quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Líbia prende quatro suspeitos de atacar consulado dos EUA



Governo líbio formou comissão para investigar se Al Qaeda está envolvida

O primeiro-ministro líbio, Mustafa Abu Shagur, em entrevista à AFP em Tripoli em 13 de setembro de 2012
O novo primeiro-ministro líbio, Mustafa Abu Shagur, anunciou avanços na investigação (Mahmud Turkia/AFP)
O novo primeiro-ministro líbio, Mustafa Abu Shagur, anunciou nesta quinta-feira um avanço na investigação do ataque contra o consulado americano em Bengasi. Segundo o premiê, prisões foram realizadas prisões, sem especificar o número ou a identidade dos detidos. De acordo com o vice-ministro do Interior Wanis Shari, quatro pessoas foram presas e estão sob interrogatório.
"Fizemos um importante avanço. Temos nomes e fotos. Foram realizadas prisões e outras estão sendo feitas no momento", disse Abu Shagur em sua primeira entrevista desde sua eleição como chefe do novo governo de transição, oficializada na quarta-feira. "Não queremos prender os suspeitos antes de conhecê-los com precisão", acrescentou.
As autoridades líbias, que reconheceram sua incapacidade de contornar a situação, haviam anunciado nesta quinta a criação de uma comissão para investigar o ataque que matou o embaixador americano em Bengasi, Christopher Stevens, e outros três americanos. A Al Qaeda pode estar envolvida no atentado. O ataque, terça-feira à noite, dia do 11º aniversário dos atentados de 11 de setembro, provocou uma onda de condenações internacionais, especialmente nos Estados Unidos, onde o presidente Barack Obama pediu a colaboração de Trípoli para deter e levar à justiça os autores do ataque.
Quase um ano depois da queda do regime de Muamar Kadafi, o ataque evidencia mais uma vez a incapacidade das autoridades líbias de garantir a segurança no país, onde as milícias armadas impõem a lei.
Investigação - O porta-voz da Alta Comissão de Segurança do ministério do Interior, Abdelmonem al-Horr, informou que uma "comissão independente" foi criada para investigar . A comissão será presidida por um juiz e reunirá a especialistas dos ministérios da Justiça e Interior.
Questionado sobre eventuais detenções no caso, Al-Horr respondeu de maneira positiva, mas sem revelar detalhes. Segundo ele, a investigação é "muito complicada", pois muitas pessoas estavam presentes no perímetro do consulado. "Havia extremistas, simples cidadãos, mulheres, crianças, criminosos", disse.
Inicialmente atribuído a manifestantes irritados com o filme divulgado na internet Inocência dos Muçulmanos, considerado por eles ofensivo ao islã, os investigadores americana trabalham com a possibilidade de o ataque ser resultado de uma operação coordenada. De acordo com a fonte da inteligência dos Estados Unidos, extremistas utilizaram manifestantes que protestavam contra o filme como "pretexto" para atacar o consulado com armas de pequeno calibre, mas também com lança-foguetes.
Novos protestos - Nesta quinta-feira, o vídeo que satiriza Maomé provocou novamenteconfrontos diante da embaixada dos Estados Unidos no Cairo. No Iêmen, manifestantes atacaram a embaixada em Sanaa, antes de serem expulsos pela polícia. Ao menos quatro pessoas morreram e 24 membros das forças de segurança - além de 11 manifestantes - ficaram feridos, segundo o Ministério da Defesa iemenita.
O presidente Obama ligou para as autoridades líbias e egípcias para coordenar uma cooperação após o ataque, que ele chamou de "ultrajante". O presidente do Congresso Nacional Geral líbio, Mohamed al-Megaryef, pediu desculpas aos Estados Unidos e apontou os partidários do regime derrubado de Muamar Kadafi e a Al Qaeda como culpados pelo ataque. A Marinha americana enviou dois destróieres às costas líbias, como "medida preventiva".
Apesar da tensão, na quarta-feira a Assembleia Nacional líbia elegeu o vice-premier Mustafah Abu Shagur como chefe de governo de transição. Sua principal missão será organizar um exército e uma polícia profissionais para enfrentar a escalada da violência.
(Com agência France-Presse)

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