Qualquer companhia aberta com sede em um país que tenha um tratado fiscal com a China será automaticamente qualificada para o alívio sobre os dividendos das operações chinesas
15 de julho de 2012 | 14h 23
Agência Estado e Economia&Negócios
SÃO PAULO - As empresas estrangeiras que atuam na China terão os impostos sobre o lucro que obtêm no país reduzidos em até 50% depois que regras sobre impostos retidos na fonte forem flexibilizadas como parte dos esforços do governo chinês para estimular mais investimentos externos, afirma reportagem do jornal britânico Financial Times.
Eugene Hoshiko/AP
PIB do país cresceu 7,6% no 2º trimestre de 2012, abaixo do avanço de 8,1% no primeiro trimestre
Segundo o jornal, as reduções nos impostos retidos na fonte foram introduzidas pela China primeiramente em 2009, mas o processo para solicitar o corte era complicado. Agora qualquer companhia aberta com sede em um país que tenha um tratado fiscal com a China será automaticamente qualificada para o alívio sobre os dividendos das operações chinesas, como anunciado no fim da semana passada pelos governos das províncias de Jiangsu e Tangshan.
Hong Kong, Cingapura e Reino Unido têm tratados sobre impostos com a China, bem como tradicionais paraísos fiscais, como as Ilhas Cayman e Luxemburgo, afirmou a consultoria KPMG ao jornal. Alguns outros países terão reduções de impostos limitadas, enquanto para investidores e empresas dos Estados Unidos as mudanças não farão diferença.
Recuperação econômica
Na semana passada a China informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresceu 7,6% no segundo trimestre deste ano, abaixo do avanço de 8,1% no primeiro trimestre, mas em linha com as expectativas. O primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, alertou que a recuperação econômica do país ainda não é estável e que os obstáculos deverão prosseguir por algum tempo, segundo reportagem da agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
Durante uma viagem de inspeção na província de Sichuan no sábado e no domingo, Wen pediu grande esforço para fortalecer a vitalidade e o dinamismo do crescimento econômico. "A taxa de crescimento da economia ainda está dentro da faixa alvo do governo estabelecida no começo deste ano e políticas de estabilização estão funcionando", observou Wen, de acordo com a Xinhua.
O fato de o governo chinês anunciar um alívio nos tributos cobrados de empresas estrangeiras é um sinal de que Pequim começa a adotar novas medidas de estímulo à economia. A estabilidade da China é tida como a âncora do mercado global. Qualquer indício em direção a uma forte desaceleração do país pode ter impacto no mundo todo.
Um quadro de recessão na China poderia, por exemplo, provocar uma piora na crise da Europa. Espanha e Grécia apresentaram as maiores taxas de desemprego de suas histórias e a Itália tem hoje uma dívida pública que equivale a 123% de seu PIB.
Até a Alemanha, país europeu que menos sente os efeitos da crise e teve a expansão do PIB recentemente revisada para cima, pode sentir os efeitos de uma China mais enfraquecida. "Agora, não existe crise. Mas, se a China sofrer, todos terão problemas", disse aoEstado o diretor do Departamento Internacional da Câmara de Comércio e Indústria da Alemanha, Jurgen Ratzinger. Cinquenta por cento da produção alemã hoje vai para o mercado externo.
Com informações da Dow Jones
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