Discurso pró-muçulmano de Dzhokhar Tsarnaev foi o mesmo adotado por um homem que, ainda com uma faca ensanguentada em mãos, foi filmado falando em vingança pouco depois do ataque contra um soldado em Londres
Homem é filmado ainda com faca ensanguentada nas mãos, depois de ataque a soldado em Woolwich, Londres - Reprodução/ITV
Pouco mais de um mês depois de dois irmãos chechenos explodirem duas bombas perto da linha de chegada da Maratona de Boston, nos Estados Unidos, um tipo semelhante de atentado ocorreu na capital britânica nesta quarta-feira. Dois homens atacaram com uma faca um soldado perto de um quartel em Woolwich, no sul de Londres. Da mesma forma que os irmãos Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev agiram aparentemente de maneira autônoma, sem a interferência direta de grupos terroristas, os homens que atuaram em Londres também parecem ter tido como objetivo transmitir uma mensagem política e religiosa. Ainda com a faca nas mãos ensanguentadas, um deles foi filmado dizendo: “Nós juramos por Alá que nunca pararemos de lutar contra vocês. A única razão pela qual fizemos isso é porque muçulmanos estão morrendo todos os dias”.
Ao governo britânico, só falta oficializar que o ataque foi um ato de terrorismo. Mas, na prática, o incidente já é tratado desta forma. O primeiro-ministro David Cameron disse haver “fortes indícios” de que o crime tem ligação com terrorismo. “Eu fui informado pelo Ministério do Interior sobre esse ato repugnante em Woolwich. Estamos investigando o caso, mas há fortes indícios de que se trata de um incidente terrorista”. O comitê de emergência foi acionado e as autoridades devem estar tendo apenas a cautela de descartar a possibilidade de o crime ser resultado da ação de um louco antes de tratá-lo exclusivamente como terrorismo.
A secretária do Interior Theresa May também mencionou uma “forte indicação” de que o caso está ligado ao terror. “O que aconteceu hoje em Woolwich foi um ataque repugnante e selvagem. A polícia e o serviço de segurança estão levantando os fatos desse caso bárbaro, mas há um forte indício de que foi um ato de terrorismo”. Ela acrescentou que a segurança foi reforçada nos quartéis de Londres. “Esse foi um ataque contra todos na Grã-Bretanha e será condenado pelas pessoas de todas as comunidades. Nós já vimos o terrorismo nas ruas da Grã-Bretanha anteriormente e estivemos sempre firmes contra isso. Atos desprezíveis como este não ficarão impunes”.
O presidente francês, François Hollande, também mencionou o terrorismo ao falar sobre o caso, ao lado de Cameron, que visita Paris. Ele disse que os governos “devem lutar contra o terrorismo em todos os lugares”. “Isso exige que compartilhemos nossa inteligência, que nossos serviços de inteligência trabalhem juntos e que atuemos em todos os lugares que pudermos”, completou. Cameron voltará a Londres na noite desta quarta e vai coordenar outra reunião do comitê de emergência na manhã desta quinta.
Muçulmanos - O Conselho Muçulmano da Grã-Bretanha divulgou um comunicado no qual afasta qualquer ligação do ataque com o Islã. “Este foi um ato verdadeiramente bárbaro que não tem base no Islã e o condenamos de forma incondicional. Nossos pensamentos estão com a vítima e seus familiares. Entendemos que a vítima é um membro das Forças Armadas. Os muçulmanos servem há muito tempo as Forças Armadas deste país, com orgulho e honra. Esse ataque contra um membro das Forças Armadas é infame e nada justifica essa morte. Essa ação vai, sem dúvida, aumentar a tensão nas ruas da Grã-Bretanha. Pedimos a todas as comunidades, muçulmanas ou não, a se unirem em solidariedade, para impedir que as forças do órdio prevaleçam”, diz o texto, segundo o jornal britânico The Telegraph.
Boston – Na última semana, a imprensa americana divulgou que Dzhokhar Tsarnaev deixou uma mensagem no barco em que foi encontrado pela polícia, dias depois do atentado em Boston. Na mensagem, ele reafirma que as vítimas do ataque foram "danos colaterais", da mesma forma que inocentes morreram nas guerras dos EUA ao redor do mundo. "Quando você ataca um muçulmano, você ataca todos os muçulmanos". Discurso idêntico ao adotado pelo responsável pelo ataque em Londres. O atentado em Boston deixou três mortos e mais de 260 feridos, no dia 15 de abril.
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