Daniel Lozano Do “LaNación”
À deriva, a revolução bolivariana tem seu próprio ritmo: a marcha militar. Nicolás Maduro está apostando na militarização da sociedade e da política para aguentar a crise social e econômica mais aguda do chavismo na última década. E o faz pisando no acelerador em três frentes: o crescimento das milícias, o fortalecimento das Forças Armadas e a aposta de generais para novos altos cargos de governo.
— A milícia bolivariana é uma força moral enorme no centro, na resposta de logística para a guerra econômica.
São as forças de dissuasão para os que têm sonhos loucos contra a pátria — afirmou Maduro, acrescentando que os homens “têm que ter uniforme, equipamentos, armas, orientação e treinamento”
Se as ordens do presidente forem cumpridas, a milícia bolivariana continuará crescendo até atingir meio milhão de membros em 2015 e um milhão em 2019. Este órgão civil e armado é composto em grande parte por militantes do chavismo. Milicianos dispostos a defender a revolução são “o sonho de Maduro” destaca a especialista em defesa Rocio San Miguel.
A milícia bolivariana já participa hoje de diversas operações em todo o país, e não somente como guias turísticos no Quartel da Montanha, onde descansam os restos mortais do “comandante eterno” Hugo Chávez. Eles vigiam hospitais, cobram produtos em caixas de supermercado, controlam a venda de gasolina na fronteira ou patrulham os transportes públicos.
Em maio, Maduro anunciou a criação da milícia operária para “resguardar” a classe trabalhadora. Alguns de seus membros já apareceram armados com fuzis do governo. Eles têm mais participação no estado de Bolívar, sede das grandes indústrias do país, que vem assistindo a conflitos trabalhistas.
Rocio San Miguel argumenta que “há uma resistência interna no Exército, apesar de que o alto comando da milícia é todo composto por militares” Ela alerta para o perigo do controle das armas, que já abundam no país.
Maduro não apenas pretende militarizar a sociedade, mas também não hesita em se cercar de militares. Colocou o ex-comandante geral da milícia Gustavo González à frente do polêmico Centro Estratégico de Proteção à Pátria com poderes plenos de censura. Outro general muito próximo de Chávez, Hebert Garcia Plaza, preside o Órgão Superior para a Defesa da Economia. Fecha o círculo o major Antonio Pérez, à frente da Fundação Povo Soberano, uma entidade integrada ao Vice-Ministério da Suprema Felicidade do Povo Venezuelano.
Todos eles se beneficiarão do milionário orçamento designado ao Ministério da Defesa: US$ 2 bilhões só para salários, o equivalente a 60 entidades públicas, segundo o jornal “El Mundo Economia e Negócios”
O Ministério da Defesa também terá outros US$ 4 bilhões para “aumentar a capacidade defensiva” do país. Maduro anunciou que vai continuar comprando armas russas.
FONTE: o Globo via Resenha do Exército
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