domingo, 20 de janeiro de 2013

'Roubos VIP' marcam o verão em Punta



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SYLVIA COLOMBO
ENVIADA ESPECIAL A PUNTA DEL ESTE
As irmãs Ângela e Cintia Bastos caminhavam calmamente olhando vitrines na célebre Calle 20, de Punta del Este, na manhã do último dia 7, quando ouviram o ruído de vidros sendo quebrados.
"Não sabíamos se corríamos para ver o que era ou se voltávamos para o hotel", disse Cintia.
Enquanto as turistas pernambucanas se entreolhavam, uma dupla de assaltantes encapuzados montava numa Honda 400 cilindradas roubada e saía à toda da joalheria Brela, levando quatro relógios Rolex.
O assalto à joalheria foi o quinto dos chamados "roubos VIP", que vêm marcando o verão no exclusivo balneário uruguaio a 130 quilômetros de Montevidéu.
As vítimas mais famosas até agora foram Lapo Edovard Elkann, 35, herdeiro do império Fiat, e sua namorada, a modelo cazaque Gaukhar Ashkenazy, 32.
De férias numa casa alugada na região da Barra, o casal teve roubadas joias no valor de € 3,5 milhões, mais € 25 mil em "cash". Os outros roubos que ganharam as manchetes foram de milionários argentinos e americanos.
O empresário petroleiro Alejandro Bulgheroni e a mulher tiveram furtados dois relógios Rolex e US$ 15 mil em dinheiro, em Manantiales. Uma família nova-iorquina teve US$ 40 mil levados de uma casa alugada na Barra.
A série de furtos milionários é o assunto da cidade. Jornais e rádios dedicam bastante espaço para as especulações sobre as estratégias dos delinquentes, enquanto a polícia aparece a todo momento para dar informes sobre as investigações.
O clima é de filme policial. Até agora, ninguém foi preso, mas um automóvel Peugeot abandonado foi encontrado com uma lista que incluía os assaltados e mais um grupo de potenciais vítimas.
Entre os turistas que lotam a cidade, os brasileiros são um grupo importante.
"Punta sempre foi um destino argentino por excelência. Com as dificuldades para comprar dólares, os argentinos estão sendo substituídos pelos brasileiros", diz Martin Laventure, prefeito de Punta del Este.
Segundo dados da Intendência de Turismo de Maldonado, neste ano vieram a Punta del Este 7,4% menos argentinos e 5% mais brasileiros, em relação a 2011.
Nas ruas da península, o português é quase mais escutado do que o espanhol. "Adoro vir para cá, tem um glamour que as praias brasileiras não têm", diz a paranaense Alice Cardoso.
"O brasileiro busca em Punta o que não há nas praias brasileiras: essa ideia de balneário chique. Vem aqui para expor roupas e joias caras na praia", diz Laventure.
As joias respondem pelos altos valores dos assaltos ocorridos na cidade. "As pessoas as trazem em quantidade porque na noite de Punta o negócio é luzir com elas", diz o radialista Alexis Cadimar, locutor da FM Gente.
Os turistas estrangeiros ficam em casas alugadas na costa ou em hotéis. As residências, em geral, não têm nenhum tipo de grade ou cerca. São rodeadas por árvores.
"Até outro dia era um local muito seguro, por isso não há muita proteção. E os jardins camuflam a fuga", disse o chefe da polícia local, Victor Iraola. Ele acrescenta, porém, que os brasileiros não têm sido os mais visados na hora dos roubos. "Os brasileiros não são muito conhecidos dos locais e ficam mais hospedados em hotéis."

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