Em meio à falta de médicos, País se compromete a doar mais de US$ 26 milhões à entidade
23 de maio de 2013 | 22h 54
Jamil Chade - O Estado de S. Paulo
GENEBRA – Apesar de viver uma falta de médicos e de ainda registrar dezenas de hospitais pelo País com sérias dificuldades para materiais básicos, o governo brasileiro irá quase dobrar suas contribuições financeiras para a Organização Mundial da Saúde a partir de 2014, numa nova divisão da conta da saúde mundial.
Dados obtidos com exclusividade pelo Estado revelam que, já no ano que vem, o Brasil será obrigado a aumentar em 82% suas contribuiçõs à entidade que se ocupa da Saúde no mundo, destinando mais de US$ 26 milhões. Apesar do salto, o Brasil ainda contribui com apenas 10% do que o bilionário Bill Gates dá a cada ano para a OMS para programas de saúde pelo mundo.
O novo orçamento foi aprovado ontem em Genebra, durante a Assembléia Mundial da Saúde, depois de meses de negociações. Passando por uma séria crise financeira, a OMS foi obrigada a promover uma reforma de suas contas. De um lado, cortou gastos e fixou um orçamento para 2014 e 2015 num valor de US$ 929 milhões e demitiu quase mil funcionários.
Mas a reforma também envolveu uma intensa batalha interna em relação a quem pagaria a conta. Países ricos alertaram que, por conta da crise, não tinham mais como bancar sozinhos o orçamento. Já os emergentes vinham alertando que queriam um peso cada vez maior nas decisões da OMS.
O resultado foi um acordo que eleva as contribuições de países emergentes e, de outro, reduz a dependência da OMS aos governos europeus.
Até 2013, o Brasil contribuia com 1,6% do orçamento da entidade. A partir de 2014, essa taxa chega a 2,9%, uma elevação de 82%. Em termos absolutos isso significará o envio de US$ 26 milhões aos programas da OMS nos próimos dois anos e colocará o Brasil como o décimo maior contrbuinte do orçamento ordinário da organização, praticamente empatado com Espanha e Canadá.
Técnicos da OMS explicaram ao Estado que o aumento segue o padrão estabelecido na ONU, calculando o volume de dinheiro com base no PIB do país e outros critérios sociais. “A nova divisão é um espelho do novo cenário internacional”, explicou um dos negociadores da entidade.
O governo brasileiro já deixou claro que está disposto a contribuir mais pela saúde mundial. Mas deixa claro que irá também cobrar da OMS um posicionamento mais aberto aos países em desenvolvimento e uma redução da influência das grandes farmacéuticas mundiais.
Outros países emergentes também tiveram de aumentar suas doações. A China ficará responsável por 5,1% do orçamento da OMS, um aumento de 61%. A Rússia terá uma elevação de 52% nos pagamentos, contra 25% no caso da Índia.
Já os ricos reduziram seu peso. O Canadá cortará suas contribuições em 7%, contra uma redução de 9% da cota da França.A Alemanha reduzirá seu financiamento em 11%, contra um corte de 14% noJapão em 14% e 22% no caso do Reino Unido.
O maior doador continuará sendo os EUA, arcando com 22% do orçamento da OMS. O Japão, com 10%, vem na segunda posição. A Alemanha responde por 7,14%.
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