quarta-feira, 22 de maio de 2013

Homem é morto em suposto ataque terrorista em Londres



  • ‘A única razão de fazermos isso é porque os muçulmanos morrem todos os dias’, teria dito um dos supostos assassinos
  • Premier britânico convoca reunião do comitê de segurança e reforça segurança; dois britânicos são presos em ataques a mesquitas
O GLOBO (EMAIL·TWITTER)
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
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LONDRES - O assassinato brutal de um soldado no sudeste de Londres reviveu nos britânicos o temor dos ataques terroristas que em 2005 mataram cerca de 50 pessoas e deixaram centenas feridas. Desta vez, o alvo foi um soldado, atacado a golpes de facão e cutelo perto do quartel do Exército em Woolwich, e que morreu antes mesmo da chegada da polícia. A segurança foi reforçada em todos os quarteis militares de Londres, de acordo com o Ministério do Interior.
O governo britânico está tratando o crime como suspeita de terrorismo. O primeiro-ministro David Cameron interrompeu sua viagem a Paris e convocou uma reunião do comitê de segurança de emergência de seu governo, o Cobra. O órgão é acionado apenas em incidentes que têm implicações para a segurança nacional.
- Juramos por Alá todo-poderoso que não pararemos de combatê-los. A única razão de fazermos isso é porque muçulmanos morrem todos os dias. (Como) o soldado britânico foi olho por olho, dente por dente - afirmou um suspeito, mãos sujas de sangue, diante da câmera de um pedestre. - Sentimos que mulheres tenham visto isso, mas em nossa terra é o que veem nossas mulheres. Vocês nunca estarão seguros. Derrubem seu governo, eles não se preocupam com você.
Após o crime em Woolwich, duas pessoas foram presas durante a noite por supostos ataques a mesquitas. Um britânico de 43 anos foi detido por suspeita de tentativa de incêndio criminoso depois de entrar em uma mesquita com uma faca em Braintree. Em Kent, policiais foram chamados após relatos de danos a uma mesquita na Canterbury Street. O crime foi agravado por denúncias de racismo.
Tentativa de decapitação na rua
De acordo com testemunhas ouvidas pelo jornal “Telegraph”, os suspeitos tentaram decapitar o soldado. Os dois teriam primeiro atropelado o militar, que saiu a pé do quartel, e depois o atacado com as facas. Seu corpo foi então arrastado para o meio da rua. Segundo a Sky News, testemunhas contaram que os dois homens pediram para que as pessoas que passavam pelo local os filmassem.
- É como se eles quisessem ficar famosos, mas de uma forma estúpida - completou Joe Tallant, de 20 anos.
A polícia somente teria chegado 20 minutos depois. Os dois homens, ambos negros, teriam trocado tiros com os agentes e sido levados feridos para dois hospitais diferentes.
Em Paris, ao lado do presidente François Hollande, Cameron afirmou que há fortes indícios de que o ataque em Londres seja um ato terrorista.
- Já sofremos ataques assim antes e sempre vencemos graças ao indômito espírito britânico - disse. - A polícia está investigando, mas há fortes indicações de que é um incidente terrorista.
Segundo testemunhas, o homem morto tinha cerca de 20 anos e usava uma camiseta da associação de voluntários “Help for Heroes” (Ajuda para os heróis, em inglês), que ajuda os militares feridos em batalhas.
- Esses dois caras estavam loucos. Eram como animais. Eles o arrastaram pelo chão e jogaram seu corpo no meio da rua - contou um homem que se identificou apenas como James à rádio LBC.
Muçulmanos criticam ataque
O professor de uma escola primária próxima, David Dixon, relatou ter sido informado pela polícia de que se tratava de um grave incidente. Em entrevista à emissora BBC, ele contou ter visto um corpo caído na rua e ouvido barulho de tiros.
O Conselho Muçulmano Britânico condenou o atentado, afirmando ser um ato bárbaro, sem raízes no Islã, e que vai aumentar as tensões nas ruas do país. “Muçulmanos também serviram durante muito tempo em conflitos armados deste país. O ataque a um membro das Forças Armadas é desonroso e nada justifica este assassinato. Apelamos a todas as comunidades, muçulmanas e não-muçulmanas, que se unam para garantir que as forças do ódio não prevaleçam.”


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