Ministério Público apresenta representação no caso da refinaria de Pasadena, nos EUA
26 de fevereiro de 2013 | 21h 53
Sabrina Valle, de O Estado de S. Paulo
RIO - O Ministério Público apresentou ao Tribunal de Contas da União (TCU) representação contra a Petrobrás sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. O procurador Marinus Marsico encaminhou ao ministro-relator do TCU, José Jorge, pedido para que apure responsabilidade da companhia no negócio. Após meses de investigação, o procurador considerou que houve gestão temerária e prejuízo aos cofres públicos.
O Estado apurou que o prejuízo da companhia pode ser de cerca de US$ 1 bilhão. A presidente Dilma Rousseff presidia o Conselho de Administração da Petrobrás na época da aquisição.
A representação é uma denúncia, o pontapé inicial de um processo formal. "A representação foi encaminhada e saiu como sigilosa, pois contém informações que poderiam ser consideradas de ordem comercial. Mas defendo que não seja confidencial", disse Marsico.
O processo está tramitando internamente. É possível que o ministro-relator se posicione já na próxima semana. José Jorge pode, por exemplo, apontar em despacho indícios de responsabilidade, pedir novas investigações (diligências) ou abrir para defesa da empresa (contraditório).
Caso o ministro aceite o pedido e a área técnica do TCU inicie fiscalização na Petrobrás, o resultado do trabalho, com eventual identificação de responsáveis, será julgado em plenário.
Triangulação. O processo foi motivado por reportagem do Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, de julho de 2012, mostrando que a refinaria foi adquirida em 2005 pela Astra/Transcor, uma trading belga da área de energia, por US$ 42,5 milhões. A mesma unidade foi vendida à Petrobrás no ano seguinte, em duas etapas, por US$ 1,18 bilhão, embora valha cerca de dez vezes menos.
As possíveis concessões à Astra foram feitas em ano eleitoral no Brasil. A belga contava em seus quadros com Alberto Feilhaber, um ex-executivo da Petrobrás. O caso também é acompanhado pelo Congresso Nacional e pelo Ministério Público Federal, de onde pode sair futuramente uma representação de ordem criminal. O deputado Antônio Imbassahy (PSDB-BA) questiona a compra, considerando o negócio prejudicial. Ele lembra que a Petrobrás pagou 28 vezes mais o valor inicial da empresa.
A refinaria é um dos ativos que a Petrobrás pretendia vender no exterior de forma a angariar recursos para o pré-sal brasileiro. A venda está temporariamente suspensa.
No balanço do quarto trimestre, a Petrobrás lançou uma baixa contábil de R$ 464 milhões referente à refinaria, portanto valor que já reconhece como perdido. A companhia agora pretende investir na unidade para melhorar seu preço de mercado antes de retomar as negociações, segundo a presidente Graça Foster informou na coletiva de divulgação do balanço. "Não vamos vender Pasadena ao preço que está", disse ela. / COLABOROU FÁBIO FABRINI
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