Valcke, porém, admite que o envolvimento do governo desde o início do processo poderia ter acelerado as obras
GENEBRA - Ricardo Teixeira “protegeu” a Fifa e a Copa do Mundo dos políticos brasileiros. Quem faz essa afirmação é o secretario-geral da entidade, Jerome Valcke, que por anos foi uma pessoa próxima ao ex-cartola brasileiro, visitou sua fazenda e chegou a fechar um contrato de consultor com ele em 2007 por US$ 100 mil para ajudar na candidatura do Pais para receber o Mundial.
Em 2012, Teixeira foi obrigado a deixar a CBF, depois de uma serie de denúncias. Mas, faltando poucas semanas para a Copa, Valcke se recusa a tecer críticas ao ex-dirigente que comandou a campanha do Brasil para sediar a Copa.
“De uma certa forma, ele (Teixeira) protegeu a Fifa e a Copa do Mundo pois ele era contra o envolvimento de qualquer político”, disse Valcke a um grupo de jornalistas internacionais.
Segundo Valcke, Teixeira foi contra o uso de dinheiro público na Copa e por isso teria impedido que o Comitê Organizador Local contasse com membros do governo. “Ele (Teixeira) foi o primeiro a dizer que não queríamos dinheiro público para o comitê organizador ou qualquer coisa do governo. Talvez isso teve um efeito oposto e criou certo descontentamento entre políticos que se questionavam sobre o motivo pelo qual eles foram excluídos da Copa do Mundo quando eles deveriam ser parte dela”, disse Valcke.
Em 2007, Teixeira prometeu que todos os estádios brasileiros seriam erguidos com dinheiro privado, um cenário que acabou não acontecendo. Depois de sua queda da CBF, em 2012, o governo e a Fifa acertaram a participação do governo no Comitê Organizador Local. Joseph Blatter, em entrevista ao Estado em 2012, apontou que foi justamente a entrada do governo no processo que destravou as obras.
Aldo Rebelo, ministro dos Esportes, indicou em entrevista esta semana à Rádio Estadão que a participação do governo foi “vetada” no COL inicialmente. Mas não explicou quem teria vetado esse envolvimento do governo.
Valcke aponta que a relação da Fifa com a Africa do Sul foi bem diferente. “Foi o oposto o que tivemos na África do Sul, onde o conselho do COL era composto por 7,8,9 ministros”, disse.
Sobre o Brasil, o francês agora admite que o governo deveria ter sido convidado para fazer parte do projeto antes. “Talvez deveríamos ter envolvido o governo brasileiro antes e seria mais fácil”, completou.
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