quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Pedagogia da corrupção: acusador de Chalita apresenta provas.


Coronel Leaks


O analista de sistemas Roberto Grobman, 41, deve entregar hoje ao Ministério Público o disco rígido de seu computador com e-mails que comprovariam que o grupo educacional COC pagou parte da reforma do apartamento do deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) em 2005, quando ele era secretário estadual da Educação.
 
Nesses e-mails, aos quais a Folha teve acesso, Grobman dialoga com o empresário Chaim Zaher, então proprietário do COC, sobre o pagamento da automação da cobertura de Chalita em Higienópolis (região central). Em 2010, Zaher vendeu parte do COC para o grupo Pearson. A Folha revelou no sábado que Chalita é investigado em 11 inquéritos pela promotoria, todos baseados em depoimentos de Grobman. Ele afirma que Zaher gastou US$ 600 mil com um sistema de iluminação e o home-theater de Chalita.
 
Anteontem, após conversar com um dos promotores do caso, Nadir de Campos Jr., Grobman se comprometeu a entregar todo o material do seu computador hoje. Os e-mails ainda terão de ser submetidos a uma perícia para análise de sua autenticidade.
 
Em depoimento ao Ministério Público, Grobman afirmou que foi apresentado a Chalita por Zaher em 2003, quando ele prestava serviços para o COC. Passou, então, a trabalhar como assessor informal de gabinete de Chalita -o que o deputado nega. Ainda segundo Grobman, Zaher gastava com Chalita porque tinha interesse em obter negócios para o COC e ter acesso a políticos ligados ao secretário da Educação.
 
Uma empresa ligada ao COC, a Interactive, vendeu R$ 2,5 milhões em software para a secretaria na época de Chalita. O grupo também conseguiu que um de seus diretores, Farid Mauad, fosse nomeado para o Conselho Estadual da Educação.
 
PAGAMENTO NOS EUA
 
Na primeira de uma série de mensagens sobre a reforma do apartamento de Chalita, de 24 de janeiro de 2005, o analista informa a Zaher e a Nilson Curti (executivo de Zaher que cuidava das finanças) o número de uma conta da empresa Valverde no Bank of America na Flórida em que deveria ser depositado o valor gasto com automação. A Valverde é a empresa que cuidou da automação do duplex.
 
O depósito (US$ 41.621,50) representaria 50% do pagamento à Valverde, segundo a mensagem. Os e-mails indicam que o pagamento atrasou. Em 15 de março de 2005, Grobman escreveu a Zaher: "O Cesar da Valverde está me ligando sem parar para cobrar o $ da obra do Apto do Chalita." No dia seguinte, às 5h23, Zaher escreveu: "Curti... Favor pagar isso urgente. Roberto, fale que vc está viajando e que na volta vc paga."
 
O empresário Cesar Valverde confirmou à Folha que a conta no Bank of America era dele e que tinha contato com pessoas ligadas a Chalita. Valverde disse que recebeu a fatura mencionada no e-mail naquela conta, mas não sabe dizer quem fez o depósito. Em e-mail de 18 de março, Grobman se diz preocupado. "Caro Chaim, a situação está ficando bem séria, Chalita vai mudar na quarta-feira desta semana. E ninguém está instalando nada sem receber." (Folha de São Paulo)

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