sábado, 25 de maio de 2013

Vocês têm de ver este vídeo em que um jovem de 16 anos silencia a Marilena Chaui de Portugal



Se vocês acham ruins alguns teóricos da esquerda brasileira, é preciso conhecer seus pares em Portugal. Vocês têm de ver o vídeo abaixo. O caso é o seguinte. A TV RTP tem um programa chamado “Prós e Contras”, comandado pela jornalista Fátima Campos Ferreira. O nome, claro!, é delicioso e carrega, assim, aquele encantador apreço pela literalidade. Afinal, se vai haver um debate, uns vão dar os “prós”, e outros, os “contras”, certo? Estão mais avançados do que o Brasil nesse particular. Vejam o Caso do Roda Viva, por exemplo (e é assim em quase todas as TV no Brasil): se a causa for “progressista”, um lado do debate dará os “prós”, e o outro também. Se o contrário, então o contrário… Assim, a literalidade, no caso do programa de Portugal, salva o telespectador do pensamento único ao menos. Mas me desviei um pouquinho.
“Prós e Contras” fez um debate cujo tema era sugestivo: “Mudar o país ou mudar de país?” Portugal, a exemplo da maioria das nações europeias, vive uma crise grave. Os convidados do dia eram jovens empreendedores, que estavam lá para relatar a sua experiência. Um deles foi Martim Neves, um garoto de 16 anos que, aos 15, criou uma marca de roupa chamada “Over it”. Seu produto é um sucesso, e ele já está… exportando. Fantasia? Vocês verão o vídeo. Perceberão que o rapaz é articulado. Fala com desenvoltura sobre o mercado de roupas, a globalização do estilo, a crise em Portugal etc.
Muito bem! Num dado momento, ele é interrompido por Raquel Varela, que é, assim, uma espécie de Marilena Chaui de Portugal. Parafraseando Camões, para ficar no mundo lusófono, a diferença só está nos dons da natureza, mas não nos “dons do pensamento”. Raquel, um medalhão da esquerda portuguesa, resolveu esculhambar o garoto, acusando-o, indiretamente, de ser um explorador ou da mão-de-obra escrava mundo afora ou dos pobres operários portugueses. Assistam ao vídeo e veja a resposta dada por Martim. Volto em seguida.
Voltei
A doutora tem um currículo para 400 talheres. Reproduzo um trecho (em vermelho) da página oficial do Instituto de História Contemporânea (nota: em Portugal, “investigadora” quer dizer “pesquisadora”):
Raquel Varela (1978) é investigadora do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, onde coordena o Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais e investigadora do Instituto Internacional de História Social, onde coordena o projecto internacional In the Same Boat?Shipbuilding and ship repair workers around the World (1950-2010). É coordenadora do projecto História das Relações Laborais no Mundo Lusófono. É doutora em História Política e Institucional (ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa). É, desde 2011, Presidente da International Association Strikes and Social Conflicts. É vice coordenadora da Rede de Estudos do Trabalho, do Movimento Operário e dos Movimentos Sociais em Portugal.
Convenham! É uma vergonha uma senhora tão preparada ser humilhada, de maneira tão curta e definitiva, por um garoto. Ele a silenciou de forma tão acachapante que, no lugar dela, eu ficaria uns 10 anos em retiro, revendo meus conceitos. Portugal passa por uma crise terrível, mas Martim demonstra que o país tem futuro. Embora ainda jovem, a doutora Raquel demonstra que o país também tem um passado. Que tem de passar.
Aplausos para Martim, o que não espera que outros façam por ele o que ele próprio pode fazer. No Brasil, com a idade dele, a lei considera os “adolescentes” de tal sorte irresponsáveis que podem sair por aí a incendiar pessoas ou a lhes estourar os miolos. Martim cria, trabalha, ganha a vida. Para desespero da doutora Raquel, que prefere ser uma “pensadora” sobre a penúria da classe operária. Alguém paga o seu salário. Infiro que são aqueles que ainda trabalham em Portugal porque gente como Martim gera empregos.
Por Reinaldo Azevedo

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