Blog do Coronel
O procurador Ailton Benedito contra a propaganda mentirosa do governo sobre a Copa
O Ministério Público Federal (MPF) em Goiás instaurou ação
civil pública e requereu a concessão de liminar para a suspensão imediata da
campanha publicitária "Todos ganham (Hexa)", que promove a marca
"A Copa das Copas", executada pelo governo federal para divulgar o
Mundial Fifa 2014. Também foi requerido que outras campanhas do governo sobre a
Copa obrigatoriamente se restrinjam a um "caráter educativo, informativo
ou de orientação social".
A publicidade foi vista como propaganda positiva
de compromissos que a União não conseguiu cumprir. Para o autor da ação, o procurador da República Ailton
Benedito, a campanha publicitária "não condiz com a verdade". A ação
foi instaurada na quinta-feira, 22, e divulgada na tarde desta segunda, 26.
No entendimento do MPF o conteúdo publicitário da atual
campanha atinge inadequadamente o inconsciente coletivo, de forma subliminar,
com mensagens de que o governo federal cumpriu tudo que estava compromissado.
Ele discorreu também que a publicidade sugere que a organização do evento
transcorreu sem problemas; que todas as ações, programas e políticas públicas
necessárias foram planejados e executados completa e adequadamente; que não se
utilizaram recursos públicos no evento; que a Copa proporciona, exclusivamente,
resultados positivos para o país; que existe unânime aprovação do evento.
"Enfim, que todos os brasileiros já estão unidos, vestindo a camisa
amarela da seleção e calçados de chuteira, esperando apenas o momento de comemorar,
sambar, festejar a vitória do Brasil", citou. O procurador requereu a aplicação de multa diária de R$ 5
milhões à União e de multa diária pessoal de R$ 1 milhão aos agentes do
governo, no caso de retardamento no cumprimento da decisão.
Cita Ailton Benedito, que a campanha do governo vem
anunciando que o torneio trará grandes benefícios aos brasileiros, em função de
investimentos públicos que teriam sido realizados na infraestrutura urbana e
nos serviços públicos, benefícios que, segundo a narrativa oficial, serão
permanentes. "Entretanto, essa não é a realidade que se verifica".
Ele recorre ao noticiário sobre problemas em vários empreendimentos projetados
para aeroportos, o transporte público e trânsito, sendo que vários foram
cancelados ou substituídos por outros de menor impacto e, ainda assim, não
serão concluídos a tempo. "A situação evidencia os efeitos da
desorganização, da falta de planejamento, da incompetência em executar o que se
planejou quanto à infraestrutura e aos serviços voltados à realização da
Copa", diz.
Tempo e dinheiro
Para o MPF/GO, como o Brasil foi homologado no ano de 2007
para sediar a Copa, contando com sete anos para se organizar, teve grande
oportunidade e tempo suficiente para executar planos de investimento que
efetivamente investissem e corrigissem as mazelas da infraestrutura e dos
serviços públicos, principalmente nas cidades-sede.
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