terça-feira, 26 de março de 2013

O MODELO SOCIALISTA DE CHÁVEZ COMEÇA A AFUNDAR



:: FRANCISCO VIANNA (da mídia internacional)
Segunda feira, 25 de março de 2013
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Foto de arquivo que mostra um cliente olhando os produtos de uma loja de eletrônicos em Caracas. Os venezuelanos enchem as lojas para comprar o que podem, desde máquinas de lavar a passagens aéreas numa onda de pânico de última hora antes da desvalorização de sua moeda. A inflação é alta e ninguém quer ficar com dinheiro - AFP/Getty Imagens
            O “socialismo do século XXI” – criado por Hugo Chávez por inspiração cubana – tem se mostrado um fiasco político e um desastre econômico e, pois, uma aberração social, num incoerente amálgama de políticas populistas e demagógicas concebido para iludir os menos preparados e para exercer o controle sobre os venezuelanos e promover a confrontação ideológica e a desmoralização religiosa, dentro nos preceitos marxistas e leninistas.
            O regime parece ter atingido seu ponto de ruptura diante do prognosticado fim do auge petrolífero, a destruição do aparelho produtivo ante o imenso peso de suas obrigações externas. “O Dia do Juízo Final para a economia venezuelana será ao longo deste ano, algo que vinha sendo adiado por constantes altas no preço do petróleo e que ainda estão em níveis historicamente altos, mas sempre se demonstraram insuficientes para alimentar a voracidade da ‘revolução bolivariana’”, dizem os especialistas.
Na verdade, o chavezismo conseguiu desmantelar seu setor produtivo com suas políticas hostis ao setor privado, paralisou a indústria do petróleo com suas demandas sociais, e manteve à tona as economias de seus ‘aliados’ para, a custa do ouro negro dos venezuelanos, fazer com que os que detêm seus capitais os enviassem para o exterior e a maioria de sua mão de obra competente, buscasse emprego e empreendedorismo em outros países. Estava criado o abismo que o país começa a despencar.
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Uma mulher protesta numa fila para comprar alimentos em Caracas. / AP
            Abateu-se sobre o país sulamericano um cenário de crise, de abscesso social que os analistas dizem que virá a furo este ano, mas cuja duração poderá ser prolongada em face da longa lista de desequilíbrios acumulados ao passar dos últimos anos. “Os economistas do país e do exterior vêm advertindo sobre esses desequilíbrios sociais enormes desde há muito tempo, mas acontece que o preço do petróleo tem subido com uma taxa superior à da inflação – pelo menos a oficial – do país e isso sempre tem feito com que tais desequilíbrios fossem sendo varridos para debaixo do tapete do Palácio Miraflores. As aberrações estavam lá, presentes no dia a dia, mas cidadão comum não os conseguia ver nem sentir”, comentou Angel García Banch, diretor de uma empresa econométrica. “Quando os preços do petróleo pararam de crescer, os desequilíbrios, que continuaram se acumulando desde há muito tempo, começaram a se fazer sentir. Então, começaram a vir os apertos de cintos, a queda da produção, do consumo, das importações, as medidas antinflacionária com base na escassez”, acrescentou García Banch.
            Apertar cintos parece ser a nova política de desvalorizações seguidas da moeda, anunciadas pelo governo do presidente interino Nicolás Maduro. As duas últimas, com interalo de seis semanas entre elas, tentaram expandir em bolívares os dólares conseguidos pelo estado com as vendas de petróleo, que representam algo em torno de 96 por cento das exportações do país.
            A Venezuela socialista do século XXI é hoje um país que não produz nada, com uma indústria florescente que hoje está destruída e estatizada e, por isso improdutiva, e vazia de mão de obra qualificada, que se mandou com armas e bagagem para outros países.
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Em dezembro de 2011, os clientes compravam ainda no MERCAL (mercado de alimentos) uma variedade de gêneros alimentícios. Hoje suas prateleiras estão em grande parte vazias / AP.  
Mas tais medidas têm se mostrado insuficientes para conter o que os economistas percebem como sendo um dos maiores déficits fiscais do planeta, que no ano passado alcançou proporções semelhantes à da crise econômica da Grécia – situando-se em 15 por cento do PIB, taxa que só foi superada nesse mesmo ano pelo Azerbaijão, com 20 por cento.
As desvalorizações, de fato, vêm acompanhadas de um enorme custo político. A sistemática destruição do parque produtivo privado empreendida pelo chavezismo tem tornado o país cada vez mais dependente dos produtos importados e uma desvalorização da moeda significa preços mais altos nas lojas, e quando o governo os congela eles em pouco tempo desaparecem das prateleiras. Os brasileiros já viram esse filme nas décadas de 1970 e 1980. “Com essas maxidesvalorizações da moeda, os ‘socialistas do século XXI’ estão metendo a mão diretamente no bolso dos venezuelanos”, disse David Morán, um analista e colunista conhecido no país.
Em contraste, as fortunas pessoais do falecido caudilho e sua família, bem como de diversas figuras do “politiburo bolivariano” são enormes e quase todas no exterior.
O Brasil que se cuide para evitar tamanha aberração...

  
  
Francisco Vianna

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