terça-feira, 13 de agosto de 2013

Primárias enterram sonho de reeleição infinita de Cristina




Resultado das primárias mostra que kirchnerismo perdeu 4 milhões de votos

Cristina não deve conseguir maioria simples na Câmara de Deputados nem no Senado, o que a impedirá de mudar a Constituição
Cristina não deve conseguir maioria simples na Câmara de Deputados nem no Senado, o que a impedirá de mudar a Constituição (Marcos Brindicci/Reuters)
Com a pior derrota eleitoral em uma década, foi por água abaixo o plano“Cristina eterna”, ou a pretensão da presidente Cristina Kirchner de se reeleger “infinitamente”, como seus próprios aliados admitiram na segunda-feira, após as primárias de domingo, que confirmaram o forte retrocesso do governo no país. Em apenas dois anos, o kirchnerismo perdeu quatro milhões de votos na Argentina, informou o jornal Clarín nesta terça-feira. Como a derrota deve se repetir nas eleições parlamentares de outubro, Cristina não conseguirá maioria simples na Câmara de Deputados nem no Senado, o que a impedirá de mudar a Constituição e tentar novos mandatos.
“Ficou claro, definitivamente, que não haverá chances de mudança constitucional para permitir uma segunda reeleição”, disse na segunda-feira o candidato a deputado kirchnerista Ricardo Foster.
Somando todos os aliados do governo de Cristina Kirchner, o total de votos nacionais para deputados foi de quase 6,8 milhões de votos, pouco menos de 30% do total, seguido pela oposição, que conseguiu 25,7%, e de socialistas e radicais, com quase 24%. Em 2011, a Frente para a Vitória, o partido de Cristina, havia alcançado 52% dos votos para deputados nacionais, ou seja, 10,7 milhões de votos. Comparando as duas eleições, o kirchnerismo perdeu 3 951 120 milhões de votos, no pior resultado da década para o governo.
A metade desses votos foi perdida na província de Buenos Aires, que aglutina quase 38% do eleitorado nacional, mas o governo também caiu em 13 dos 24 distritos eleitorais do país. Cristina perdeu votos até mesmo no reduto kirchnerista de Santa Fé, que era sua única expectativa de vitória, segundo o Clarín. Foi a primeira vez em 22 anos que o kircherismo perdeu uma eleição em Santa Fé.
O governo de Cristina sentiu com pesar o gosto amargo da sua pior derrota em dez anos, um resultado que não era esperado em suas piores projeções, de acordo com o jornal La Nación. Na noite de segunda-feira, à espera dos resultados, Cristina se isolou em uma suíte com seus filhos, Máximo e Florencia, sua irmã Giselle, sua mãe Ofelia e  sua cunhada Alicia. Os únicos que podiam entrar na suíte eram os secretários da Presidência Carlos Zanini e Oscar Parrili.


As primárias abertas, impostas por lei em 2009, são celebradas pela segunda vez na Argentina, mas, embora tenham sido criadas para eleger candidatos, nesta ocasião a maioria das forças políticas apresentaram candidatos únicos. O resultado serviu para medir a tendência de apoio aos partidos diante das legislativas de 27 de outubro, quando serão renovadas a metade da Câmara de Deputados de 257 assentos e um terço do Senado de 72 integrantes, ambos dominados pela governista Frente para a Vitória (peronistas e aliados).

Nenhum comentário:

Postar um comentário