sábado, 2 de novembro de 2013

Se Aécio for o candidato do PSDB, vou trabalhar por ele, diz Serra





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FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA
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Embora ainda se apresente como pré-candidato a presidente pelo PSDB, José Serra faz agora uma inflexão no seu discurso. Diz que vai trabalhar a favor da unidade do partido, "com quem for o candidato", ele ou o senador tucano Aécio Neves, de Minas Gerais.

José Serra no Poder e Política - 12 vídeos

"É a minha grande aspiração, que o PSDB esteja unido. Com quem for o candidato. Trabalharei para isso, não tenha dúvida", afirmou em entrevista ao programa Poder e Política, da Folha e do UOL. Mas fará campanha, de maneira incessante, a favor de Aécio Neves? "Farei, farei, trabalharei para que a haja unidade, primeiro. E segundo, havendo unidade, para que a unidade se projete na campanha".
A declaração de Serra, é claro, pode ser interpretada com ressalvas. Por exemplo, quando ele diz que trabalhará pelo mineiro "havendo unidade". Adversários podem enxergar insinceridade no apoio prometido a Aécio. Mas o tucano também poderia ter tergiversado quando indagado sobre se faria campanha para o colega mineiro. Preferiu ser direto.
Trata-se de uma mudança em relação ao tom quase beligerante das últimas semanas, quando o tucano paulista passou a viajar pelo país para se apresentar como uma alternativa ao nome de Aécio, hoje o favorito para conquistar no PSDB a vaga de candidato a presidente em 2014.
E quem seria mais de esquerda, Serra, 71 anos, ou Aécio, 53 anos? O paulista reagiu dizendo que a pergunta era "engraçada". Sorriu e explicou que a trajetória de vida dos dois é muito diferente: "Não dá para comparar banana com laranja". Mas ele estaria à direita ou à esquerda do mineiro? "À direita, não estou", respondeu. Ao final, afirmou que ambos são "progressistas".
Sobre o prazo para definição, Serra é ambíguo. Há um acordo entre ele e Aécio para que o nome do candidato a presidente pelo PSDB seja anunciado em março. O paulista, entretanto, introduz um reparo: "A partir de março". Depois, é evasivo: "Se se achar que não tenha, que não há condições de maturidade para se tomar uma decisão...". Dá a entender que gostaria de estender ao máximo essa tomada de posição dentro do PSDB.
A seguir, trechos da entrevista:
*
Folha/UOL - O governo federal realizou recentemente o leilão para a partilha do campo de Libra, do pré-sal. Aécio Neves fez críticas ao modelo adotado. Disse que seria preciso reestatizar a Petrobras. O sr. concorda?
José Serra - O primeiro defeito dessa exploração do campo de Libra foi a demora. Demorou e o Brasil vai acumulando déficit de petróleo com a Petrobras em situação dificílima.
Segundo, a coisa foi mal equacionada. Não houve leilão. Só tinha um concorrente. Houve uma organização de cartel. O governo trabalhou para montar um grupo que explorasse o petróleo, inclusive sinalizando os nomes daqueles que iriam ocupar a Petrosal, que é a empresa que vai administrar o conjunto do processo mesmo não tendo nenhum capital.
Houve um cartel?
Claramente. Inclusive para que entrassem estrangeiros, como a Total e a Shell. O que aconteceu ali foi que foram anunciados os nomes dos diretores da Petrosal. Para convencer os investidores estrangeiros que seriam pessoas de confiança deles.
A mudança do processo de concessão para o processo de partilha foi desnecessária. Foi feita no bojo da campanha de 2010, para dar uma ideia de que haveria uma política mais nacionalista. Tanto a concessão quanto a partilha são métodos ideologicamente parecidos. Na verdade, deram nó em pingo d'água. Nesse aspecto, o Aécio tem razão.
Há no Senado um projeto propondo autonomia completa para o Banco Central. Qual é a sua posição?
Sou contra. O Banco Central já tem, na prática, autonomia operacional. Se você torna o presidente do BC imune, passa a ser um outro poder. Se ele tiver um mau desempenho, o processo de retirar é muito complexo. Vai desestabilizar a economia. O Fernando Henrique não pensa diferente. Tenho a impressão que o Aécio [Neves] também não pensa diferente, nem o Aloysio Nunes [Ferreira].
O ex-presidente Lula fez críticas a Marina Silva por ela ter reconhecido o papel do ex-presidente Fernando Henrique na estabilização da economia do país. É tática eleitoral?
Sem dúvida, sem dúvida.
Lula e o PT têm sido exitosos com essa tática em várias eleições. Por que eles conseguem que essa ideia prevaleça?
Porque são bons nesse ramo. No ramo de marketing o PT é bom e o PSDB não é bom. Outras forças de oposição também não são. É uma questão de saber deslocar o eixo das discussões para onde eles querem deslocar.
