segunda-feira, 27 de maio de 2013

Estádio de Brasília é reprovado em 1º teste do 'padrão Fifa'


O torcedor que pagou até 400 reais para ver Santos x Flamengo enfrentou filas quilométricas, aglomeração nos bares e banheiros e corredores com entulho

O jogador Neymar do Santos depois do fim da partida entre Santos SP e Flamengo RJ pela primeira partida do Campeonato Brasileiro 2013 em Brasília
O jogador Neymar do Santos depois do fim da partida entre Santos SP e Flamengo RJ pela primeira partida do Campeonato Brasileiro 2013 em Brasília - Evaristo SA/ AFP
A menos de três semanas do primeiro jogo do torneio, os vestiários, o setor de imprensa e corredores ainda não foram finalizados. Sobras de material de construção estão por toda a área interna do estádio
Um jogo sem gols, sem bom futebol, sem emoção e, pior, sem uma avaliação satisfatória do padrão Fifa. Na primeira grande partida do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, no domingo, só não faltaram tropas de choque da Polícia Militar e filas quilométricas em volta da arena, a mais cara de todas que serão usadas na Copa das Confederações do mês que vem. Para evitar um vexame, com milhares de cadeiras ainda vazias no início da partida entre Santos e Flamengo, os policiais liberaram a vistoria com detectores de metal - uma exigência na Copa das Confederações - uma hora antes do início do jogo para garantir que milhares de torcedores chegassem a seus lugares até o final do primeiro tempo. Com a falta de revista na entrada, o evento, que seria o único teste antes de o estádio receber a abertura da Copa das Confederações, não serviu para avaliar os preparativos de Brasília para o jogo entre Brasil e Japão, em 15 de junho.
Os 63.501 torcedores que pagaram ingressos de 160 a 400 reais para assistir ao jogo enfrentaram uma série de obstáculos. Às 13 horas, três horas antes do pontapé inicial, já havia filas nas portarias com detectores de metal. Depois dessa barreira, os torcedores tinham de enfrentar outra fila nos portões do estádio. Falhas nas catracas que faziam a leitura dos códigos de barras dos ingressos transformaram a entrada num martírio. Quando a polícia deixou de fazer a vistoria com detectores, a espera nas filas passou a ser de cerca de uma hora e meia. Dentro da arena, havia ainda aglomeração nos bares e banheiros. A polícia tratou o evento como uma cúpula de chefes de estado, levando para o estádio centenas de homens armados. Um helicóptero sobrevoou o local durante o jogo todo. Os agentes de segurança controlaram um raio de dois quilômetros em torno da arena, proibindo o trabalho de ambulantes e estacionamento de carros, o que é costume nos eventos promovidos pela Fifa.
O serviço de locução do estádio, com traduções em inglês e espanhol, falhou ao anunciar quem tinha recebido cartão do árbitro, trocando os nomes dos jogadores. Mas detalhes como esses eram secundários. Pior ainda foi constatar que a obra bilionária foi entregue ainda distante de sua condição ideal. A menos de três semanas do primeiro jogo do torneio, os vestiários, o setor de imprensa e corredores ainda não foram finalizados. Sobras de material de construção estão por toda a área interna do estádio, cujos corredores ainda não estão totalmente acabados. Além de seu custo elevado, o estádio de Brasília enfrenta críticas pela perspectiva preocupante em relação ao seu uso fora dos períodos dos dois torneios da Fifa. As competições locais têm médias de público muito baixas. O governo aposta que será capaz de levar grandes eventos para a cidade, incluindo shows e partidas de clubes de grande torcida, como aconteceu no sábado. Resta saber se isso acontecerá com a frequência necessária para cobrir os altíssimos custos de manutenção da nova arena.

Copa das Confederações: como estão as 6 cidades-sede

1 de 6

Rio de Janeiro

Depois de muitos tropeços e desencontros, a saga do Maracanã parece estar próxima do fim: o estádio enfim foi reaberto para um jogo-teste em abril e está confirmado como palco do amistoso entre Brasil e Inglaterra, no início de junho. Isso não significa, porém, que a novela da reforma não possa ser prolongada - muitos apostam que será necessário realizar novos reparos entre o fim da Copa das Confederações e o início do Mundial de 2014, principalmente no entorno do estádio. O governo nega e garante que o estádio ficará aberto sem interrupções. A disputa entre os consórcios privados que brigam para administrar o novo Maracanã está na reta final, com vantagem para o grupo que conta com o bilionário Eike Batista entre seus sócios. Quem ganhar terá de realizar a demolição dos centros de natação e atletismo que faziam parte do velho complexo. A região, portanto, continuará sendo um canteiro de obras até 2014.
ESTÁDIO: JORNALISTA MÁRIO FILHO (MARACANÃ)
Capacidade: 79.000 pessoas
Custo previsto: 705 milhões de reais
Custo final: 951 milhões de reais
Aumento de 34,8% no orçamento
Status: Pronto
MOBILIDADE URBANA
Custo: 1,9 bilhão de reais
Principal obra: corredor exclusivo de ônibus entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto Antônio Carlos Jobim
Início: março de 2011
Previsão de término: fevereiro de 2014
Status: 48% concluídos
AEROPORTO
Custo: 844,7 milhões de reais
Previsão de término: abril de 2014
Principais obras: reforma de terminais de passageiros e revitalização de pistas e pátios
Início: 2011
Status: 30% concluídos
Taxa de ocupação em 2010: 68%
Taxa de ocupação prevista para 2014: 68,9%
HOTELARIA
Número atual de leitos: 45.000
Recomendação para 2014: 23.700
Previsão: 53.300

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