terça-feira, 26 de março de 2013

O Brasil é um país de faz de conta onde o “politicamente correto” já perdeu o prazo de validade



(*) Ucho Haddad –
O enfadonho “politicamente correto” está transformando o Brasil em uma ditadura das minorias. E esse comportamento dito adequado ultrapassou o limite do bom senso há muito tempo. Liderados pelo oportunista Jean Wyllys, deputado federal pelo PSol do Rio de Janeiro, os homossexuais querem o banimento do pastor Marco Feliciano (PSC-SP) da presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara.
Como destaquei anteriormente, a chegada de Feliciano ao comando da CDHM foi legal e atendeu ao Regimento Interno da Câmara dos Deputados. Se sua permanência é conveniente às minorias é outra discussão, que passa pelo direito do deputado-pastor de ser contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O posicionamento de Marco Feliciano está atrelado aos dogmas da sua religião, sendo que a liberdade de culto é garantida pela Constituição Federal. Em outras palavras, que cada cidadão procure existir à sombra do princípio constitucional pétreo de que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Qualquer movimento diferente deve ser considerado como atentado à Carta Magna.
Discordar do casamento entre pessoas do mesmo sexo não é homofobia, como querem os homossexuais que dão voz ao deputado que só foi eleito por causa de um absurdo televisivo chamado Big Brother Brasil. E por causa desse pequeno detalhe não se deve esperar nenhum arroubo de genialidade desse senhor que levou a orientação sexual para o palanque. Discriminação racial é crime previsto em lei com as devidas punições. A legalidade da união entre pessoas do mesmo sexo foi acolhida pelo Supremo Tribunal Federal e não há o que discutir. Quem descumprir o que determina a legislação vigente que responda por seus atos.
Outra frente de polêmica surgiu na São Paulo Fashion Week depois que o estilista Ronaldo Fraga colocou na passarela modelos com palhas de aço aplicadas no cabelo. Os especialistas em encontrar pelo de dinossauro em ovo de codorna entenderam que o desfile foi uma manifestação racista. Como o ser humano se afoga no mar da incompetência e vive agarrado à boia do oportunismo, neste 25 de março a Avenida Paulista, em São Paulo, uma das mais importantes e movimentadas vias do País, foi tomada por protesto patrocinado por uma agência de modelos negras, que desfilaram na calçada vestidas com palhas de aço.
Essa onda de oportunismo barato que toma conta do País tem tudo para acabar mal. A polêmica da SPFW só recrudesceu porque a palha de aço foi aplicada no cabelo. Tivesse sido colocado na genitália, como a folclórica folha de parreira em Eva, não teria provocado essa confusão, da qual alguns alarifes tiram proveito.
A democracia só é boa porque equilibra as forças opostas e patrocina o convívio pacífico dos oximoros. Na democracia brasileira, se é que assim pode ser chamado o atual modelo político do País, há o Dia do Orgulho Gay, mas não se aceita a criação do Dia do Orgulho Hetero porque isso é considerado pensamento homofóbico. A Parada Gay acontece anualmente, mas não se pode organizar uma Parada dos Heteros, sob pena de o assunto acabar na delegacia. Na mesma Avenida Paulista, onde desfilaram as modelos com palha de aço e que dá acesso aos dez mais importantes hospitais da capital paulista, os gays fazem sua parada, mas os evangélicos não podem realizar a Marcha para Jesus.
Essa igualdade que as minorias ditas democráticas defendem está longe do que determina a Constituição Federal. Isso é oportunismo barato e chicaneiro de político que não sabe o que fazer, mas os incautos se deixam levar por bandeiras que esgarçam diante do vento da lógica.
Em tempos outros, a televisão “Máscara Negra” foi um sucesso de venda. Hoje, seria um fracasso não por causa da TV a cores, mas porque Máscara Afrodescendente está mais para ritual de tribo zumbi. Assim como as pessoas não comprariam o chocolate Diamante Negro se fosse rebatizado com o nome de Diamante Afrodescendente. Não demorará muito para surgir alguém alegando que falar em “magra feito tábua” e “voz de taquara rachada” é crime ambiental.
Quando esses “politicamente corretos” perceberem que a discussão em voga é vazia e que uma minoria mentirosa está fazendo todos de trouxas, será tarde demais. Que cada um fique no seu quadrado e cuide da própria vida, sempre respeitando o próximo e suas opções.
Se a moda do momento é criar exceções às regras democráticas, a ordem é arregaçar as mangas e partir rumo ao trabalho. Até porque, nesse Brasil de faz de conta nada mais atenta contra os direitos humanos do que a inflação que corrói o salário do trabalhador. E até agora não apareceu um corajoso sequer para protestar contra essa violação.
Nessa toada do “atenda o meu desejo e faça o que quiser” o País cada vez mais se aproxima do precipício democrático. E nem ouso escrever a palavra ditadura porque alguém há de dizer que é preconceito com quem tem a dita mole. Sou do tempo em que o parlamento tinha gente séria discutindo assuntos importantes.
(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, cronista esportivo, escritor e poeta. Heterossexual, tem amigos gays que são tratados sem distinção e tirou a sorte grande ao “ganhar” uma mãe de criação e dois irmãos negros.

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