Cláudio Mafra
O Exército e o PT; Tópicos
Cerimônia
no Palácio do Planalto. Todos estão aplaudindo, menos os militares. O
comandante do Exército, com fisionomia severa, mantem as mãos entre as
pernas em clara manifestação de desagrado Os outros mostram impotência e
conformismo em seus rostos. O ladrão Zé Genóino não tem coragem de
sentar-se ao lado do comandante da Marinha.
Por
que nossos jornais não dizem uma palavra, coisa alguma, sobre o que
pensam os militares brasileiros a respeito do governo ? Por que insistem
em desconhecer a importância da matéria? Escrevem metendo o pau no PT,
escrevem sobre o Judiciário, sobre o Congresso desmoralizado, sobre os
novos escândalos, e haja papel para notícias sobre os personagens mais
chatos e desclassificados de nossa vida pública. Quanto aos milicos,
eles estão bem enquadrados em seus deveres constitucionais, é o máximo
que podemos saber.
Eu,
por exemplo, gostaría muitíssimo de ser informado de que maneira os
militares DA ATIVA estão digerindo o PT, que óbviamente os odeia e
segue tentando reavivar o processo de desmoralização a que estavam
submetidos desde quando o golpe de 64 deixou de ter o apoio da
população. Para este objetivo serve maravilhosamente a Comissão da
Verdade.
A
resposta para o mutismo de nossos jornalistas, articulistas e
intelectuais é porque em sua imensa maioria são de esquerda, e por
consequência têm profunda aversão às Forças Armadas. Podem até ser da
esquerda light, tipo Fernando Henrique e Serra , o que não muda
nada: estes também acham excelente que os militares estejam no
ostracismo. Portanto, preferem acreditar que eles não existem - puxa,
até que enfim desapareceram do mapa – MESMO
quando as Forças Armadas são a instituição na qual o povo mais confia
- 72%, seguidos muito abaixo pela Igreja Católica com 58%, conforme
pesquisa da Fundação Getúlio Vargas em 23/02/ 2012. É
espantoso que os números da FGV não tenham sido analisados. Reconhecer
que os militares voltaram a ser populares, eas importantes consequências
do fato, causaria desestruturação psíquica nessa gente. Estamos diante
da Síndrome do golpe militar de 1964 .
Sabemos
que os militares da ativa são proibidos de se manifestar sobre assuntos
políticos. No entanto, se for guardado o anonimato até que é possivel
algum reporter estabelecer contato. Afinal, eles são uma ótima matéria,
já que vivem uma dificílima situação moral: Muito daquilo
que combateram no passado está de volta com o PT. Como se não
bastasse, estão sendo diretamente atacados pelos petistas. É o que se
passa com a Comissão da Verdade e sua ilegalidade moral. Uma esperteza
safada, que contraria de maneira clara a anistia para os dois lados, e
onde os militares estão sendo insultados no que têm de mais caro: o
patriotismo e a honra. O interessante é que o momento em que eles mais
se encolhem é justamente quando se tem certeza de que sua impopularidade
já ficou para trás.
Não
me lembro qual foi a solenidade no Palácio do Planalto onde se pode ver
a foto dos comandantes militares. Estão constrangidos, humilhados, com
um olhar de quem não suporta o espetáculo. Certamente estavam ouvindo
discursos apologéticos da corja petista, eufórica por estar pela
terceira vez seguida no poder. Em sua expressão corporal percebemos que
dariam tudo para estar em outro lugar, qualquer lugar. Sabemos, - embora
não apareça na foto -que estão sentados diante da semi-analfabeta a
quem devem obediência e que, da mesma maneira que todos os
antigos guerrilheiros, sente orgulho por haver tentado levar os
brasileiros para o sofrimento do inferno comunista. Além do
mais, a corrupção é a mais deslavada de todos os tempos, aberta,
escancarada, monstruosa. Desta forma, tudo que aprenderam a respeito da
intervenção dos antigos generais em 1964 fica desmoralizado. Deve ser
duro não corresponder à expectativa na qual foram criados. Impossivel
racionalizar, na tentativa de enganar a si mesmos, porque de madrugada,
em suas camas, devem se sentir muito, muito pequenos.
Tenho
conhecimento da insatisfação, da revolta dos que se encontram na
reserva. Acham que seus comandantes são desfibrados, que engolem todos
os desaforos, que não lutam por melhores salários para a classe, que são
carreiristas, e assim por diante. Muitos deles estão no limite de
pregar abertamente o rompimento da ordem institucional.
Agora
sou obrigado a me repetir: Os militares sempre fizeram intervenções no
processo político brasileiro, e em quase todas elas foram bem
sucedidos. É muito improvável que possa ocorrer novamente, mas nada é
impossivel. O PT, como já foi dito em inúmeros outros artigos do blog,
está dando chance ao azar. Já deveria ter aumentado os soldos, já
deveria ter reequipado as Forças Armadas e já deveria haver colocado na
prática o disposto na Portaria 2014, de 08/07/2011, que muda o
curriculum e os professores nas três Escolas Militares. Em suma, estão
demorando muito para tomar as providências que transformaria nossos
militares em braço armado do Partido.
Por
último, sou obrigado a me repetir mais uma vez. Vamos imaginar o
seguinte cenário: Os militantes petistas resolvem cercar o prédio do
Supremo Tribunal Federal, indignados com o indiciamento de Lula no
episódio do Mensalão, e com a condenação de Zé Dirceu e outros.
Conclamam seus companheiros em todo o Brasil a participarem de
demonstrações contra “a ditadura das elites”. No Congresso, deputados e
senadores dão apoio ao ex-presidente e, através de votação em plenário,
desautorizam o Supremo. O presidente da Câmara não aceita a cassação dos
mandatos dos condenados. Trabalhadores, MST , ONGs, deslocam-se para
Brasilia e a pressão sobre os juízes-ministros aumenta. Governadores e
prefeitos petistas também se pronunciam e colocam seus estados e
municípios ao lado dos manifestantes. A Oposição, confusa, medrosa,
desorganizada, não sabe o que fazer. Os jornais condenam tudo que está
acontecendo, e são veladamente ameaçados de serem empastelados. Os
manifestantes conseguem expulsar os ministros do prédio. A presidente,
que se mantinha distante dos acontecimentos, afirma que o povo julgou e
absolveu os indiciados. Em seguida, apela para que os ministros
retornem, ou terá que nomear outros para que a República continue
funcionando.
Por quê esse cenário, com toda probabilidade, é impossivel ? Porque existe o Exército. Teríamos chegado ao ponto de inflexão, à situação-limite para os militares. O PT sabe muito bem disso e teme
os generais, que ainda são a única barreira que nos separa de um Estado
parecido com a Venezuela, Nicarágua, Bolívia. O que desconhecemos é até
quando vai ser assim.
Os leitores interessados podem clicar em cima dos títulos dos artigos: Já está acontecendo: Portaria 1.874 que vai colocar o PT nas Escolas Militares; A Sindrome do Golpe Militar ; Um leitor comenta meu artigo sobre os militares; Zé Dirceu quer as Forças Armadas petistas e vai conseguir ; A falta de sensibilidade da nossa imprensa na grave questão militar; e muitos outros, bastando escolher ao clicar em Todos os Artigos REFLEXÕES RADICAIS
Cláudio Mafra
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