Mas é só marketing?
Você quer um exemplo? Fome Zero. Fome Zero nunca existiu. Se você fizer uma pesquisa hoje e for avaliar o Fome Zero, a avaliação é positiva. Ou seja, tem um clima que favorece isso. Agora, em grande medida é marketing. Lembro que nos primeiros anos de administração do Lula, ele se dedicou na política econômica a acalmar o sistema financeiro. Aliás, o sistema financeiro nunca ganhou tanto dinheiro na história quanto na administração petista. Isso diz o Lula, diz todo mundo. Evidentemente não é isso que eles ostentam durante uma campanha eleitoral.
Mas o sr. disse "eles são bons de marketing, tiveram êxito..."
E a oposição não é. E eu me incluo nisso.
O sr. está traçando um futuro plúmbeo para a oposição...
A oposição tem que aprender. A oposição tem que ter um programa correto. Tem que saber apresentar, tem que saber sair das esparrelas. E, por outro lado, eu acredito que esse modelo publicitário está se esgotando.
Será?
O que aconteceu nas ruas [em junho] tem algum lado de insatisfação com esse "publicitarismo". Grandes anúncios que não dão em nada. Se você for ver hoje a aprovação do governo Dilma vis-à-vis o grau de exibição que ela tem na mídia livre e na mídia oficial, há uma diferença grande entre a intensidade e o resultado que na prática se obtém.
O sr. vai disputar a indicação para ser o candidato a presidente pelo PSDB?
O PSDB, por acordo, ficou de decidir isso mais adiante. Em março, a partir de março do ano que vem. Tenho seguido um pouco essa decisão. Aí nós vamos ver qual é a situação.
O que eu vou fazer sempre é: me alinhar na perspectiva de fortalecer a oposição para que possa ser uma alternativa de poder no Brasil. O que eu fizer vai estar subordinado a esse critério. E fá-lo-ei, digamos, dentro do PSDB.
O sr. quase saiu do PSDB?
Era uma hipótese. Mas concluí minha análise achando que eu posso contribuir mais dentro do PSDB.
Há um acordo no PSDB sobre como definir o candidato a presidente. Quais serão os critérios?
As circunstâncias. As outras candidaturas. Hoje, nenhum partido definiu de fato. O que aconteceu com [a aliança entre] Marina Silva e Eduardo Campos era inteiramente imprevisível. O imprevisível tem um papel importante.
Em março, o desempenho em pesquisas será relevante?
Sempre é. Embora tenha que se fazer ponderações. Por exemplo, é normal que, tanto o nome da Marina quanto o meu tenha um nível mais alto que os outros, porque disputamos eleição presidencial.
Em princípio isso não é um fator decisivo. Os outros candidatos podem crescer.
Como deve ser o processo de decisão?
Terá que haver conversas entre dirigentes. Auscultar o partido. O processo não é muito definido. Formalmente, a convenção é em junho. Pela lei, é em junho.
Mas e em março?
Em março, a partir de março, se se achar que não tenha condições de maturidade para se tomar uma decisão... Veja, a ideia de março, inclusive, veio do Aécio. É uma ideia que foi colocada e me pareceu razoável. Em março a gente para e olha.
É possível uma chapa presidencial do PSDB composta com Aécio Neves e José Serra?
Nós não temos candidato ainda. Imagine escolher vice, a esta altura. Sobretudo, decidir que vice é do PSDB, é chapa pura, sem ter o quadro dos aliados já definido. Parece muito prematuro.
Prematuro e improvável ou só prematuro?
Hoje, parece pouco provável uma vez que você tem que ter os aliados definidos. Mas já tendo o esquema montado é uma questão que pode ser analisada. Mas é bem posterior. Primeiro, você tem que ter um candidato definido, depois um quadro de alianças definido. Enfim, falta coisa pela frente.
Se Aécio Neves for o candidato a presidente, o PSDB e o sr. estarão unidos em torno dele?
É a minha grande aspiração, que o PSDB esteja unido. Com quem for o candidato. E eu trabalharei para isso, não tenha dúvida.
O sr. fará campanha, de maneira incessante, a favor de Aécio Neves?
Farei, farei. Trabalharei para que a haja unidade, primeiro. E segundo, havendo unidade, para que a unidade se projete na campanha, sem dúvida nenhuma.
O sr. acha que Aécio Neves fez campanha para o sr. com a intensidade que deveria ter feito em 2010?
Ele fez campanha me apoiando e segundo a estratégia que eles adotaram em Minas Gerais, inclusive no segundo turno.
Qual estratégia?
