Marina Silva serviu uma poção de santo daime para Eduardo Campos. E
ele entrou em transe e voltou a falar com deus Marx, assim como ela
falava com deus Lula. Dias atrás, Campos prometia mudar o estatuto do
partido, que ataca a propriedade privada e o lucro. Mudou de ideia. Hoje
quer fazer inflexão à esquerda, mais perto do povo, segundo matéria do
Valor Econômico.
O pré-candidato do PSB à Presidência, o ex-governador de
Pernambuco Eduardo Campos, fará uma inflexão para a esquerda nas próximas
semanas, de acordo com o coordenador executivo de sua pré-campanha, o dirigente
do PSB Carlos Siqueira. Campos deverá intensificar sua agenda com
representantes do que Siqueira chamou de "setores populares", como
representantes de movimentos feministas, negros e da juventude, entre outros.
"Será reafirmada a marca da candidatura dentro da centro-esquerda. Ele é
candidato de um partido socialista. A direita tem seus próprios
candidatos", disse Siqueira ao Valor Pro, serviço de informação em tempo
real do Valor.
Os eventos empresariais continuam tendo destaque na agenda
do pré-candidato, que se instalou em São Paulo desde que se desincompatibilizou
do governo estadual na primeira semana de abril. Hoje mesmo Campos será um
palestrante em dois eventos empresariais na capital paulista.
Segundo Siqueira, há uma preocupação em demarcar diferença
em relação ao principal pré-candidato oposicionista, o senador Aécio Neves
(PSDB-MG). O objetivo será demonstrar que o ex-governador pernambucano teria
sensibilidade maior com questões sociais. Na visão da campanha, o segundo turno
na eleição presidencial deste ano já está consolidado. "É patético
imaginar que esta eleição se resolve em um turno só, considerando a liderança
política e a avaliação de governo que Dilma tem", afirmou.
A pré-candidatura de Campos, nesta visão, alimenta-se tanto
de eleitores egressos da base de apoio da presidente Dilma Rousseff quanto da
de Aécio. "O eleitor dele não necessariamente é um petista desiludido. Há
também tucanos insatisfeitos e não são poucos", disse Siqueira, para quem
a presença da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva como na vice na chapa
não bloqueia a entrada de Campos em um eleitorado afeito ao PSDB: "A
quantidade de eleitores que rejeita votar no Campos por causa da Marina na chapa
é absolutamente insignificante."
O pré-candidato do PSB deve começar a reafirmar seu caráter
esquerdista no momento em que a candidatura própria ao governo do Estado em São
Paulo será rediscutida. Segundo Siqueira, a decisão final caberá à seção local
do partido, que hoje se inclina em sua maioria para apoiar a reeleição do
governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB).
Ontem, em evento de pré-campanha eleitoral em Vitória da
Conquista (BA), Campos voltou a afirmar que não quer o apoio "da base
tradicional, atrasada, reacionária, patrimonialista", afirmou, em uma
crítica que pode ser interpretada tanto contra Aécio quanto contra Dilma.
"Essa gente vai estar na oposição na campanha, e, a partir de 1º de
janeiro, vai estar na oposição também", disse o ex-governador.
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