Evo Morales, presidente da Bolívia, aproveitou a solenidade do 1º de Maio, Dia Internacional do Trabalho, para anunciar a expulsão do país dos funcionários da USAID, a agência de ajuda internacional do governo dos EUA. Segundo o índio de araque, John Kerry, secretário de Estado americano, trata a América Latina como “quintal”. Evo fez o anúncio diante do palácio presidencial, como se tivesse acabado de desbaratar uma grande conspiração. Coitados dos bolivianos!
Escrevi ontem de madrugada um texto sobre o Tribunal Constitucional Plurinacional (TCP), que autorizou Evo a se candidatar ao terceiro mandato. A decisão é escancaradamente inconstitucional. A própria Carta Magna votada pelo regime estabelece um máximo de dois mandatos consecutivos. Qual foi a justificativa? A Constituição é de 2009, e o primeiro mandato do presidente foi conquistado sob a égide do texto constitucional anterior. Logo, considerou-se que o máximo de dois mandatos consecutivos só vale a partir da entrada em vigor do novo texto. Ah, bom! Se é assim…
Entenderam o modo como se decidem questões dessa natureza na Bolívia? O presidente do TCP, que é o STF de lá, é um tipo chamado Ruddy Flores, mero bate-pau de Evo e do tal MAS, partido a que pertence o falso índio. Eleito para um mandato de cinco anos, Evo deve permanecer no poder pelo menos… 15!!! No texto cujo link vai acima, demonstro que todos os novos ditadores esquerdo-populistas latino-americanos mudaram a Constituição de seus respectivos países, em manobras continuístas: Chávez, Evo, Rafael Correa, Daniel Ortega, Cristina Kirchner… O Brasil, que tinha uma institucionalidade mais robusta quando o PT chegou ao poder, também tem o seu caudilho: Lula. Só que o nosso modelo é um pouco diferente. Eu o chamaria de “caudilhismo mitigado”. No momento, quem está no poder é Dilma, que o petismo vê como mero instrumento da vontade do “condutor”. E há também manobras continuístas — mas fica para outro post. Volto à Bolívia.
Evo, que já está em campanha eleitoral para a eleição do ano que vem, faz o que é um clichê nessas “democraduras” latino-americanas: atacar os EUA. Por alguma razão, que nunca fica clara, o “império do mal” estaria sempre conspirando contra os interesses dessas potências econômicas… É triste! É ridículo! É patético! E mais lamentável ainda, no que nos diz respeito, é o fato de essa ser a turma do Brasil. E com essa gente que o governo Dilma costura a nossa inserção no mundo. O Itamaraty apoiou todos os sucessivos golpes dados no regime democrático por essa escumalha.
Alguém poderia objetar: “Ué, você queria o quê? Que Brasília mandasse tropas?”. Não! Bastaria, por exemplo, não ter se metido de forma absurda no assuntos internos de Honduras ou do Paraguai, que depuseram seus respectivos presidentes seguindo o ordenamento constitucional. Nesses casos, não obstante, o governo brasileiro interveio de maneira bruta: insuflou uma tentativa de guerra civil no primeiro país e puniu o segundo, afastando-o do Mercosul. Aproveitou o episódio para admitir o ingresso da Venezuela.
A Venezuela é aquele país em que os chavistas, em plena Assembleia Nacional, pegam os adversários na porrada.
Neoditaduras, neopopulismos, neonacionalismos… Bobagem! Todos esses regimes são mesmo é neofascistas. Um fascismo de cor local, um fascismo cheio de Bolívares e Pachamamas, mas fascismo ainda assim.
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