Deve ser alguma coisa presente na nossa água, no nosso ar, no nosso espírito, sei lá… Gilberto Kassab (leiam post anterior) formalizou nesta quarta o apoio à candidatura da presidente Dilma Rousseff. Estamos em 2013. Em 2008, há meros cinco anos, ele venceu a eleição para administrar a maior cidade do país — e uma das maiores do mundo — mobilizando o eleitorado antipetista (e é legítimo ser “antipetista”, como o é ser “antitucano”) e convencendo a parcela neutra de que era a melhor resposta para São Paulo. Do outro lado, estava Marta Suplicy. Conflitos no DEM, o seu partido de então, o levaram a criar uma dissidência, que resultou num novo partido, atraído desde as primeiras horas pela órbita do governismo.
O PT fez picadinho de sua gestão na cidade. Tudo bem pra ele. Manteve-se no rumo. No começo da crise dos fiscais, desatento às necessidades nacionais do PT, Fernando Haddad ainda tentou jogar no seu colo a “herança maldita”. Quando o atual prefeito passou da conta e afirmou ter encontrado um “descalabro” da Prefeitura, Kassab reagiu e devolveu a gentileza. Os petistas graúdos se calaram. Rui Falcão, presidente do PT, presente ao ato desta quarta, não saiu, então, em defesa de Haddad.
Kassab — usado pelos petistas como espalho em 2012 — é mais importante para os objetivos estratégicos do PT do que Haddad. A gestão do petista é de tal sorte caótica que, hoje ao menos, ele mais tira do que dá votos. E Kassab? Ele tem o tempo de TV de que Dilma necessita e deve disputar o governo de São Paulo. Será um palanque a mais para a presidente em São Paulo e terá como alvo principal a gestão de Geraldo Alckmin, do PSDB.
Em que outra democracia o trânsito de um polo ao outro seria possível, em tão pouco tempo e com tanta desenvoltura, a ponto de o PSD ter hoje a terceira bancada da Câmara? Em nenhum! Vejam: o PPS, inicialmente, fez parte da base lulista. Dissentiu do governo em vários temas e foi para a oposição. Diminuiu de tamanho. Kassab chegou a ser uma das mais destacadas figuras da oposição. Foi para a situação. Cresceu.
Os EUA têm democratas e republicanos; a França tem o Partido Socialista e a UMP (na prática, herança do gaullismo; é a centro-direita); a Alemanha tem a social-democracia e a democracia-cristã… O Brasil tem o PG: o Partido do Governo. Americanos, europeus e até os chilenos, aqui pertinho, são abestados. Esse negócio de disputar o poder e tentar implementar um programa é coisa de gente atrasada. Bom mesmo é dividir o poder. Até o PT concorda com isso, desde que ele esteja no comando.
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