Estudo britânico mostrou que o uso do THC — principal componente da cannabis — não trouxe benefício algum no controle da evolução da doença
Alguns estudos sugeriam o uso da cânabis no tratamento da esclerose múltipla (Thinkstock)
Um estudo realizado na Universidade de Plymouth, no Reino Unido, aponta que a maconha não é eficaz no tratamento da esclerose múltipla. De acordo a pesquisa publicada no periódico The Lancet Neurology, o tetrahidrocarbinol (THC), principal componente da erva, não reduz a velocidade da progressão da doença. A conclusão é mais uma evidência em um debate que divide cientistas sobre o possível uso da cannabis no tratamento da esclerose múltipla.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Effect of dronabinol on progression in progressive multiple sclerosis (CUPID): a randomised, placebo-controlled trial
Onde foi divulgada: periódico The Lancet Neurology
Quem fez: John Zajicek, Susan Ball, David Wright, Jane Vickery, Andrew Nunn, David Miller, Mayam Gomez Cano, David McManus, Sharukh Mallik, Jeremy Hobart
Instituição: Universidade de Plymouth, Reino Unido
Dados de amostragem: 500 pessoas com esclerose múltipla
Resultado: Não foi encontrada evidência de que o THC, substância presente na maconha, tenha evitado a progressão da esclerose múltipla.
O levantamento da equipe britânica demorou oito anos para ser realizado, e teve a participação de cerca de 500 pessoas com esclerose múltipla, uma doença autoimune que prejudica o funcionamento dos neurônios. Por três anos, os voluntários foram divididos em dois grupos: um deles recebia cápsulas contendo THC; o outro não ingeriu a substância. Durante todo o período, os responsáveis pelo trabalho acompanharam a evolução da enfermidade em ambos os grupos.
Ao final, não foram encontradas evidências de que as cápsulas com THC tivessem exercido qualquer impacto na progressão do distúrbio. Segundo eles, algum benefício pode, de fato, ter ocorrido em um pequeno grupo de indivíduos. Mas são necessárias análises mais profundas para entender as reais razões para que isso tenha acontecido.
“Os tratamentos para esclerose múltipla são limitados, focando no sistema imunológico no estado inicial da doença ou focando em aliviar sintomas específicos, como os espasmos musculares, a fadiga ou problemas na vesícula. No momento, não existe um tratamento disponível para reduzir a velocidade da evolução da esclerose múltipla depois que ela se torna progressiva”, diz John Zajicek, integrante da equipe que realizou o estudo.
“Alguns experimentos de laboratório sugeriram que certos derivados de cannabis podem ser neuroprotetores, mas, no geral, nossa pesquisa não tem mostrado resultados favoráveis a esses experimentos.”
Esse não é o primeiro artigo publicado em uma importante revista científica questionando o uso da maconha para a esclerose múltipla. No final de 2012, um estudo publicado no britânico Drug And Therapeutics Bulletin, do grupo British Medical Journal (BMJ), já havia colocado em xeque a eficácia da substância.
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