domingo, 3 de novembro de 2013

Brasil Sem Mentira. PSDB prepara plano econômico para 2015.





blog do coronel
Disposto a entrar no debate sobre os rumos da economia depois da piora do desempenho das contas públicas, o PSDB lançará na primeira semana de dezembro um plano com as diretrizes da política tucana focado em pelo menos 12 pontos. O plano será uma prévia da diretriz econômica do programa de governo do presidenciável Aécio Neves (MG), senador e presidente do PSDB. O documento terá forte teor econômico e vai criticar o governo Dilma Rousseff devido às ações na área econômica entre investidores e no plano internacional. E terá como linha geral fugir do modelo do simples “Estado assistencialista” ou “Estado grande” — ou, na expressão de um dos colaboradores, “nadar em uma raia que não é do PT”.
 
Segundo formuladores do documento, o texto será um delimitador dos valores da plataforma do PSDB. Entre os 12 pontos estão principalmente: recuperar a credibilidade perdida na área econômica; melhoria do ambiente de investimentos, para aumentar a entrada de recursos privados; e Pacto Federativo, com defesa de uma volta de uma maior autonomia de estados e municípios. O texto ainda está na primeira etapa de formulação e discussão, podendo ter mais ou menos pontos.
 
Uma das preocupações dos colaboradores de Aécio é adotar uma linguagem adequada, para não alimentar o discurso dos petistas de que o PSDB quer tirar benefícios dos mais pobres. Para vacinar o partido contra possíveis críticas, Aécio se antecipou durante a semana e apresentou o projeto que inclui o Bolsa Família na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas). Os tucanos queriam ter lançado esta ideia um dia antes da comemoração dos dez anos do Bolsa Família. Mas Aécio acabou divulgando a proposta no mesmo dia como resposta às críticas do ex-presidente Lula. Para os formuladores do plano, o desenvolvimento social e o desenvolvimento econômico devem ter pesos equivalentes na plataforma do PSDB.
 
O programa abordará pontos como a competitividade do Brasil no cenário internacional; infraestrutura deficiente; baixo crescimento econômico em relação aos demais países emergentes; e a manutenção, com responsabilidade, do chamado tripé da política macroeconômica, composto pelo regime de metas de inflação, superávits primários (economia para o pagamento de juros da dívida pública) robustos e câmbio flutuante, estabelecido no governo Fernando Henrique Cardoso.
 
Dentro da estratégia de evitar que Aécio perca espaço para o presidenciável e governador Eduardo Campos (PSB) na corrida sucessória, a ordem dos marqueteiros é produzir um documento que não seja retórico, característica considerada negativa pelos tucanos nos textos da ex-senadora Marina Silva, por exemplo.
 
Para tucanos, Dilma mudou rumos dados por Lula
A ideia é começar com uma crítica aos rumos da economia no governo Dilma. A estratégia, segundo o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas, envolvido na elaboração do plano, é mostrar que a presidente mudou o receituário do governo Lula. — Dilma implantou uma política econômica da cabeça dela e que está dando errado. Há uma perda de confiança no cenário internacional. Ela desorganizou o setor do petróleo — disse Vellozo Lucas, ressaltando que o documento está em formulação por um grupo com integrantes como Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central.
 
O governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) registrou déficit de R$ 10,5 bilhões em setembro, o pior resultado desde o início da série histórica, em 1997. A meta de superávit do governo central já está em 2,3% do PIB, mas deverá ser adotada a chamada contabilidade criativa para alcançar os resultados (3,2%). — Os resultados do governo são muito ruins na política econômica. O principal indicador da saúde de uma economia é a confiança, é o ambiente de negócios. O ano de 2010 foi o único no qual o Brasil cresceu mais do que o restante da América Latina — disse Vellozo Lucas, assessor de Aécio no Senado.
 
Com uma pesquisa em mãos, informando que cerca de metade do eleitorado quer mais que assistencialismo, quer condições para que as pessoas se desenvolvam, o PSDB vai centrar o discurso nesta parcela da população. Os marqueteiros tucanos detectaram que a demanda não é ainda vocalizada por políticos e querem se antecipar a Eduardo Campos e Marina Silva.
 
O programa contará com a opinião do ex-presidente Fernando Henrique, com quem Aécio jantou recentemente e se encontrará nos próximos dias novamente. Além de FHC e Armínio Fraga, Samuel Pessoa, da FGV, Vellozo Lucas e Mansueto Almeida são pensadores consultados para a elaboração do programa. Aécio evita dar detalhes, só ressaltando que seguirá “tendências históricas” do partido:
— Ainda estamos formulando o texto, mas certamente haverá um foco na gestão mais ortodoxa, mais dura na questão fiscal, no combate à inflação, que são marcas desde sempre do PSDB — disse o tucano.
 
Outro cuidado que o partido terá na apresentação do documento será o tratamento dado à questão da privatização. Ainda não há consenso a respeito da presença do tema no programa, mas, se constar, será de forma menos enfática do que a defendida pelo presidente do PSDB em recente discurso em Nova York, para investidores e representantes de grandes empresas. Mais uma vez, a intenção é não virar alvo de ataques antiprivatistas. (O Globo)

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