosamente a eleição do deputado Marco Feliciano (PSC-SP) para a Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara, porque à época os interesses eram outros, mas agora querem pegar carona no oportunismo e apear o pastor do cargo, que é acusado de homofobia e responde a processo no Supremo Tribunal Federal.
Depois de muita polêmica e declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), de que a polêmica envolvendo Feliciano seria solucionada nesta terça-feira (26), o PSC decidiu manter seu filiado na presidência da CDHM, o que contraria o objetivo de alguns políticos que incitaram as minorias de olhos nas urnas de 2014.
Marco Feliciano foi eleito deputado federal democraticamente e chegou ao comando da Comissão à sombra do Regimento Interno da Câmara, o que inviabiliza sua remoção do cargo por motivo sem qualquer fundamento legal.
Se Feliciano, por defender os dogmas da religião, é considerado persona non grata na Comissão de Direitos Humanos, os manifestantes conseguiram, com a devida antecedência, reelegê-lo, caso o STF não o condene, situação que após todos os recursos eventualmente negados provocaria sua inelegibilidade. Tudo o que um político que sonha com a reeleição precisa é exposição na mídia e um cenário de intolerância. Sempre lembrando que ser contrário ao casamento entre pessoas do mesmo sexo está longe de ser homofobia.
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