Grupos ligados ao PT, PC do B e movimento estudantil cercaram auditório em Feira de Santana (BA) e obrigaram organizadores a cancelar o evento
Manifestantes impedem exibição do filme com a presença da blogueira Yoani Sánchez (Folhapress)
Militantes de grupos ligados ao PT, PC do B e ao movimento estudantil baiano cercaram na noite desta segunda-feira o auditório em Feira de Santana (BA) onde seria exibido o documentárioConexão Cuba-Honduras, que tem a participação da blogueira cubana Yoani Sánchez, e obrigaram os organizadores a cancelar a exibição do filme.
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O documentário, que trata da falta de liberdade de expressão nos dois países da América Central e contém uma entrevista de Yoani, fazia parte do primeiro ato da cubana em sua viagem ao Brasil. A produção é dirigida pelo cineasta baiano Dado Galvão, que convidou a blogueira a vir ao país – seu primeiro destino após cinco anos de negativas do regime comunista para deixar a ilha caribenha.
Cerca de 50 manifestantes com cartazes em defesa da ditadura comunista de Cuba ocuparam a sala do Museu do Saber, local onde o filme seria exibido, e impediram com gritos e vaias qualquer tentativa de pronunciamento. Aos gritos de "traidora" e "viva a revolução!", os militantes não permitiram que a cubana fosse ouvida – ela só conseguiu falar rapidamente, por cerca de 15 minutos. Os organizadores, então, decidiram suspender o evento. Os integrantes da manifestação portavam bandeiras do PT e PC do B e não atenderam aos pedidos de trégua da organização e do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), presente no local.
Yoani Sánchez chegou ao Brasil durante a madrugada desta segunda. Após desembarcar no aeroporto do Recife, onde fez escala antes de ir a Salvador, ela seguiu até Feira de Santana, cidade de 557.000 habitantes a pouco mais de 100 quilômetros da capital baiana.
Tanto no Recife como em Salvador, vários militantes comunistas também se manifestaram contra sua visita ao Brasil, defendendo a ditadura cubana e mostrando fotografias de Fidel Castro e de Che Guevara, assim como cartazes nos quais chamavam Yoani de "mercenária" e "agente da CIA".
Antes da manifestação em Feira de Santana, a dissidente afirmou em seu blog Generación Y que "gostou" de ser recebida com protestos no Brasil e disse sonhar com o dia em que "as pessoas poderão se expressar publicamente assim, sem represálias", em Cuba.
Depois do protesto da noite desta segunda, Yoani comentou o cancelamento da pré-estreia do filme em seu perfil no Twitter. Ela definiu o "debate" como "gritos contra argumentos" e "slogans contra ideias", e chamou atenção para panfletos que traziam os militantes. "Todos tinham o mesmo material, impresso da mesma forma, com as mesmas cores e palavras. Como se alguém tivesse distribuído a esses 'enérgicos' do grito o mesmo dossiê contra mim. Que coincidência!", escreveu a cubana. Yoani ainda afirmou, aparentemente em referência aos protestos enfrentadas até aqui no Brasil e fazendo um balanço da visita, que "o placar está dois a zero, e não é a favor dos extremistas".
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(Com agência EFE)
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