De ganhar eleição no governo estadual. Isso sempre é um fator que se impõe. Para deixar bem claro: eu não perdi a eleição porque podia ter tido mais votos em Minas. A derrota em 2010 foi porque tudo crescia 10% -a massa de salários, o crédito ao consumo. Foi um período de euforia, com o governo Lula lá nas nuvens de avaliação.
Qual dos dois, Aécio Neves ou José Serra, estaria mais à esquerda hoje?
[Risos] Engraçada a pergunta. Acho que categoria esquerda-direita já é meio batida.
O sr. está à esquerda ou à direita de Aécio?
À direita, não estou.
À esquerda?
Depende do ângulo que se olhe. Tenho uma biografia de militância de esquerda longa. São histórias diferentes, difíceis de comparar. Não dá para comparar banana com laranja, digamos. São formações diferentes, perfis diferentes, personalidades diferentes. É muito difícil. Acho que ambos somos, para usar um termo genérico, progressistas.
Se a eleição afunilar entre Dilma Rousseff e Aécio Neves, alguns tucanos dizem: "Serra ficará com Dilma"...
[risos] É brincadeira, né? É tão provável quanto esse seu iPad sair voando, batendo asas aqui no estúdio.
Não tem chance?
Não.
Se não for candidato a presidente, o que pretende fazer? Disputar uma vaga ao Senado é uma possibilidade?
Tem diversas possibilidades. Não me detive a analisar nenhuma. É um problema metodológico: se não vou resolver, não fico dando volta na cabeça com isso.
Há possibilidade de não haver nenhum representante de São Paulo com chance de ser presidente da República...
Desde 1950, a última vez que São Paulo não teve um candidato a presidente.
É motivo de desalento para São Paulo?
Não creio. Primeiro não sabemos o que vai acontecer de fato. Segundo, São Paulo não é um Estado que tenha um espírito muito regionalista. Não há 'pátria paulista'.
O ex-presidente Lula ainda pode vir a ser candidato a presidente, em 2014?
Parece-me que sim. Quando você pega avaliações de governo, em geral não dá uma diferença grande entre a taxa de aprovação e desaprovação [para o governo Dilma]. E acima de tudo, qualquer pesquisa, de qualquer instituto, mostra também "desejo de mudança".
Em 2010, eu estava muito à frente das pesquisas. No entanto, as próprias pesquisas diziam que o pessoal não queria mudar muito. Aquele era um indicador de que a disputa ia ser acirrada.
Agora, o indicador de que a disputa vai ser acirrada é o fato de que o pessoal quer mudança.
Por que Lula poderia substituir Dilma?
Acho que o PT não quer perder o poder de jeito nenhum. Nenhum partido quer. Mas para o PT é muito especial. Sabe por quê? Porque eles se misturaram com o poder. O PT se apossou do governo e deixou uma parte para os aliados. Toda a máquina hoje está confundida com o governo. Para eles é uma questão de sobrevivência. Eles vão fazer tudo para ganhar. Se os dados apontarem que Dilma eventualmente não seria capaz de ganhar no primeiro turno, acho que o PT não vai correr o risco. Um segundo turno para ela é arriscadíssimo.
Mas o PT ganhou outras eleições no segundo turno...
Era diferente. O quadro nacional era outro. O desejo de mudança era praticamente nenhum, pequeno. O quadro da economia era eufórico. Não acho que a economia vá afundar no ano que vem. Vai continuar esse desempenho medíocre. O quadro é outro, e o desejo de mudança é grande.
Quem é mais competitivo: Eduardo Campos ou Marina Silva?
Hoje, seria a Marina, do ponto de vista da análise política, se você for pegar a pesquisa.
Ela poderia ter para Eduardo Campos o mesmo papel que teve Lula para Dilma?
São características muito diferentes. A Marina é uma pregadora introvertida. O Lula é um pregador extrovertido. Francamente, não creio que se coloque aí um paralelo.
O sr. tem uma taxa de rejeição alta. Perdeu a eleição para prefeito em São Paulo. Esses elementos o impedem de ser o escolhido do PSDB?
A questão de rejeição eu acho normal. Disputei uma eleição nacional. Sofri muitos ataques de toda a máquina petista. Quem é preferencialmente eleitor do PT me conhece e diz: 'O Serra, não. Ele é opositor nosso'. É uma coisa mais consistente. Não creio que essa coisa de rejeição seja algo assim tão forte e absoluto. É previsível. Da mesma maneira que tenho mais preferência que os outros também tenho mais rejeição, pelo fato de ser mais conhecido e ter tido embates duríssimos nessa.
O sr. considera então que taxa de rejeição é algo reversível durante uma campanha?
Em tese sim, seria.
Houve recentemente um caso rumoroso sobre o metrô de São Paulo. Um e-mail da empresa Siemens, indica que o sr. teria sugerido um acordo em uma licitação da CPTM para evitar disputa judiciais que atrasariam a entrega dos trens. O sr. acha correto um governador interferir em uma licitação para abaixar os preços ou acelerar o prazo?
