CONTRATANDO EX-PRESIDIÁRIOS
Empresas enfrentam o dilema de ignorar ou não os antecedentes criminais na hora de contratar
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Em 2001 Devah Pagaer, então um doutorando de sociologia na Universidade de Wisconsin, Madison, reuniu um grupo de universitários de 23anos para se inscreverem em processos seletivos de empregos anunciados on-line em um jornal de Milwaukee. Alguns dos estudantes eram negros; outros brancos. A alguns foi atribuído um histórico criminal (falso); a outros não. Ao todo eles entraram em contato com 350 empregadores.
O estudo de Pager constatou duas coisas. Primeiro, os empregadores relutavam em contratar candidatos com antecedentes criminais. Até aí nenhuma surpresa. Segundo, a negritude agravava os efeitos negativos dosantecedentes criminais. Os candidatos brancos sem antecedentes tinham duas vezes mais chances de serem chamados novamente que aqueles com apenas um antecedente (de 34% para 17%). Para candidatos negros esse intervalo quase triplicava (de 14% para 5%). O estudo de Pager foi replicado em Nova York eobteve resultados semelhantes.
A Comissão da Oportunidade de Emprego Igualitária, uma agência federal, tem lutado contra esse viés com vigor renovado desde que Barack Obama se tornou presidente. Em 11 de junho a comissão protocolou uma denúncia contra duas empresas: a BMW e a Dollar General, uma cadeia de lojas de produtos de baixo custo. Alega-se que elas usam a checagem de antecedentes criminais de modo a provocar um “impacto desproporcional” sobre candidatos negros.
Os empregadores enfrentam um dilema. Eles não podem simplesmente ignorar os registros criminais de um candidato. Leis estaduais e federais proíbem alguns criminosos condenados de exercer certas profissões, como segurança de aeroporto ou empregos relacionados aos cuidados de crianças e idosos. E as empresas correm o risco de serem processadas caso contratem um ex-presidiário que venha a causar danos ou roubar de um cliente. No entanto, já que americanos negros e hispânicos têm muito mais chances de terem sido condenados por um crime que brancos ou asiáticos, uma empresa que exclua ex-presidiários do processo seletivo corre o risco de ser acusada de racismo.
Texto da revista Economist editado para o Opinião e Notícia
Tradução: Eduardo Sá
Tradução: Eduardo Sá
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