terça-feira, 10 de julho de 2012

Oposição venezuelana chama Lula de 'mercador' e critica apoio a Chávez


Para oposicionistas, palavras do ex-presidente brasileiro foram 'infelizes', semelhantes às de um 'agente comercial'.

07 de julho de 2012 | 21h 09



A oposição venezuelana fez duras críticas neste sábado ao apoio expressado pelo ex-presidente Lula ao colega Hugo Chávez, às vésperas das eleições presidenciais do país, marcadas para outubro.
Em nota, a coalizão de partidos opositores na Venezuela, a Mesa de Unidade Democrática (MUD) classificou as palavras do ex-presidente brasileiro de "infelizes", comparando-as às de um "mercador".
"O Brasil é um grande país e os brasileiros um grande povo. Não o julgamos (Lula) por essas palavras infelizes que mais que de um estadista, parecem com as de um mercador", assinalou o comunicado.
A crítica fazia alusão às declarações de solidariedade que Lula transmitiu a Chávez na última sexta-feira em um vídeo gravado durante o término do 18º Fórum de São Paulo, realizado na capital da Venezuela, Caracas.
"Chávez, conte comigo, conte com o PT, conta com a solidariedade e apoio de cada militante de esquerda, de cada democrata e de cada latino-americano. Tua vitória será nossa vitória", disse Lula no vídeo.
Edmundo González, membro da comissão internacional da coalização opositora, afirmou à imprensa venezuela que o apoio do ex-presidente brasileiro causou mal-estar entre a oposição do país. Segundo ele, as palavras de Lula parecem ter sido proferidas "de um agente comercial meloso, e não de um ex-governante".
"De verdade, deu pena vê-lo (Lula) prestar-se a esse papel, que revela mais interesse do que amor (à política)", afirmou González.
Crítica
O deputador opositor Juan Carlos Caldera fez coro com González. Ele chamou o apoio de Lula de uma "intromissão" nos assuntos venezuelanos.
Para ele, a atitude do ex-presidente brasileira revela o "desespero" de Chávez.
"O ex-presidente Lula não está no registro eleitoral dos venezuelanos. Ele não vai decidir a eleição presidencial. Quem vai fazê-lo são os venezuelanos e qualquer ato de solidariedade que tenha com Hugo Chávez ficará para a história, uma vez que ele (Lula) terá de se retratar com o perdedor", disse Caldera.
Depois de destacar "o respeito à soberania e aos venezuelanos", Caldera também criticou o apoio dado a Chávez por políticos de esquerda de diferentes países reunidos em Caracas para o 18º Fórum de São Paulo.
"Foi um ato de campanha do Partido Socialista Unido da Venezuela (partido de Chávez) e um compromisso claro do presidente com uma agenda comunista que nós, venezuelanos, vamos rechaçar no dia 7 de outubro", acrescentou Caldera.
Cerca de 19 milhões de venezuelanos devem comparecer às urnas nesta data para eleger o novo presidente do país para um mandato de 2013 a 2019.
Chávez, que está no poder desde 1999 e se recupera de um câncer, lidera entre os sete nomes de seu partido para concorrer à reeleição. O único candidato opositor é Henrique Capriles, de 39 anos, da MUD. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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