Não. Aí o que houve foi outra coisa. Eu atuei contra o cartel porque ganhou uma empresa com um preço mais baixo e as que ganharam com um preço mais alto queriam derrubar a primeira empresa que ganhou com preço baixo. Eu disse: 'Se derrubarem, se forem para Justiça e derrubarem, eu refaço a concorrência. Eu não vou dar para o segundo colocado'. Foi uma posição anticartel.
Mas isso não poderia ser interpretado como advocacia administrativa, porque o seu interesse, como governador, estaria acima da comissão de licitação?
Não. Estava defendendo os preços mais baixos. Tem um cartel que quer forçar aumentar preços? Faço a concorrência de novo. Nada demais. Você tem uma concorrência, alguém ganha com preço baixo. Os que tiveram preço mais alto querem derrubar aqueles que ganharam com preço baixo. Não tenho como impedir que vão à Justiça. Se ganharem e derrubarem o primeiro [colocado], não darei para o preço mais alto. Farei nova licitação, com os preços baixos antes aprovados. Ou seja, estou defendendo os cofres públicos e enfrentando o cartel, não o contrário.
O presidente da CPTM no seu governo, Sérgio Avelleda, é réu numa ação sobre uma acusação de ter restringido a competição em um contrato para manutenção das linhas. Segundo o edital, 73 empresas teriam feito consultas à CPTM sobre a licitação. No final, só 3 delas acabaram participando. Nesse caso, não houve um estímulo ao cartel?
Não acompanhei todas as licitações havidas em meu governo. Foram centenas, milhares. O que posso dizer é que o Sérgio Avelleda tem a imagem de homem correto e de um bom administrador. Foi posto na CPTM. Foi um bom presidente. Sobre esse caso, ele pode perfeitamente explicar. Eu particularmente não conheço isso.
João Roberto Zaniboni é um ex-diretor da CPTM acusado de receber propina de R$ 1,8 milhão da Alston. Era uma pessoa que o sr. conhecia na administração?
Não. Acho que ele trabalhou no período [Mário] Covas, se não me engano. Nunca ouvi falar. Nem trabalhou no meu governo, pelo que soube.
Outro tema: manifestações violentas de rua. Os governos, com suas forças de segurança, têm sido demasiadamente lenientes com esses manifestantes violentos?
Não dá para escolher entre um e outro. Tem sido um processo de aprendizado.
Fui líder estudantil de um tempo muito agitado no Brasil. Era presidente da UNE numa época que se lutava bastante. Nunca vi nada parecido, nem do nosso lado nem do lado da direita, com marcha da família etc. Nunca vi nada tão volumoso e generalizado no Brasil.
Foi uma coisa nova, não tinha acontecido antes. Ontem, estava com os meus netos. Às 8h, eu ia embora. Tinha um compromisso e falei: 'Vou embora'. A minha neta, que tem 6 anos, virou para mim e falou: 'Você vai numa manifestação?'. Você veja, que coisa nova. Meu neto mais novo, de 4 anos, diz "eu já vi uma manifestação". Ou seja, é algo até que já entrou no vocabulário das criancinhas. É um fenômeno diferente.
Mas elas estão aí já há quase 4 meses...
E pegou de surpresa. Acho que pouco a pouco tem que se desenvolver um esquema que reprima a desordem, que é diferente de manifestação. Quebra-quebra, quebra de patrimônio público...
Entendo que seja uma coisa nova. Mas são cerca de 4 meses já. São Estados importantes: Rio de Janeiro e São Paulo. Já não houve tempo suficiente para que seja desenvolvida uma tecnologia para proteger quem quer se manifestar de maneira pacífica e reprimir aqueles que não querem?
Não é uma tecnologia simples. Você lida com gente, com pessoas. Você sabe que a chance de pegar, entre aspas, inocentes, no lugar de desordeiros, é muito grande. Acredito que pouco a pouco a polícia já está fazendo isso e vai fazer.
Tem algo que deveria ter feito e não fez?
Sabe o que tem que fazer? Ir identificando quem são. Porque você tem fotos, filmes etc.
Você deve ter grupo de extrema-direita, grupo de extrema-esquerda, você tem de tudo aí no meio. Acho que isso demanda uma tecnologia mais refinada.
Não tem como fazer mais rápido?
De fora, pode parecer lento, mas de dentro talvez seja muito difícil fazer mais depressa.
A seguir, os vídeos da entrevista (rodam em smartphones e tablets):

José Serra no Poder e Política

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Sergio Lima/Folhapress
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José Serra durante entrevista ao Poder e Política no estúdio do Grupo Folha em Brasília
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