Em meio a rumores sobre morte do líder venezuelano, manifestantes marcham pelas ruas de Caracas e pedem provas de que o presidente está vivo
04 de março de 2013 | 2h 05
CARACAS - O Estado de S.Paulo
Centenas de estudantes de oposição e outros críticos do governo de Hugo Chávez realizaram ontem uma manifestação em Caracas exigindo provas de que o líder venezuelano, que luta contra um câncer, ainda está vivo e governando.
A multidão, que incluiu diversos líderes da ala mais radical da coalizão de oposição Unidade Democrática, cantando músicas de protesto e empunhando cartazes, convergiu para uma área no centro de Caracas. Os banners traziam frases como "digam a verdade!" e "parem de mentir".
Mostrando a profunda polarização política no país de 29 milhões de habitantes durante os 14 anos de governo Chávez, centenas de estudantes chavistas também realizaram uma manifestação em apoio ao presidente.
Como Chávez até agora não foi visto em público desde a operação a que se submeteu em 11 de dezembro em Cuba - além de algumas fotos divulgadas antes de ele retornar a Caracas -, os venezuelanos estão inquietos aguardando informações em meio a muitos rumores.
Segundo as autoridades, o presidente está em Caracas num hospital militar depois de ter retornado de Cuba há duas semanas. Embora esteja respirando com ajuda de aparelhos, incapaz de falar e submetendo-se a sessões de quimioterapia, o presidente governa por meio de comunicados e ordens por escrito.
Mas os opositores acusam o vice-presidente Nicolás Maduro e outros de mentirem com respeito ao estado de saúde de Chávez. E circulam notícias na mídia e pela internet segundo as quais o presidente já poderia estar morto - o que é enfaticamente negado pelo governo.
"Eles estão violando a Constituição. A Venezuela está sem governo no momento. O presidente está doente e não expressou uma palavra nos últimos dois meses. Ele não governa", disse uma manifestante, a professora Maria Montero, de 56 anos.
"Queremos ouvir porta-vozes imparciais que nós deem informações sobre Chávez, médicos de fato e não políticos", acrescentou Maria Mendoza, de 54 anos, funcionária da empresa estatal de petróleo PDVSA.
Na manifestação pró-governo, perto do palácio presidencial, manifestantes usando camisetas vermelhas cantavam. "Chávez está aqui, nas ruas! Nós somos Chávez", disse um estudante à TV estatal exibindo uma foto do presidente.
Caso Chávez morra ou renuncie, uma eleição deveria ser realizada em 30 dias, e Maduro disputaria com o líder da oposição o controle de um país que detém as maiores reservas de petróleo do mundo. As apostas são altas para a região. Chávez tem sido o mais feroz crítico latino-americano dos EUA e financiado programas de ajuda aos governos de esquerda de Cuba e Bolívia.
Henrique Capriles, derrotado por Chávez na eleição presidencial do ano passado, esteve nos EUA para uma visita particular, mas sua viagem provocou acusações do governo de que ele estava armando um complô e recebendo dinheiro de facções fascistas. Maduro disse que Capriles se reuniu com os políticos conservadores Otto Reich e Roger Noriega e planejava se encontrar com autoridades do Departamento de Estado. O líder de oposição, um político de centro que admira o modelo brasileiro, reagiu às afirmações no Twitter mostrando uma foto sua ao lado de dois de sobrinhos. "Aqui estou com dois grandes conspiradores", brincou. / REUTERS
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