sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Incidente na Arena do Grêmio durante jogo da Libertadores é amostra grátis do que acontecerá na Copa


Preste atenção – Quase seis anos depois de ser anunciado como sede da Copa do Mundo de 2014, o Brasil continua sem condições de ser palco de um evento desse porte. Gostem ou não os ufanistas, mas fugir da realidade é assinar atestado de incompetência.
Verdadeiras fortunas em dinheiro público estão sendo investidas na construção de novos estádios, afinal foi exigência da FIFA, mas muitos deles transformar-se-ão em verdadeiros elefantes brancos depois do evento. E isso não é novidade para os nossos leitores, pois há muito batemos nessa tecla.
Horas depois do incêndio ocorrido em uma casa noturna de Santa Maria, no interior gaúcho, acidente com 235 vítimas fatais, autoridades do governo federal garantiram que o ocorrido não provocaria qualquer consequência para a Copa. Até certo ponto é preciso concordar, pois, como diz o povo, “uma coisa nada tem a ver com a outra”. Mas não é assim que funciona o Brasil real.
Na noite de quarta-feira (30), o Grêmio de Foot-Ball Porto Alegrense, em partida válida pela pré-Libertadores, recebeu em sua nova Arena, em Porto Alegre, a Liga Deportiva Universitaria (LDU), do Equador. A partida não foi das mais animadoras, mas nos pênaltis o tricolor gaúcho passar para a fase de grupos da competição continental.
Durante a partida, um movimento brusco da torcida provocou o desmoronamento do alambrado que separa a arquibancada do gramado. Esse movimento foi criado, ainda no Estádio Olímpico, por uma das torcidas organizadas do clube, que, como acontece em todo o País, são redutos de marginais que usam a camisa de um time de futebol para cometer crimes, além de receberem dinheiro dos cartolas.
O tal movimento, criado pela Geral do Grêmio, uma das mais temidas e violentas torcidas do clube gaúcho, foi batizada de “avalanche”. Trata-se de uma “descida ladeira abaixo” quando o time marca um gol. O Grêmio abriu o placar e foi o bastante para o alambrado cair. Torcedores ficaram feridos, aparentemente sem gravidade, mas o serviço médico do estádio, que deveria levar uma torcedora para o hospital, se limitou a atendê-la na ambulância. Em qualquer país esse descaso teria acabado na delegacia.
Antes da inauguração da Arena do Grêmio, a Brigada Militar, através do Corpo de Bombeiros, foi contra a concessão de alvará de funcionamento. Entre as exigências feitas pelos bombeiros, a colocação de cadeiras era uma delas. Na ocasião a gritaria foi generalizada, coro composto, inclusive por jornalistas e autoridades. O então presidente do Grêmio, deputado estadual Paulo Odone, chegou a dizer, em tom de galhofa, “a Arena não vai servir de salão de baile para a Brigada”.
É esse tipo de atitude, no vácuo da tese do “manda quem pode, obedece quem não tem juízo”, que provoca tragédias como a de Santa Maria. Após muita discussão, chegou-se a um acordo para a colocação de barras de ferro nas arquibancadas para diminuir o tamanho das tais “avalanches”. O que não funcionou na partida do tricolor contra a LDU.
Por ocasião da inauguração da Arena, o Grêmio recebeu em seu novo estádio o Hamburgo, da Alemanha. Sem se preocupar com a segurança da partida, a diretoria do clube deixou que torcidas rivais se misturassem na arquibancada. Depois de muita bebida e drogas de todos os tipos, uma enorme pancadaria tomou conta do estádio. A violenta festa de inauguração da Arena di Grêmio, que estava sendo transmitida para o todo o planeta, deixou boquiabertos os jogadores alemães e os jornalistas estrangeiros que cobriam o evento.
Apenas para lembrar, a partida entre Grêmio e Hamburgo não passou de um amistoso para engalanar a inauguração da Arena. Não é difícil imaginar o que os brasileiros podem esperar da Copa de 2014, quando o troféu mais cobiçado do futebol planetário estará em disputa. Esse jeitinho brasileiro ainda há de deixar muitos gringos sem jeito. O Brasil é candidato a um dos maiores fiascos da sua história, mas o ufanismo continua como o dono da bola.

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