quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Revolta toma mundo árabe; Hillary condena vídeo



Iêmen, onde morrera quatro pessoas, e Egito são os principais palcos de protestos

Manifestantes escalam a grade do portão da embaixada dos Estados Unidos em Sanaa, capital do Iêmen. Dezenas protestam contra o filme "A inocência dos muçulmanos", que ridiculariza o profeta Maomé - Mohamed al-Sayaghi/Reuters
Os protestos contra o filme americano que satiriza Maomé estão varrendo o Oriente Médio e o Norte da África nesta quinta-feira após a morte do embaixador dos EUA na Líbia, na noite de terça. As revoltas acontecem simultaneamente diante das embaixadas americanas no Egito, Iêmen, Irã, Marrocos, Sudão, Tunísia, Iraque e houve uma pequena manifestação na Faixa de Gaza.
O conflito mais grave ocorreu no Iêmen, onde quatro pessoas morrerram. Onze manifestantes e 24 membros das forças de segurança ficaram feridos. Em Sanaa, capital iemenita, os muçulmanos radicais invadiram a embaixada americana e queimaram a bandeira dos Estados Unidos. A polícia conseguiu afastá-los do local com gás lacrimogêneo, jatos d’água e até fogo, mas 3.000 manifestantes permaneceram nos arredores da embaixada. Janelas foram destruídas, veículos policiais incendiados. 
Também hoje, em pronunciamento oficial, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, condenou o conteúdo discriminatório do filme Innocence of Muslims, qualificando-o de "repugnante". Ela lembrou, no entanto, que o direito à liberdade de expressão está incrustado na Constituição americana. "Não impedimos cidadãos de expressarem seu ponto de vista, não importa quão detestável seja", disse ela.
No Cairo, capital do Egito, 224 pessoas ficaram feridas no terceiro dia consecutivo de protestos, de acordo com o Ministério da Saúde. Anteriormente, ele havia falado em 70 feridos com a polícia. Os manifestantes exigiam a expulsão do embaixador americano. Embora atirassem pedras nos policiais, acabaram dispersados com o uso de gás lacrimogêneo. Na quarta-feira, os islamitas escalaram os muros da embaixada e retiraram a bandeira dos EUA. Na madrugada desta quinta, 16 pessoas ficaram feridas, 12 foram presas e dois carros policiais foram queimados.
A ira dos islamitas cresceu a tal ponto que o presidente do Egito, Mohamed Mursi – que pertence à Irmandade Muçulmana, organização que pediu os protestos – a pedir calma à população. “Eu condeno e me oponho a qualquer um que insulte nosso profeta. Mas é nosso dever proteger nossos convidados e visitantes estrangeiros”, disse Mursi em um pronunciamento veiculado pela TV estatal. “Eu peço a todos que não violem as leis egípcias e não ataquem as embaixadas”.
Uma pequena multidão queimou a bandeira americana na Faixa de Gaza, onde o Hamas, que controla a região palestina, condenou o filme. Os participantes da manifestação cantaram palavras de ordem contra o filme, além de "morte a Israel e aos EUA", e slogans de apoio ao profeta Maomé e ao islã. 
O Hamas também chamou, através de alto-falantes, os moradores da região a participarem de concentrações maciças depois das orações do meio-dia de amanhã, sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos. A sexta-feira deve ser agitada em todos os países islâmicos que condenam o filme, já que os muçulmanos desses locais já estão acostumados a protestarem após as orações nos últimos meses de revoltas contra ditaduras.
Cerca de 500 iranianos protestaram contra Estados Unidos e Israel diante da embaixada suíça em Teerã. No Iraque, houve demonstrações em Bagdá e Basra, e o líder de uma milícia islamita advertiu que o filme controverso "vai colocar os interesses dos EUA em perigo".
Outros países - Há informações de protestos também na Tunísia, Marrocos e Sudão, ainda sem maiores detalhes. O governo do Paquistão anunciou que se prepara para protestos diante da embaixada americana também. Além disso, o presidente afegão, Hamid Karzai, remarcou uma visita à Noruega com medo de que a revolta possa tomar conta de seu país também.
Os Estados Unidos reforçaram a segurança de suas embaixadas por todo o mundo, até mesmo no Brasil, onde não há registros de ameaças. Os prédios da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília e dos consulados norte-americanos em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Recife reforçaram os esquemas de segurança, seguindo as orientações do presidente Barack Obama.
O filme - Innocence of Muslims, segundo as primeiras informações, teria sido produzido no sul da Califórnia - financiado com doações de judeus - por uma americano de origem israelense, identificado pelo Wall Street Journal como Sam Bacile. A obra provocou manifestações de repúdio em vários países após representar o profeta Maomé como um trapaceiro sem caráter e com fortes instintos sexuais. Para o islamismo, qualquer representação do profeta Maomé é considerada uma forma de pecado, passível de altas punições dependendo do país onde a religião é praticada.

Também hoje, em pronunciamento oficial, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, condenou o conteúdo discriminatório do filme Innocence of Muslims, qualificando-o de "repugnante". Ela lembrou, no entanto, que o direito à liberdade de expressão está incrustado na Constituição americana. "Não impedimos cidadãos de expressarem seu ponto de vista, não importa quão detestável seja", disse ela.

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