EFE
Opositores de Chávez se preparam para eleições, apesar de notícias otimistas
Caracas, 23 fev (EFE).- Apesar das notícias otimistas sobre a saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, divulgadas por seu governo, a oposição anunciou neste sábado que começará a definir um candidato para não ser surpreendida em caso de eleições antecipadas.
As eleições presidenciais antecipadas estão previstas na Venezuela em caso de morte, renúncia ou incapacidade física ou mental do governante, entre outras causas, riscos que, segundo os relatórios oficiais sobre a saúde de Chávez, já quase não existem.
A traqueostomia que o ajuda a respirar 'não o impede de dar orientações e ordens', ressaltou hoje o vice-presidente do país, Nicolás Maduro, depois que informou que na sexta-feira Chávez trabalhou com ele e outros funcionários durante cerca de cinco horas e meia no hospital de Caracas, para onde foi após chegar de Cuba na segunda-feira passada.
Após passar mais de dois meses em Havana, onde em 11 de dezembro foi operado pela quarta vez em 18 meses de um câncer que se sabe que está na região pélvica, mas se desconhece sua natureza, Chávez passou por um problemático pós-operatório onde uma infecção provocou uma insuficiência respiratória que exigiu o procedimento de traqueostomia que dificulta sua fala.
Maduro relatou que Chávez se comunicou de forma enfática e se mostrou 'muito enérgico' na reunião, 'com muito ânimo, muita força e vitalidade, e isso nos enche de alegria'.
O comunicado de Maduro complementou o de quinta-feira, que dizia que a insuficiência respiratória persistia com uma tendência que 'não foi propícia', embora Chávez continuasse recebendo o tratamento para o câncer sem efeitos 'adversos significativos'.
Maduro lembrou que ele disse nas últimas semanas e em várias ocasiões 'que mais cedo do que se espera teríamos nosso comandante Chávez em Caracas e agora o temos lá'.
'Com fé absoluta dizemos: mais cedo do que se espera teremos nosso comandante Chávez lá (no palácio presidencial)', acrescentou.
Além disso, a presidente Dilma Rousseff disse hoje na África que, pelas informações que recebeu na sexta-feira do ministro venezuelano de Relações Exteriores, Elías Jaua, o estado de saúde de Chávez não é muito preocupante.
'(Jaua) Me disse que estava muito bem, mas que teve uma piora na questão da respiração', que Chávez 'estava com dificuldades de respirar, mas, pelo que me disse, estava tudo sob controle. Não me transmitiu, digamos, um estado muito preocupante', acrescentou Dilma.
Apesar disso, a oposição venezuelana anunciou hoje que a partir de amanhã seus líderes negociarão a definição do candidato que enfrentará Maduro em eleições antecipadas, proposto nessa eventualidade por Chávez dois dias antes de ser operado em dezembro.
O prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, de oposição, declarou a jornalistas que as reuniões para escolher ao adversário de Maduro na Mesa da Unidade Democrática (MUD), plataforma que reúne os partidos antichavistas, começarão neste domingo e nelas não serão negociadas cotas ministeriais mas 'cotas de responsabilidade'.
Serão negociações para definir também um 'pacto de governabilidade' para a conformação de um 'governo de integração nacional', antecipou, após sustentar que escutou 'rumores' a respeito de que o governo se prepara para convocar eleições presidenciais.
Além de uma nova desvalorização da moeda, da alta do preço da gasolina e de novos impostos, o governo prepara, segundo Ledezma, 'um pacotão eleitoral que consiste em querer surpreender o país na semana que vem com um juramento do presidente e uma suposta convocação às eleições'.
Chávez precisou jurar em 10 de janeiro o cargo para o período 2013-2019 para o qual foi reeleito em 7 de outubro, mas uma decisão judicial sentenciou um dia antes que a cerimônia seria um mero trâmite para um governante reeleito e o autorizou a fazê-lo quando recuperasse sua saúde.
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