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PATRÍCIA BRITTO
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez críticas à imprensa nesta quarta-feira (27) e disse que os sindicalistas devem deixar de reclamar do espaço que não conseguem nos jornais e organizar sua própria mídia.
Lula participou na manhã desta quarta-feira, em São Paulo, de evento em comemoração aos 30 anos da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Dos cerca de 30 minutos que o ex-presidente usou para discursar, cerca de 15 se concentraram em críticas à imprensa e a seus "adversários".
Para o ex-presidente, os formadores de opinião no Brasil nunca quiseram que ele chegasse ao poder. "Essa gente nunca quis que eu ganhasse as eleições. Nunca quis que a Dilma ganhasse as eleições. Aliás, essa gente não gosta de gente progressista", disse, durante discurso de abertura do evento, no Novotel Jaraguá, região central de São Paulo.
Lula também comparou as críticas que recebeu da imprensa quando era presidente às que o ex-presidente dos Estados Unidos Abraham Lincoln (1861-1865) recebeu em seu país.
Jorge Araújo/Folhapress | ||
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro Gilberto Carvalho durante as comemorações do 30º aniversário da da CUT |
"Esses dias, eu estava lendo o livro do Lincoln e eu fiquei impressionado, como a imprensa batia no Lincoln igualzinho batia em mim", disse Lula.
"E o coitado não tinha computador para ver a notícia, tinha que ir para o telex, para o telégrafo. Ficava numa sala esperando. Nós aqui podíamos xingar o outro em tempo real. Quantos não já estão aí: 'O Lula está falando demais, o Lula está falando demais, para. Quantos já estão tuitando aí?" (veja no vídeo abaixo)
Lula disse ainda que a imprensa não lhe dá espaço e acrescentou que os sindicalistas devem organizar sua própria mídia.
"Eu estou naquela fase que eu quero parar de reclamar que os que não gostam de mim não me dão espaço", disse Lula. "Por que então a gente não organiza a nossa, por que a gente não organiza o nosso espaço? Por que a gente não começa a organizar a nossa mídia?"
ADVERSÁRIOS
O ex-presidente também criticou os seus "adversários" e disse que o que lhes incomodava era o seu próprio "sucesso". "Eu acho que a bronca que eles [adversários] tinham de mim era o meu sucesso, e agora é o sucesso da Dilma."
Ele citou ainda uma conversa que teve com o então publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira (1912-2007). "O velho Frias, que era a melhor pessoa que eu conheci naFolha, ele me dizia assim: 'Lula, os do andar de cima nunca vão deixar você chegar lá. Eles vão sempre trabalhar para você ficar no andar de baixo'. Eu dizia, Frias, nós vamos chegar no andar de cima", contou.
"Nós chegamos, e gostamos. E provamos que sabemos morar no andar de cima e fazer mais coisas do que eles", completou Lula.
Segundo o ex-presidente, houve uma inversão de papéis. "Nós agora estamos no andar de cima olhando para o povão que está lá embaixo, e nós queremos que eles subam também os degraus da vida deste país."
ACUSAÇÕES
Ainda em tom de crítica aos adversários, Lula defendeu a gestão da presidente Dilma Rousseff e os dez anos da gestão do PT no governo federal.
"Eu sinto orgulho em saber que este país mudou. Ainda falta fazer coisa, obviamente que falta. Mas um país que passou 500 anos sufocando os pobres não vai recuperar em dez anos. Mas não reconhecer que esse país mudou? E mudou muito".
A fala de Lula é mais um capítulo da troca de acusações entre petistas e tucanos, que ocorre desde a última quarta-feira (20), quando Lula lançou Dilma como candidata à reeleição em 2014 em evento de comemoração aos 30 anos da criação do PT e dez anos do partido no governo federal.
No dia do evento, o senador Aécio Neves (PSDB) fez um discurso na tribuna do Senado em que listou o que chamou de "13 fracassos" dos governos petistas.
No mesmo dia, Dilma disse não ter herdado "nada" da gestão tucana, classificada em cartilha petista como um "desastre" neoliberal.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso revidou na última segunda-feira (25) e chamou Dilma de "ingrata" por negar a herança de seu governo (1995-2002). Ontem, Lula disse que FHC deveria "ficar quieto" e contribuir para Dilma comandar o país.
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