Simon Atkinson
BBC Dubai
Atualizado em 30 de julho, 2012 - 05:31 (Brasília) 08:31 GMT
Quando o edifício mais alto do mundo foi inaugurado em 2010, seu nome foi mudado minutos antes de seu lançamento.
De Burj Dubai (Torre Dubai), o arranha-céu foi rebatizado de Burj Khalifa (Torre Khalifa), em homenagem à família real de Abu Dhabi, que havia concedido, naquela ocasião, um empréstimo de US$ 20 bilhões (R$ 40 bilhões) ao emirado considerado por muitos como a "Nova York do Oriente Médio".
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A inauguração deste edifício de 828 metros de altura, com um hotel Armani, 900 luxuosos apartamentos e 37 andares de escritórios, ocorreu apenas algumas semanas após a eclosão de uma crise financeira de grandes proporções no emirado árabe de Abu Dhabi.
Hoje, o hotel tem uma taxa de ocupação de quase 100%, principalmente de hóspedes vindos dos países ricos do Golfo Pérsico.
Em paralelo, centenas de turistas pagam mais de U$ 100 (R$ 200) para apreciar as vistas incríveis do deserto do alto do 124º andar.
Além disso, apesar do tão comentado colapso dos preços dos imóveis em Dubai, quase 80% dos apartamentos de luxo da torre foram vendidos e registraram uma valorização de 10% somente no ano passado.
Os escritórios, por outro lado, não tiveram tanta sorte.
A agência imobiliária Emmar não divulgou números oficiais, mas especialistas afirmam que, embora todos tenham sido vendidos durante os anos da bolha imobiliária, antes do final da construção da torre, quase dois terços dos escritórios, que, juntos, ocupam cerca de 20 andares, permanecem vazios.
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De acordo com Alan Robertson, diretor-executivo para Oriente Médio da consultoria imobiliária Jones Lang LaSalle, uma das razões para a baixa procura é o preço do aluguel. "O valor é o dobro do de um imóvel com as mesmas características a 50 metros dali", afirmou.
Ele acrescenta que, devido ao desenho da torre, o espaço do escritório é limitado. Além disso, para uma grande empresa se estabelecer no prédio, precisaria ocupar vários andares. Segundo Robertson, isso seria complicado, uma vez que cada andar pertence a um proprietário diferente.
Além disso, o especialista acredita que, para algumas empresas internacionais, como grandes bancos, não é conveniente montar sua sede no edifício.
"O Burj Khalifa é um ícone mundial, tem um endereço de prestígio e isso é fantástico. No entanto, esse não é o tipo de imagem que uma empresa multinacional de hoje deseja projetar", argumenta Robertson.
"Eles querem projetar uma imagem de racionalidade e sobriedade", acrescenta.
Alguns proprietários optaram em manter o espaço do escritório como um investimento a longo prazo ou simplesmente porque sabem que não têm chance de recuperar o dinheiro aplicado.
Por outro lado, outros estão tentando vender seus imóveis. No mês passado, um proprietário anônimo colocou seu escritório em um leilão nos EUA por um valor inicial de US$ 5,5 milhões (R$ 11 milhões).
O Grupo LFC, responsável pelas vendas, espera vender, no próximo ano, mais escritórios da torre.
No entanto, é improvável que os detalhes dessas operações sejam divulgados publicamente.
"Estamos falando de operações envolvendo grandes nomes que não querem divulgar os detalhes. É bem possível que os resultados nunca sejam conhecidos", disse William Lange, diretor-executivo do Grupo LFC.
Imóveis vazios
O problema em encontrar compradores para imóveis vazios não é exclusividade do Burj Khalifa.
De acordo com o último relatório da Jones Lang LaSalle, cerca de 35% da área total ocupada por escritórios em Dubai está vazia.
Para a empresa, existe uma disparidade em jogo: em uma parte do emirado, a demanda por espaços é elevada, enquanto outras partes são incapazes de atrair inquilinos ou compradores.
"Há uma quantidade razoável de pequenos e médios escritórios e um grande número de escritórios e áreas de má qualidade. Esse desequilíbrio acaba se tornando um impeditivo", afirmou.
A poucos metros do Burj Khalifa fica uma das propriedades citadas por Robertson.
Durante o boom da construção, agentes imobiliários prometeram que Dubai teria um bairro comercial e residencial "na escala de Manhattan", com mais de 80 torres.
Quando a crise chegou, no final de 2009, a construção começou a abrandar e em alguns casos, parou completamente.
Porém, de acordo com a Dubai Properties Group, a confiança está voltando aos mercados e isso significa que os megaprojetos, suspensos pela crise, serão retomados, incluindo as obras no distrito conhecido como Business Bay.
O Bank of America Merrill Lynch também é otimista quanto à recuperação do setor imobiliário de Dubai.
A instituição financeira prevê que a população de Dubai pode dobrar na próxima década com a criação de novos empregos, o que geraria um aumento na demanda por imóveis comerciais e residenciais.
Mesmo assim, isso não teria impacto sobre o Burj Khalifa, de acordo com Robertson.
"Esta torre interessa somente para um tipo específico de negócio", explica ele. "Ela atrai o tipo de empresa que quer mostrar ao resto do mundo que tem um escritório lá”, explica.
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