terça-feira, 2 de julho de 2013

O que os árabes pensam sobre o Oriente Médio?

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Maioria dos participantes que responderam às perguntas desejam a democracia e um sistema pluralista (Reprodução/Reuters)
A OPINIÃO PÚBLICA ÁRABE


Pesquisa de opinião feita com 20.000 pessoas em 14 países árabes oferece um vislumbre da opinião árabe sobre o Oriente Médio

fonte | A A A
Os últimos dois anos e meio foram dos mais interessantes da história do Oriente Médio contemporâneo. Revoluções populares derrubaram ditadores na Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen, e provocaram uma guerra civil na Síria. Elas também abriram as portas para um retorno do islamismo, atiçaram a retórica sectária, conflitos civis sobre a natureza do estado e uma guerra regional – e global por tabela – à medida que potências rivais apoiaram lados opostos na Síria. Então, o que as pessoas da região pensam dessa época turbulenta?
Uma pesquisa de opinião recente com 20.000 pessoas em 14 países árabes conduzida pelo Centro Árabe de Pesquisas e Políticas Públicas, um centro de estudos baseado em Doha, oferece alguns insights. Embora as más notícias chamem mais atenção no Ocidente, desenvolvimentos positivos também são perceptíveis, tal como um aumento da liberdade de expressão. Dentre aqueles entrevistados, 61% encaram a Primavera Árabe como positiva, enquanto 22% a tomam por algo negativo. Embora os rebeldes sírios estejam perdendo apoio à medida que a guerra se torna mais sanguinária e os jihadistas mais numerosos, poucos acham que o presidente Bashar Assad seja a solução – 66% acreditam que seu regime deveria ser derrubado. Apenas 3% acham que os rebeldes sírios deveriam ser aniquilados. Infelizmente, para aqueles que estavam contando com um acordo de paz negociado, apenas 10% dos árabes acham que este é o melhor meio de resolver a situação.
A maioria dos participantes, que responderam às perguntas entre julho de 2012 e março deste ano, desejam a democracia e um sistema pluralista em que todos os partidos, religiosos ou não, possam competir. Eles também querem que a influência de autoridades religiosas sobre o poder público seja reduzida. Mas os respondentes se dividiram sobre a questão da separação entre religião e política – a maioria não vê problema na participação de partidos religiosos em eleições. A metade afirma que não está preocupada com a crescente influência dos muçulmanos, enquanto que pouco mais de um terço expressou alguma preocupação, incluindo os 15% daqueles que se consideram extremamente preocupados; visões evidentes no Egito, onde protestos contra a Irmandade Muçulmana, que está no poder, estão planejados para 30 de junho.
Embora cada país esteja tendo uma experiência própria, a maioria dos respondentes se identifica com uma identidade pan-árabe. Quase 80% acha que os árabes compõem uma nação única; 75% é a favor de uma maior integração entre os países. A grande maioria é contra o reconhecimento oficial de Israel, e 36% acredita que o país é a maior ameaça à segurança de seu próprio país. Outros 11% concedem essa honra aos EUA; um ponto percentual a menos do que o grupo que considera o Irã a maior ameaça. No Iêmen, Iraque, Kuwait e Arábia Saudita, os países que competem com a República Islâmica por influência regional, mais de um terço considera que o Irã representa a maior ameaça.
A pesquisa também destrói alguns mitos. O Twitter e o Facebook foram úteis em reunir pessoas e publicar notícias durante as revoluções, mas no mundo árabe a internet continua a ser um fenômeno de elite: 55% das pessoas nunca usaram a rede, e a televisão mantém o seu posto de veículo das massas.

Texto da revista Economist editado para o Opinião e Notícia
Tradução: Eduardo Sá

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