sexta-feira, 26 de julho de 2013

BNDES tem R$ 1,2 bi a receber de Eike Batista em 2013




Outros R$ 683 milhões vencem em 2014, de acordo com jornal. A conta inclui apenas o valor principal da dívida

Eike Batista, CEO do Grupo EBX, durante cerimônia em comemoração do início da produção de petróleo da OGX, de Batista e gás da empresa, no Complexo Industrial do Superporto do Açu, em São João da Barra, no Rio de Janeiro
BNDES afirma que não oferece condições especiais para empresas do Eike Batista (Ricardo Moraes/Reuters)
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem a receber pelo menos 1,17 bilhão de reais de empresas ligadas ao empresário Eike Batista até o fim do ano. Outros 683 milhões de reais vencem em 2014. Os valores foram calculados com base nos contratos firmados entre 2009 e 2012 na gestão do atual presidente do banco, Luciano Coutinho, aos quais o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso. Os documentos foram enviados ao Congresso Nacional pela própria instituição. 
A conta inclui apenas o valor principal da dívida e não considera juros e eventuais taxas a serem cobradas das companhias. No início da semana passada saiu a notícia de que as empresas ligadas ao empresário foram beneficiadas pelo banco com postergação de prazos, mudanças nos cálculos de conta de reserva e adiamento da data para o cumprimento de exigências técnicas. Na ocasião, o BNDES justificou que as condições ofertadas aos negócios de Eike Batista não foram excepcionais, já que os mesmos benefícios foram ofertados a outros grupos.
A informação sobre as pesadas obrigações de empresas do grupo EBX com o banco público chegam num momento em que a capacidade de pagamento do grupo está sendo posta em xeque pelo mercado, que questiona a saúde de algumas companhias, em especial a petrolífera OGX. Além da forte queda em suas ações, a petrolífera viu títulos da dívida negociados a 20% do valor de face no início do mês, mostrando que os investidores veem um alto risco de calote da OGX.
Empréstimos - Os financiamentos concedidos pelo BNDES ao grupo ultrapassam os 10 bilhões de reais. De acordo com os contratos, 918 milhões de reais deveriam ter sido quitados até junho deste ano e um total de 1,856 bilhão de reais vence até o fim de 2014. O restante da dívida deve começar a ser paga a partir de 2015 e há contrato prevendo a quitação total apenas em 2034. Dos 15 empréstimos, em apenas um não há previsão de pagamentos ou amortizações até o fim do próximo ano, enquanto outro deveria ter sido quitado em março passado.
A alta concentração de pagamentos no segundo semestre decorre da previsão de quitação de dois contratos: um financiamento de 400 milhões de reais para a OSX Construção Naval deve ser pago no mês que vem e outro de 518,5 milhões de reais para a LLX Açu Operações Portuárias vence em setembro.
A OSX informou apenas que seu novo plano de negócios prevê escalonamento na implantação do estaleiro no Rio de Janeiro e que “sua gestão financeira inclui o equacionamento de dívidas de curto prazo, cujo cronograma de vencimentos vem sendo quitado ou reescalonado”. Não foi respondida de forma objetiva a pergunta sobre eventuais alongamentos de dívida concedidos pelo BNDES. A LLX não quis comentar.
Amortizações - Em outros três contratos há a previsão de amortizações, pagamento períodico da dívida, a partir deste mês. São os acordos firmados pelo banco com a MPX Pecém II Geração de Energia, UTE Parnaíba e UTE Porto do Itaqui, duas empresas que têm a MPX como principal sócia.
O contrato da MPX Pecém II prevê quitação de parcelas mensais de 3,8 milhões de reais a partir deste mês, enquanto o da UTE Parnaíba prevê pagamentos mensais de 4 milhões de reais. No caso da UTE Porto do Itaqui, o pagamento é por meio de parcelas anuais de 17,2 milhões de reais. A previsão inicial era de que as amortizações ocorressem a partir de 2012, mas um aditivo prorrogou o início do pagamento para julho de 2013. A MPX não quis comentar.
Outros seis empréstimos preveem pagamentos e amortizações desde o ano passado, enquanto outro previa a quitação em março deste ano. Nenhum aditivo consta dos documentos enviados ao Congresso em maio. Conforme esses contratos, o grupo de Eike já deveria ter pago ao BNDES até o mês passado 918 milhões de reais.
Em dois financiamentos, as empresas do grupo devem fazer pagamentos a partir de 2014, ambos da MMX Porto Sudeste, nos valores de 450 milhões e 484,4 milhões de reais. A empresa deverá pagar no próximo ano 95,2 milhões de reais.
A MMX foi a única do grupo a falar sobre os pagamentos e informou que faz amortizações desde 2012, uma vez que a empresa abarcou as operações da LLX Sudeste, cujos contratos com BNDES totalizam 1,2 bilhão de reais. Não foram informados, porém, os valores quitados.
(com Estadão Conteúdo)

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