São Paulo, 19 de julho de 2013
O aumento de tensões e radicalizações durante a visita do Papa Francisco ao Brasil parece café pequeno perto da bomba econômica que ainda não estourou no Brasil. O Governo já não sabe o que fazer com a bilionária queda de arrecadação dos escorchantes tributos. O quadro confuso e caótico deve piorar porque os juros subiram, a indústria e o comércio operam em letargia, sem fechar novos negócios, e, não demora, vai afetar o cada vez mais endividado povão – que se parece com o governo na hora em que não consegue honrar o pagamento de suas contas.
O previsível aumento do custo de vida, daqui a um ou dois meses, por conta dos contratos comerciais fechados com o dólar alto (acima de R$ 2,25). A também quase certa necessidade de reajustar o preço dos combustíveis, no máximo até outubro, com impactos inflacionários diretos. E o alto custo da farinha, devido à escassez do insumo importado da Argentina, que encarece a produção de comida, sobrando para o bolso do cada vez mais descontente cidadão-consumidor-eleitor-contribuinte.
Essa é apenas a listinha mais evidente de preocupações da desgastada Presidenta Dilma Rousseff da Silva. Visivelmente atropelada pela radicalização das massas e pela conjuntura econômica internacional desfavorável, que já dá sinais de uma evidente recessão e adiamento da maioria dos novos negócios, Dilma só consegue emitir um discurso esquizofrênico (que não confere com a realidade dos fatos). Constatando que sua reeleição corre o mais alto risco nunca antes visto na história deste Brasil, a Presidenta, tardiamente, acena para aquilo que nunca soube fazer: negociar politicamente com a base amestrada e com o próprio PT (onde a maioria dos cardeais nunca a engoliu como ex-brizolista).
A turma da Dilma deixa agora vazar, discretamente, a informação de que “a Presidenta fará uma reforma ministerial, cortando uns seis a sete ministérios”, dos excessivos 40 atuais. A tarefa até deve ser fácil, já que Dilma sequer teve um dia de despacho particular com a maioria de seus ministros – o que é um dos mais relevantes motivos de queixas e um questionamento direto da fama de “grande gerentona” que a marketagem sempre atribuiu a ela. Tudo que Dilma fizer agora vai denotar sua fraqueza política, já que parecerá ter sido o resultado da pressão dos protestos populares. Desde que assumiu, sem liberdade para agir e nomear a maioria dos assessores diretos, Dilma é uma refém da parceria entre a petralhagem e a peemedebice – safadezas com as quais os 10 anos de desgoverno sempre foram coniventes.
Situação tão ou mais dramática que a da Dilma é a do seu criador Luiz Inácio Lula da Silva. A exemplo de sua criatura, Lula não pode mais andar na rua ou participar de qualquer manifestação pública aberta, sem o alto risco de tomar muitas vaias. As pesquisas mais diversas comprovam uma queda acentuada no seu mítico índice de popularidade e apontam, mais grave ainda, um aumento consolidado da impopularidade e rejeição que seu (antes santificado) nome provoca. Com problemas de saúde que tenta esconder, Lula não pode mais ajudar Dilma, e nem tem condições mais de ajudar a si mesmo.
O ocaso de Lula coincide com o mais alto desgaste da imagem da classe política tupiniquim. Vide o que acontece com o Sérgio Cabral Filho. O Governador do Rio de Janeiro, aliadíssimo da dupla Lula-Dilma, que esteve até cotado para ser vice da Presidenta na reeleição de 2014, agora não tem mais condições de aparecer em público, sem ser alvo de alguma manifestação violenta. Nas redes sociais, a imagem de Cabral é desgastada com a constatação da incompetência de seu governo junto com muitas denúncias de corrupção. Quem já não recebeu um e-mail com o bombástico arquivo “O Mundo Mágico de Mangaratiba” – um dossiê que transformaria Cabral e seus parceiros, facilmente, em réus de várias ações judiciais?
O fenômeno do “desgaste político” é altamente perigoso, porque acaba afetando a atividade política – fator essencial para a construção de uma democracia (segurança do direito e exercício da razão pública) que nunca tivemos na História mal contada do Brasil. Novas manifestações de rua devem ocorrer até o final dos atuais mandatos da Presidenta, Governadores, deputados e senadores (que agora se unem para impor, goela abaixo do povo, uma reforma política de araque, a ser respaldada por um referendo manipulável pelas urnas eletronicamente inconfiáveis).
O mundo passa por uma grande transformação, reestruturação ou nova maquiagem dos personagens no jogo de poder político-econômico. O Brasil acompanha tal fenômeno se comportando como uma menina pobre e indefesa da periferia diante do violento estuprador globalitário. Nesta nova fase da crise, todas as fragilidades do País ficam expostas como consequência direta da histórica falta de investimento em infraestrutura, educação, ciência & tecnologia – por falta de real espírito empreendedor desenvolvimentista.
Por tudo isso, o que está ruim corre o risco de ficar ainda pior.
Reaparição?
Por que Lula está precisando se esconder tanto como nunca antes na história desse País?
Recesso Espirituoso
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